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Internacional

- Publicada em 03 de Julho de 2021 às 08:41

Para especialista em Ciência Política no Peru, tenta-se 'manchar as eleições' de todas as formas

Keiko não aceita o resultado das urnas, que deu a vitória a Pedro Castillo (d), da esquerda radical Peru Livre

Keiko não aceita o resultado das urnas, que deu a vitória a Pedro Castillo (d), da esquerda radical Peru Livre


Sebastian CASTANEDA/Pool//AFP/JC
A notícia de que o ex-chefe de Inteligência do Peru durante o governo de Alberto Fujimori, Vladimiro Montesinos, atualmente preso em uma base naval, tentou subornar juízes eleitorais para favorecer Keiko Fujimori nas eleições presidenciais deste ano deixou os peruanos surpresos.
A notícia de que o ex-chefe de Inteligência do Peru durante o governo de Alberto Fujimori, Vladimiro Montesinos, atualmente preso em uma base naval, tentou subornar juízes eleitorais para favorecer Keiko Fujimori nas eleições presidenciais deste ano deixou os peruanos surpresos.
Keiko não aceita o resultado das urnas, que deu a vitória a Pedro Castillo, da esquerda radical Peru Livre, com uma diferença de apenas 44.058 votos (0,25%). Segundo o Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE), ele obteve 50,125% dos votos válidos, contra 49,875% dela.
Montesinos foi assessor presidencial de segurança entre 1990 e 2000, em um período marcado por corrupção e violação de direitos humanos. Ele está preso desde 2001, cumprindo uma pena de 25 anos pela tortura e morte de um professor e dois estudantes no prédio da agência de inteligência do Peru - os corpos foram queimados no porão do edifício -, além de corrupção, tráfico de drogas e tráfico de armas.
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Montesinos trabalhou no governo de Alberto Fujimori da década de 1990 e, hoje, está preso. Foto: JAIME RAZURI/AFP/JC
O retorno de Montesinos aos noticiários justamente em um momento de contestação da eleição, segundo o professor de Ciências Políticas da Universidade Católica do Peru Arturo Maldonado, é mais um elemento que colabora com a imagem e a percepção de que houve irregularidades no processo. Entrevista ao Estadão, o doutor pela Universidade Vanderbilt, no EUA, explica um pouco mais a situação.
Qual foi a reação da sociedade peruana aos áudios de Montesinos?
Maldonado - A primeira reação da sociedade aos áudios e à participação de Vladimiro Montesinos foi de surpresa. Mesmo 20 anos depois da queda do regime de Fujimori e da divulgação dos vídeos originais em que ele aparece subornando políticos, impressiona que, de dentro de uma prisão de segurança máxima, ele ainda tenha algum papel na vida política nacional. A reação política, no entanto, variou de acordo com o lado da polarização. Entre os apoiadores de (Pedro) Castillo, a esquerda e o antifujimorismo, a narrativa é de que Montesinos tentou favorecer a campanha de Keiko Fujimori de forma corrupta, ao mesmo tempo em que deslegitimou o entorno da campanha, por não terem tido sucesso em seus pedidos à Justiça. No lado de Keiko, as reações são mais discretas e, em geral, afirmam que os áudios seriam falsos.
Por que o tema não reverberou com mais intensidade na sociedade peruana?
Maldonado - Estão ocorrendo tantas coisas em paralelo no Peru que é difícil manter a atenção em apenas um tema. A situação de Montesinos foi destaque por um par de dias, mas agora já existem outras coisas, como um pedido do Força Popular (partido de Keiko Fujimori) para que a OEA (Organização dos Estados Americanos) interfira no resultado da eleição. Outra questão que foi levantada é que os áudios fazem parecer que Montesinos teria mais poder do que ele tem. Montesinos fala sobre subornar as autoridades, fala como fazer. Mas afirmar que mediante o contato de Montesinos se conseguiu algum resultado, é diferente.
O que acontece a partir de agora? Afeta de alguma maneira a credibilidade das eleições? Há implicações legais?
Maldonado - É uma peça a mais nesta engrenagem que claramente afetou a integridade das eleições peruanas. Em múltiplas frentes se tentou manchar o processo e creio que esse é um elemento a mais que colabora com essa imagem e percepção de que houve irregularidades. É um efeito que se forma em conjunto com outros fatores. E, certamente, também haverá implicações legais. Não apenas para o preso (Montesinos), que deve perder esse privilégio de poder ligar para qualquer pessoa de dentro de uma prisão de segurança máxima, como também para o sistema prisional e para as forças armadas, que terão de apurar as responsabilidades pelo que se passou.
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