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Internacional

- Publicada em 07 de Dezembro de 2021 às 19:04

França prende suspeito de participar do assassinato de jornalista saudita

Khashoggi foi esquartejado na embaixada saudita na Turquia, mas até hoje seus restos mortais não foram encontrados

Khashoggi foi esquartejado na embaixada saudita na Turquia, mas até hoje seus restos mortais não foram encontrados


MOHAMMED AL-SHAIKH/AFP/JC
A polícia francesa prendeu, nesta terça-feira (7), um dos suspeitos de participar do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, crítico do regime do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. Segundo fontes contaram à agência de notícias Reuters, Khaled Aedh Al-Otaibi - ex-guarda real da Arábia Saudita - foi detido no aeroporto Roissy, perto de Paris, momentos antes de embarcar para Riad, capital do país árabe.
A polícia francesa prendeu, nesta terça-feira (7), um dos suspeitos de participar do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, crítico do regime do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. Segundo fontes contaram à agência de notícias Reuters, Khaled Aedh Al-Otaibi - ex-guarda real da Arábia Saudita - foi detido no aeroporto Roissy, perto de Paris, momentos antes de embarcar para Riad, capital do país árabe.
Acredita-se que o assassinato tenha ocorrido em 2 de outubro de 2018, última vez que o jornalista foi visto, dentro da embaixada da Arábia Saudita em Istambul. Na ocasião, Khashoggi foi esquartejado, mas até hoje seus restos mortais não foram encontrados.
A prisão ocorrida nesta terça tem como base um mandado emitido pela Turquia em 2019 e, a partir de agora, promotores franceses devem iniciar um processo de extradição do suspeito. Ainda não está claro como ou quando ele chegou à França.
Al-Otaibi também já era alvo de sanções do Reino Unido, que o acusa de fazer "parte da equipe de 15 homens enviada à Turquia pelas autoridades sauditas", diz um relatório do governo britânico. De acordo com o mesmo documento, o suspeito esteve envolvido na ocultação de provas na residência do cônsul-geral saudita.
Um relatório da CIA, a agência de inteligência norte-americana, concluiu, cerca de um mês depois do assassinato que a morte foi ordenada por Bin Salman, mas a procuradoria-geral saudita negou o envolvimento do líder e culpou um grupo de agentes enviados a Istambul para repatriar Khashoggi.
A operação teria então saído do controle quando o jornalista foi amarrado e recebeu uma injeção com grande quantidade de uma droga que lhe causou overdose. Khashoggi estava ali para pegar documentos necessários para seu casamento com uma mulher turca.
Segundo a CIA, o irmão do príncipe Khalid bin Salman, embaixador saudita nos EUA, ligou para o jornalista dias antes e o aconselhou a ir ao consulado em Istambul para pegar os documentos, dando a ele garantias de que estaria seguro.
Não está claro se Khalid sabia do plano para matar Khashoggi, mas a ligação teria sido ordenada por Bin Salman. "Não há como isso (o assassinato) ter acontecido sem ele estar consciente ou envolvido", disse uma autoridade norte-americana à época sobre o príncipe saudita.
A prisão desta terça ocorre três dias depois de o presidente francês Emmanuel Macron se reunir, na Arábia Saudita, com Bin Salman. O encontro foi apontado pela Reuters como o primeiro em terras sauditas envolvendo grandes líderes ocidentais, desde o assassinato de Khashoggi.
O presidente Jair Bolsonaro já havia visitado o país em outubro de 2019, quando se reuniu com o príncipe saudita. Na ocasião, o brasileiro afirmou ter muita "afinidade" com Bin Salman.
Macron rejeitou na semana passada acusações de que estaria legitimando o príncipe herdeiro e disse que as diversas crises da região não poderiam ser resolvidas ignorando a Arábia Saudita. A França é um dos principais fornecedores de armas do país árabe, mas tem enfrentado pressão para rever suas vendas devido à coalizão liderada pelos sauditas que luta contra rebeldes apoiados pelo Irã no Iêmen - guerra que deu origem a uma das piores crises humanitárias do mundo.
Procurados pela Reuters, o Ministério do Interior francês e a embaixada saudita em Paris não quiseram comentar a prisão desta terça. Já uma autoridade saudita disse que a prisão é "um caso de identidade trocada".
A organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras comemorou a detenção do suspeito. "Excelente notícia de que a polícia francesa não fez vista grossa à presença de Khaled Al-Otaibi", disse o diretor-geral da instituição, Christophe Deloire.
A noiva de Khashoggi, Hatice Cengiz, também celebrou a notícia e pediu o julgamento do suspeito em território francês ou a extradição "para um país capaz e disposto a, genuinamente, investigá-lo e processá-lo, bem como a pessoa que deu a ordem" para o assassinato.
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