O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, advertiu Estados Unidos e China nesta terça-feira (21), contra uma maior degradação do mundo já "à beira do precipício", conclamando os dois países ao "diálogo" e ao "entendimento", na abertura da Assembleia-Geral da ONU.
"É uma receita para problemas. Seria muito menos previsível do que a Guerra Fria. Para restaurar a confiança e inspirar esperança, precisamos de cooperação", defendeu o chefe da ONU a uma audiência de líderes mundiais, incluindo o presidente norte-americano, Joe Biden, que escolheu ir a Nova York, apesar da pandemia de Covid-19.
No último ano de seu primeiro mandato à frente da ONU e se preparando para iniciar um novo em janeiro, Guterres já havia alertado em 2018 (divisão "sino-americana"), em 2019 ("a grande divisão") e em 2020 (uma "nova Guerra Fria") sobre o risco de um mundo bipolar preso às tensões sino-americanas.
"Estamos enfrentando a maior cascata de crises da nossa vida. Temo que nosso mundo esteja caminhando para dois conjuntos diferentes de regras econômicas, comerciais, financeiras e tecnológicas, duas abordagens divergentes no desenvolvimento da Inteligência Artificial - e, em última análise, duas estratégias militares e geopolíticas diferentes", comentou nesta terça.
Referindo-se a Pequim e Washington, Guterres foi ainda mais direto. "As divisões geopolíticas minam a cooperação internacional e limitam a capacidade do Conselho de Segurança de tomar as decisões necessárias. Ao mesmo tempo, será impossível enfrentar os dramáticos desafios econômicos e de desenvolvimento, enquanto as duas maiores economias do mundo estão em desacordo."