Relatório divulgado nesta semana pelo FBI, a polícia federal norte-americana, mostra que o número de incidentes provocados por atiradores dobrou nos Estados Unidos nos últimos três anos. O documento registra que, em 2018, foram contabilizadas 30 ações perpetradas por um ou mais indivíduos com a intenção de matar em áreas populosas. Em 2021, esse número chegou a 61.
A velocidade de crescimento dos episódios também subiu. Em 2019, a cifra se manteve estável em relação ao ano anterior, em 30 casos - em 2017, foram 31 -, mas subiu para 40 em 2020, aumento de 33%. Na sequência, houve um salto de 52,5% nos registros em 2021, de acordo com o relatório do FBI.
Além do número geral, outros dados indicam piora. Em 2020, os 40 incidentes ocorreram em 19 estados norte-americanos. Já as 61 ações de 2021 se espalharam em 30 regiões dos EUA. A cifra de mortos e feridos também cresceu: de 38 mortes e 126 ferimentos há dois anos para 103 e 140 no ano passado.
Para enquadrar os episódios presentes no relatório como incidentes provocados por atiradores, o FBI só considerou os casos nos quais os tiroteios ocorreram em locais públicos e em mais de um lugar. Os episódios, que resultaram em mortes em massa, também não poderiam ter conexão com outros crimes.
Outros aspectos levados em conta foram a aparente motivação espontânea do agressor, a metodologia para escolher as vítimas e se os alvos eram pessoas. Assim, foram excluídos os casos de autodefesa, os ligados à violência gerada por gangues ou disputa por drogas ou os oriundos de problemas domésticos.
O ataque no Sul do Texas foi o mais mortal desde que 14 adolescentes e três adultos foram assassinados em uma escola de ensino médio em Parkland, Flórida, em 2018, e o pior em uma escola primária desde o massacre em Sandy Hook, Connecticut, em 2012, onde 20 crianças e seis funcionários foram assassinados.
Ao visitar o local do massacre, o presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, pediu união para combater o "veneno da supremacia branca". Ele classificou o caso de terrorismo doméstico e afirmou que "o ódio não vai prevalecer". "A supremacia branca não dará a palavra final. Foi um ataque racista, transmitido ao vivo para o mundo. O que aconteceu aqui foi terrorismo, terrorismo doméstico."
O relatório do FBI não oferece interpretações para os dados, não traz a classificação racial das vítimas nem indica quais as motivações que levaram à ocorrência dos incidentes.