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Relações Internacionais

- Publicada em 21 de Abril de 2021 às 20:49

Cúpula do clima é importante teste na relação Brasil-EUA

Presidente dos EUA será o comandante do evento virtual desta quinta

Presidente dos EUA será o comandante do evento virtual desta quinta


/Doug Mills-Pool/Getty Images/AFP/JC
A Cúpula de Líderes sobre o Clima, organizada pelos Estados Unidos e comandada pelo presidente Joe Biden, terá duração de dois dias a partir desta quinta-feira (22). O evento virtual, no qual estão confirmados ao menos 40 líderes, é visto como o mais importante teste das relações entre Brasil e EUA desde que Biden assumiu a Casa Branca, em janeiro. Mas também é um teste para o brasileiro Jair Bolsonaro.
A Cúpula de Líderes sobre o Clima, organizada pelos Estados Unidos e comandada pelo presidente Joe Biden, terá duração de dois dias a partir desta quinta-feira (22). O evento virtual, no qual estão confirmados ao menos 40 líderes, é visto como o mais importante teste das relações entre Brasil e EUA desde que Biden assumiu a Casa Branca, em janeiro. Mas também é um teste para o brasileiro Jair Bolsonaro.
Bolsonaro enviou uma carta ao homólogo, na qual se compromete em acabar com o desmatamento ilegal até 2030 - meta que consta no Acordo de Paris. Ainda que o compromisso já existisse, o governo norte-americano considerou importante o sinal enviado pelo brasileiro. Em seu discurso, Bolsonaro terá menos de cinco minutos para tentar desfazer a imagem de um chefe de Estado descompromissado com a preservação do meio ambiente e, particularmente, da Amazônia.
Como apenas palavras não bastam, o governo Biden quer saber como o Brasil pretende atingir o fim do desmatamento ilegal até 2030. Eles esperam uma estratégia clara que mostre ações de curto prazo, preferencialmente ainda em 2021.
Uma das primeiras ações de Biden como presidente foi justamente recolocar os EUA no Acordo de Paris. Na cúpula que começa nesta quinta, o presidente tentará convencer outras nações a aumentarem os compromissos assumidos há seis anos na França. A intenção é que isso seja feito antes da COP-26, conferência climática da ONU que acontecerá em novembro, em Glasgow, na Escócia.

Políticos e artistas pedem pressão sobre Bolsonaro

Às vésperas da cúpula, Joe Biden foi bombardeado por cartas de governadores, ex-ministros, artistas brasileiros, norte-americanos e britânicos que pedem o endurecimento da posição da Casa Branca com Jair Bolsonaro na área ambiental.
Só na terça-feira (20) foram três cartas: uma de 23 governadores brasileiros, outra de ex-ministros dos governos de Fernando Henrique Cardoso e de Luiz Inácio Lula da Silva, assinada também por sociólogos, cientistas políticos, economistas e professores, e uma terceira enviada por artistas brasileiros, norte-americanos e britânicos.
Na carta dos governadores, eles se colocam como porta de entrada para compartilhar ações de combate ao desmatamento e redução de emissões de gases estufa e afirmam que podem "contribuir com a captura de emissões globais". Apenas Carlos Moisés (SC), Coronel Marcos Rocha (RO), Antonio Denarium (RR) e Ibaneis Rocha (DF) não assinaram o documento.
Em outra carta a Biden, membros da Comissão Arns de Direitos Humanos ressaltaram o protagonismo que o Brasil já teve em medidas de proteção ambiental, mas lamentaram que essas conquistas têm se revertido em prejuízos com Bolsonaro. "No plano da ação, o governo vem enfraquecendo sistematicamente os órgãos de gestão ambiental", diz a carta, firmada por ex-ministros, advogados, professores, lideranças indígenas e especialistas em meio ambiente.
Biden também recebeu críticas a Bolsonaro enviadas por artistas. O documento foi assinado por 35 personalidades, incluindo os atores Alec Baldwin, Joaquin Phoenix, Leonardo DiCaprio, Jane Fonda e os cantores Roger Waters e Katy Perry. Do lado brasileiro, firmaram a carta Caetano Veloso, Fernando Meirelles, Walter Salles, Marisa Monte, Sônia Braga e Wagner Moura, entre outros artistas.
"Estamos preocupados que seu governo possa estar negociando um acordo para proteger a Amazônia com Bolsonaro neste momento", diz a mensagem. "Pedimos que o senhor (Biden) continue o diálogo com povos indígenas e comunidades tradicionais da Bacia Amazônica, com governos subnacionais e a sociedade civil antes de anunciar qualquer compromisso ou liberar qualquer fundo", conclui o texto.
Desde que assumiu, Biden vem sendo intimado a endurecer as negociações com Bolsonaro - e grande parte da pressão vem por meio de cartas. Em abril, cerca de 200 ONGs ligadas ao meio ambiente enviaram uma mensagem a ele com críticas às negociações feitas "a portas fechadas" com o Brasil sobre a Amazônia. 
Já Bolsonaro recebeu, há duas semanas, uma carta da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, movimento que reúne mais de 280 empresas e instituições representantes do agronegócio, meio ambiente, setor financeiro e academia, cobrando metas mais ambiciosas. O entendimento é de que houve "redução no nível de ambição" e isso torna o País menos atraente para investimentos. "O Brasil só vai receber apoio e parcerias externas por esforços de mitigação como contrapartida a avanços efetivos na agenda climática", escreveram. O Palácio do Planalto ainda não se manifestou.