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Opinião

- Publicada em 10 de Junho de 2018 às 23:50

Alta do dólar reflete mais os problemas internos

Há alguns anos, era comum, quando os dois países andavam em águas econômicas e financeiras para lá de turvas, que muitos afirmassem, em tom de blague, que o Brasil era a Argentina amanhã, em meio às agruras vividas por ambos. A máxima valia também para a frase ao contrário, a Argentina seria o Brasil, desorganizado financeiramente, nos próximos dias.
Há alguns anos, era comum, quando os dois países andavam em águas econômicas e financeiras para lá de turvas, que muitos afirmassem, em tom de blague, que o Brasil era a Argentina amanhã, em meio às agruras vividas por ambos. A máxima valia também para a frase ao contrário, a Argentina seria o Brasil, desorganizado financeiramente, nos próximos dias.
Os anos passaram e, na atualidade, é a Argentina que conseguiu aporte de US$ 50 bilhões, em três anos, para equilibrar suas contas externas, graças ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas o Brasil também não está bem, seja em termos financeiros, socioeconômicos e mesmo políticos, com um cenário das eleições de outubro totalmente ainda imprevisível. Com isso, houve a disparada do dólar, eis que a moeda dos Estados Unidos andou rondando os R$ 4,00. Mas, houve queda forte na sexta-feira.
A maioria dos analistas financeiros concorda em que a alta desenfreada do dólar nos últimos dias foi motivada pelo desfecho confuso - valor dos fretes incluso - que teve a greve dos caminhoneiros, associado ao retrocesso da economia e às dúvidas sobre o rumo da política econômica após as eleições.
Dessa maneira e com o medo de uma tempestade perfeita no horizonte, o temor dos investidores é que o quadro eleitoral que vem se desenhando nas pesquisas - sem um candidato de centro no segundo turno - seja confirmado. As pesquisas eleitorais apontam para um segundo turno com dois extremos, um de direita e outro de esquerda, ainda segundo os analistas. E isso é algo a que o investidor, principalmente o externo, tem forte rejeição.
Além disso, condições financeiras internacionais, que foram favoráveis ao Brasil por anos, não existem mais, pioraram em 2018 e ainda não se estabilizaram.
A partir daí, o que houve de piora está ligado ao ambiente doméstico, com destaque para a paralisação dos caminhoneiros. Dessa maneira, ainda segundo cientistas políticos e financeiros, no momento em que é percebido que existe uma espécie de identificação de um governo impopular com uma agenda de reformas, os eleitores tendem a rejeitar candidatos que falem de reformas sem clareza. É isso o que o mercado está vivendo agora. Está caindo a ficha, no termo popular.
Embora o cenário atual remeta aos meses que antecederam as eleições de 2002, quando o dólar atingiu o patamar de R$ 3,99, acredita-se que o movimento de saída dos investidores guarda diferenças importantes com o que se viu naquele ano. Naqueles dias, as contas externas brasileiras eram ruins, além de as empresas estarem mais endividadas em dólar. Havia em 2002 uma espiral que realimentava a crise.
Hoje, esse cenário está reduzido, mas ainda pessimista. Com o ambiente fiscal ruim, cresce a expectativa por um candidato com perfil mais reformista. Porém, com um colchão de reservas de US$ 380 bilhões, o Banco Central promete colocar US$ 20 bilhões no mercado nesta semana, para segurar a volatilidade da moeda estadunidense.
Por isso, com as incertezas e as confusões do governo na questão dos fretes rodoviários, e as acusações diversas, a volatilidade da moeda norte-americana deve aumentar até as eleições de outubro. Até algumas semanas, essa oscilação exprimia muito a turbulência internacional. Agora, mais os problemas internos, com uma percepção crescente do mercado de que talvez não exista um candidato de centro que seja viável. Portanto, somente quando as candidaturas estiverem postas oficialmente, será possível analisar e projetar um cenário mais concreto para outubro. Até lá, incertezas.
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