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Internacional

- Publicada em 22 de Março de 2021 às 21:30

Maduro culpa cepa do Brasil pelo agravamento da pandemia na Venezuela e decreta quarentena radical

Caracas amanheceu nesta segunda-feira com mais presença policial, e postos de controle foram instalados em avenidas e rodovias para restringir a passagem

Caracas amanheceu nesta segunda-feira com mais presença policial, e postos de controle foram instalados em avenidas e rodovias para restringir a passagem


FEDERICO PARRA/AFP/JC
A Venezuela iniciou nesta segunda-feira (22) uma "quarentena radical", segundo termo usado pelo próprio presidente, Nicolás Maduro, para combater uma nova onda de casos de Covid-19. As novas medidas devem durar duas semanas, incluindo a Semana Santa. "Fazemos isso pela saúde da família, pela saúde do nosso povo", justificou o presidente, atribuindo o aumento dos casos à variante brasileira. No início da pandemia Maduro resistiu à quarentena.
A Venezuela iniciou nesta segunda-feira (22) uma "quarentena radical", segundo termo usado pelo próprio presidente, Nicolás Maduro, para combater uma nova onda de casos de Covid-19. As novas medidas devem durar duas semanas, incluindo a Semana Santa. "Fazemos isso pela saúde da família, pela saúde do nosso povo", justificou o presidente, atribuindo o aumento dos casos à variante brasileira. No início da pandemia Maduro resistiu à quarentena.
Entre as medidas estão a suspensão de voos domésticos, o adiamento das aulas presenciais e o aumento dos testes. O governo também criou um plano para desinfetar comunidades com grande número de doentes e veículos usados pelo transporte público.
Caracas amanheceu nesta segunda-feira com mais presença policial, e postos de controle foram instalados em avenidas e rodovias para restringir a passagem. Mas, apesar da "quarentena radical" de Maduro, as lojas e os estabelecimentos comerciais não essenciais continuaram abertos e as pessoas transitavam pelas ruas com relativa normalidade.
A determinação de Maduro vem em um momento de piora da pandemia no país. Pela primeira vez desde outubro, a Venezuela registrou mais de mil novos casos na semana passada. Este retorno ao "ponto zero", como qualificou Maduro, provoca preocupação em Caracas, que tem o maior número de casos ativos e onde vários hospitais e clínicas privadas já não têm leitos para atender os pacientes de Covid.
"Estamos diante da presença de uma segunda onda, sem dúvida, que tem como causa fundamental a chegada da variante brasileira ao nosso país", disse o presidente venezuelano. Ao se referir à cepa brasileira, Maduro também aproveitou para criticar a resposta de Jair Bolsonaro à pandemia, chamando o presidente brasileiro de "irresponsável". Nas palavras do chavista, o Brasil se tornou "a maior ameaça do mundo" em termos de saúde pública.

Críticas a Bolsonaro

"É alarmante. Eu diria que está angustiante ver os relatos de São Paulo, do Rio de Janeiro e de todo o Brasil, e a atitude irresponsável da direita trumpista brasileira. A atitude irresponsável de Jair Bolsonaro com o povo do Brasil", afirmou Maduro.
"O Brasil se tornou a maior ameaça do mundo em relação à pandemia do novo coronavírus, assim já reconhecem os especialistas de todo o mundo. O Brasil é uma ameaça para o mundo hoje. Por culpa de quem? De Jair Bolsonaro. Que em meio ao colapso, em vez de pedir ajuda aos distintos setores - científicos, médicos, políticos -, o que ele faz é confrontar, para que o povo não faça quarentena, para que o povo não use máscara. Uma loucura, de verdade. Algo que não tem nome."
Segundo o balanço da pandemia apresentado por Maduro, a Venezuela tem uma taxa de 27 casos ativos de Covid-19 para cada 100 mil habitantes. Segundo os dados mais recentes da Universidade Johns Hopkins, o país confirmou 817 novos casos no domingo, com 10 mortes.
Com cerca de 30 milhões de habitantes, a Venezuela registrou quase 150 mil infecções e 1.500 mortes por coronavírus, números questionados por ONGs, que relatam uma alta taxa de subnotificação. Enquanto em dezembro e janeiro o país registrava entre 200 e 500 novos casos por dia, em março esses números dispararam, superando a barreira dos 500 e chegando a 937, em 19 de março, e a 1.161, um dia depois.
A Venezuela estava intercalando uma semana "radical" - na qual se restringe a circulação e apenas comércios essenciais podem abrir - com uma "flexível", na qual é permitido sair. Maduro informou que "a ocupação nos leitos hospitalares está aumentando", sem fornecer números. Testemunhas falam que os hospitais públicos estão lotados.
No setor privado, a situação também é preocupante. "Hoje, temos ocupação completa no pavilhão de Covid", disse o doutor Herman Scholtz, presidente do Centro Médico Docente La Trinidad, uma das clínicas mais importantes de Caracas. "O aumento é exponencial. Das 11 clínicas privadas de Caracas, tivemos 100% de ocupação das UTIs. O número de pacientes aumentou e os casos são mais graves."
Em fevereiro, o governo lançou um plano de vacinação com vacinas russas e chinesas. O país também receberá 60 mil doses da vacina de Cuba, seu aliado mais próximo.
Apesar das críticas a Bolsonaro, Maduro e o presidente brasileiro já estiveram alinhados sobre a resposta à pandemia. Em maio, Maduro defendeu publicamente o uso de cloroquina - medicamento sem eficácia comprovada para a doença, também defendida por Bolsonaro. Antes, em outra recomendação, ele incentivou o consumo de uma mistura de ervas com mel e limão como forma de combater uma infecção de Covid-19.
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