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Internacional

- Publicada em 17 de Outubro de 2021 às 20:32

Pacto militar contra Turquia ameaça a Otan

Secretário-Geral do pacto, Jens Stoltenberg, criticou acordo bilateral

Secretário-Geral do pacto, Jens Stoltenberg, criticou acordo bilateral


KENZO TRIBOUILLARD/AFP/JC
Criada em 1949 para unificar a defesa da Europa sob o comando dos Estados Unidos contra a União Soviética, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) agora luta não só para tentar se redefinir no ambiente multipolar do século XXI, mas também contra uma grande ameaça interna.
Criada em 1949 para unificar a defesa da Europa sob o comando dos Estados Unidos contra a União Soviética, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) agora luta não só para tentar se redefinir no ambiente multipolar do século XXI, mas também contra uma grande ameaça interna.
Trata-se do inédito acordo militar entre dois de seus 30 membros, França e Grécia. Segundo o texto, costurado em setembro e ratificado na semana retrasada, os países se comprometem à defesa mútua em caso de ataque externo.
Até aí, o artigo 5º da carta de fundação da Otan prevê o mesmo - só que contra inimigos externos ao bloco. No novo pacto, a defesa vale também contra ataques dentro do clube militar. O foco tem nome e sobrenome: a Turquia do presidente Recep Tayyip Erdogan, o estratégico membro da Otan com um pé no Oriente Médio.
A rivalidade entre Ancara e Atenas é histórica e com um fundo religioso e cultural - os países já travaram quatro guerras desde que a Grécia deixou o Império Otomano em 1830 e dividem a ilha de Chipre em zonas de influência. O mais novo ponto contencioso é a riqueza em óleo e gás no subsolo da plataforma continental que dividem no Mediterrâneo.
Em agosto do ano passado, a prospecção turca de áreas de hidrocarbonetos quase levou os rivais às vias de fato. No mês passado, um navio de guerra turco ameaçou afundar uma embarcação maltesa que estudava a rota marinha do East Med, um gasoduto que ligará Israel a Chipre e à Grécia.
"Se formos atacados, teremos ao nosso lado a mais potente força armada do continente, a única potência nuclear europeia", disse o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, na sessão do Parlamento que ratificou o acordo no dia 7. Não por acaso, ele omitiu a outra potência atômica da Otan, o Reino Unido, que deixou a União Europeia em 2020.
Ao mesmo tempo, Paris fez questão de demonstrar que ainda está no jogo maior: na quarta-feira passada, enviou pela primeira vez em anos um navio para cruzar o estreito de Taiwan, sinal de apoio à ilha que Pequim considera sua e ameaça militarmente o tempo todo.
No escopo do pacto, a Grécia fechou um pacote de US$ 7,5 bilhões (R$ 41 bilhões, no câmbio de sexta, 15) para comprar 24 caças Rafale, 4 corvetas e 4 fragatas, além de mísseis.
O comando da Otan não gostou. "O que eu não acredito é no esforço de fazer algo fora do arcabouço da Otan, ou competindo ou duplicando a Otan, porque a aliança continua sendo a pedra fundamental da segurança europeia e norte-americana", afirmou o secretário-geral, Jens Stoltenberg, no dia 7. Na prática, contudo, ele pouco pôde fazer. Com o foco norte-americano pós-retirada do Afeganistão quase todo na Ásia, a exposição da Europa ao maior atrito com a Rússia e fissuras internas sérias, a própria ideia de aliança ocidental fica desafiada.
 
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