Uma nova carta assinada por militares franceses causou repercussão na França, com os oficiais, que escreveram o texto sob anonimato, sugerindo que uma "guerra civil está se formando", e clamando pela "sobrevivência" francesa. O texto tem mais de 160 mil assinaturas, e vem após documento semelhante no mês passado, condenado pelo governo de Emmanuel Macron, a quem é destinado.
O texto foi divulgado pela revista de direita Valeurs Actuelles, a mesma em que saiu uma primeira carta de teor semelhante, assinada por generais aposentados e militares da ativa, que ameaçavam com intervenção. Eles serão processados por isso, segundo o Estado-Maior das Forças Armadas.
Os autores do novo texto se descrevem como representantes da nova geração de militares. "Somos homens e mulheres, soldados ativos, de todas as Forças e de todas as classes, de todas as sensibilidades. (...) E se não podemos, por lei, nos expressar com o rosto descoberto, é igualmente impossível ficarmos calados", escrevem.
A carta faz críticas a supostas concessões ao islamismo e afirma que no "Afeganistão, Mali, República Centro-Africana ou em qualquer outro lugar, vários de nós sofreram fogo inimigo. Alguns deixaram camaradas lá", enquanto Macron estaria cedendo "no próprio solo".
O texto também acusa o "comunitarismo", e diz que "vemos o ódio pela França e sua história se tornando a norma". Assim, os militares alertam sobre uma "insurreição civil", tendo em vista o declínio francês, algo que alegam "terem visto em outros lugares".
"Covardia, engano, perversão: esta não é a nossa visão da hierarquia. (...) Sim, a guerra civil está se formando na França, e você sabe disso perfeitamente bem", escrevem, dirigindo-se ao presidente francês e a seus ministros. A introdução à carta afirma que seu objetivo "não é minar as instituições, mas alertar as pessoas para a gravidade da situação". A publicação está aberta a assinaturas no portal desde a noite de domingo (9). Houve repercussão em veículos como BBC e Guardian, que destacaram as ameaças de conflitos no país.
A nova investida contra Macron - e a comunidade islâmica, segundo ativistas - acontece num momento em que crescem as intenções de voto em Marine Le Pen para a eleição presidencial do ano que vem, e a maioria da população reprova o desempenho do governo no combate à violência.