As tropas russas destruíram na segunda-feira (13) todas as três pontes que ligavam a cidade de Severodonetsk ao restante da Ucrânia, deixando cerca de 15 mil civis completamente acuados e impedidos de escapar do conflito. Apesar da ofensiva, o governador da província de Luhansk, Serguei Gaidai, afirmou que a Rússia não havia "capturado completamente" a cidade e "30% dela" ainda estava sob controle das forças ucranianas.
Os bombardeios russos se concentram em uma zona industrial da cidade. A Rússia tem usado a superioridade de sua artilharia para ditar o ritmo do conflito na região de Donbass. Gaidai afirmou que os disparos estão destruindo Severodonetsk "quarteirão por quarteirão". Ele classificou a situação como "extremamente difícil", após a destruição das pontes. Há três semanas, uma outra ponte já havia sido destruída pelos russos.
Com isso, cresce o temor de que uma situação similar à da usina siderúrgica Azovstal, em Mariupol, possa se repetir, com civis e militares sendo bombardeados de forma incessante em um cerco prolongado. Nesta terça-feira (14), o Ministério da Defesa da Rússia anunciou que irá abrir um corredor humanitário na cidade de Severodonetsk e que ofertará às forças ucranianas a opção da rendição nesta quarta-feira.
Os separatistas pró-Rússia que lutam na região afirmaram que as últimas divisões ucranianas em Severodonetsk estavam "isoladas", após a destruição da última ponte. O porta-voz da República Popular de Donetsk - um dos estados reconhecidos pela Rússia no começo da invasão - afirmou que a única saída para os ucranianos é a rendição. "Eles têm duas possibilidades: render-se ou morrer", disse Eduard Basurin, porta-voz dos separatistas.
Donbass é o epicentro nas últimas duas semanas
A região do Donbass se tornou o epicentro da guerra nas últimas semanas, desde a vitória russa na cidade portuária de Mariupol e do sucesso ucraniano em defender posições no norte e nordeste do país. Uma vitória em Severodonestk e Lisichansk aproximaria a Rússia de um dos objetivos da invasão, que era a "libertação" da região.
A conquista também abriria o caminho para que as tropas da Rússia cheguem a outra grande cidade, Kramatorsk, uma etapa importante para conquistar toda a região de fronteira, reclamada por separatistas pró-Rússia desde 2014.
Um relatório de inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido divulgado na segunda-feira afirmou que operações de travessia de rios, provavelmente, serão fatores determinantes nos próximos meses, já que tanto Rússia quanto Ucrânia têm implodido pontes - no caso de Kiev, para dificultar a passagem das tropas russas.
"O principal setor de 90 quilômetros da linha de frente da Rússia em Donbass fica a oeste do rio Donetsk. Para alcançar o sucesso na atual fase de sua ofensiva, a Rússia terá de concluir ações de flanco ambiciosas ou realizar travessias do rio", aponta o relatório, acrescentando que "a Rússia tem lutado para por em prática a complexa coordenação necessária para realizar travessias fluviais bem-sucedidas e em larga escala sob fogo".