Empreender com criatividade: desafio e solução

Luiz Carlos Bohn

Ao longo da primeira década dos anos de 2000, o Brasil experimentou um período de crescimento econômico intenso, com controle inflacionário e desocupação em queda. Tal cenário propiciou o aumento expressivo do percentual de empreendedores por oportunidade, isto é, aqueles que escolhem empreender por perceber um espaço de mercado capaz de garantir um aumento de renda pessoal além da possibilidade de uma maior realização profissional.

Ainda que a maioria dos novos empreendimentos aconteça em setores tradicionais da economia, tornou-se cada vez mais notável, especialmente entre os empreendedores mais jovens, a incorporação de novidades, seja no layout de lojas, seja na relação com os clientes e funcionários, mas, principalmente, na forma de apresentar produtos e serviços. Os "espaços de coworking", os "food trucks" e as "paleterias" são exemplos recentes de uma geração de empreendedores que fez releituras de produtos e serviços tradicionais, e, com isso, vivenciou o sucesso.

Mesmo que tenham ocorrido avanços, o excesso de legislação (ou a falta dela), a elevada carga tributária, o crédito caro, a infraestrutura inadequada e insuficiente, a escassez de pessoal qualificado e a falta de uma educação empreendedora no País, são aspectos que fazem com que muitas ideias não passem do campo das intenções. No entanto, se os limitadores são muitos, as oportunidades, sem dúvida, também. O povo brasileiro é receptivo à inovação.

A população jovem, com muito mais acesso à educação comparativamente às gerações anteriores, assimila facilmente tecnologia e se mostra ávida por experimentar o novo. Além disso, mostra-se aberta a consumir bens e serviços que compartilhem de uma visão de mundo mais semelhante à sua. Nesse sentido, negócios que levarem em consideração aspectos relacionados a preservação ambiental, responsabilidade social, saúde e bem-estar e que estiverem dispostos a conversar de forma contínua com seu consumidor, sempre terão boa receptividade. Ser criativo no ato de empreender é condição essencial num ambiente econômico de concorrência cada vez mais acirrada, e junto a um fluxo de caixa equilibrado e uma logística possível formam a tríade presente em todas as experiências de sucesso.