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Internacional

- Publicada em 31 de Janeiro de 2021 às 20:11

Com números de coronavírus em queda, EUA vislumbra ponto de virada na crise sanitária

Embora ainda elevado, mas longe do pico de 6.489 vítimas de 15 de abril, houve uma queda de 5,9% na quantidade de mortes nas duas últimas semanas

Embora ainda elevado, mas longe do pico de 6.489 vítimas de 15 de abril, houve uma queda de 5,9% na quantidade de mortes nas duas últimas semanas


SPENCER PLATT/GETTY IMAGES/AFP/JC
Líder em mortes e infecções por Covid-19, os EUA parecem vislumbrar um ponto de virada na pandemia do coronavírus. Após um pico de hospitalizações, casos e mortes no início deste ano, os números dão sinais de que podem retroceder. Previsões publicadas pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), na última quinta-feira (28), mostram tendência de queda para os principais índices da Covid-19: casos, hospitalizações e mortes.
Líder em mortes e infecções por Covid-19, os EUA parecem vislumbrar um ponto de virada na pandemia do coronavírus. Após um pico de hospitalizações, casos e mortes no início deste ano, os números dão sinais de que podem retroceder. Previsões publicadas pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), na última quinta-feira (28), mostram tendência de queda para os principais índices da Covid-19: casos, hospitalizações e mortes.
O registro de novos casos por semana, embora elevado, já apresentou uma redução de 38,6% nas últimas três semanas. As infecções atingiram seu pico de 1,7 milhão no período entre 3 e 9 de janeiro, o mais alto patamar desde que o primeiro caso foi confirmado nos EUA - se comparado ao número do fim do verão no Hemisfério Norte (inverno no Brasil), o aumento foi de 602%.
O pico veio depois de dois saltos importantes nos índices, um no feriado de Ação de Graças nos EUA, em 26 de novembro, e outro no Natal. No primeiro, 14 dias após a celebração, os casos subiram 32,2% no acumulado entre 6 e 12 de dezembro. Já duas semanas após o segundo, houve mais um acréscimo, de 29%, no somatório de registros justamente no período entre 3 e 9 de janeiro.
A tendência apresentada pelo CDC agora, porém, é a de uma queda considerável. Com base em uma previsão elaborada a partir do estudo de 25 grupos modelo, estima-se uma diminuição de 38,2% entre o pico do início do mês e o acumulado da semana entre 14 e 20 de fevereiro.
A estimativa já dá sinais de se confirmar. O somatório de casos entre 24 e 30 de janeiro ficou em 1,04 milhão, abaixo da previsão de 1,22 milhão, publicada antes do encerramento do período. Se confirmada a tendência, o país volta ao mesmo patamar do começo de novembro, quando o início das temperaturas baixas colaborou com o recente surto, já que as pessoas passaram a se reunir em locais fechados.
Especialistas avaliam que diferentes fatores contribuem para a diminuição. Um deles é o término do período de alta de infecções devido às festas de fim de ano. "O período de viagens do qual o vírus se aproveitou está quase no fim", explicou à agência de notícias AFP Amesh Adalja, professor afiliado do departamento de Segurança Sanitária da Universidade Johns Hopkins.
A queda no número diários de testes, que retraiu 11% entre 18 e 29 de janeiro, segundo o New York Times, também pode acabar contribuindo, mas a taxa de positividade desses exames acompanhou a baixa, indicando que a contenção da propagação é real, afirma o jornal norte-americano.
Há ainda a questão do comportamento. Especialista em doenças infecciosas da Universidade da Flórida, Natalie Dean afirmou também à AFP que a população "entra em ação" quando o número de infecções aumenta em sua região. A prevenção, como o uso de máscaras e o distanciamento social, também tem um papel importante.
A professora assistente do Departamento de Bioestatísticas da instituição citou ainda os exemplos do próprio estado da Flórida e também do Texas e do Arizona como três lugares que não impuseram duras medidas restritivas para conter a propagação do vírus. Nesses locais, a transmissão só diminuiu após a adoção de "medidas políticas ou pequenas mudanças de atitude".
Já Brandon Brown, especialista em saúde pública da Universidade da Califórnia, aponta "a diminuição da desinformação" sobre a pandemia como outro motivo. Para ele, "é difícil negar a realidade dos mais de 400 mil óbitos" no país. Mais de 440 mil pessoas já morreram de Covid-19 nos EUA, que soma 2,2 milhões de infectados.
Se por um lado a população passa a ser mais cautelosa quando há um aumento nas infecções, o contrário, entretanto, ocorre quando os registros diminuem, alertam os especialistas. O fato é que o número de hospitalizações e de mortes acompanha a queda, apesar de o pico deste último ser mais recente - esses registros normalmente seguem a mesma tendência dos casos, mas com um certo atraso, já que o processo para confirmar uma fatalidade por coronavírus é mais demorado.
Embora ainda elevado, mas longe do pico de 6.489 vítimas de 15 de abril, houve uma queda de 5,9% na quantidade de mortes nas duas últimas semanas. O ápice do acumulado por semana foi alcançado no período entre 10 e 16 de janeiro, que somou 23,4 mil mortes.
A previsão do CDC aponta que os números seguirão uma tendência de baixa, podendo chegar a 18.790 novas mortes no acumulado entre 14 e 20 de fevereiro, ou 19,7% desde o pico em meados de janeiro, o mesmo patamar que na semana anterior ao Natal.
A estimativa, no entanto, ficou levemente abaixo do somatório entre 24 e 30 de janeiro. Foram 22.025 mortes no período, contra os 21.075 previstos, o que significa também um aumento de 2,3% em relação ao período anterior, entre 17 e 23 de janeiro.
Já a quantidade de novas hospitalizações viu uma queda pela segunda semana seguida, tendo diminuído 10% no período entre 20 e 27 de janeiro, segundo análise da plataforma Covid Tracking Project (Projeto de Acompanhamento da Covid).
A melhora nos números, segundo a iniciativa, reflete a diminuição das internações em quase todos os estados - o oposto do que ocorreu em novembro, quando o índice subia em quase todas as regiões ao mesmo tempo. Apenas Vermont apresentou um aumento no período, ainda assim de apenas 2%. É a primeira semana desde 5 de novembro que nenhum estado bateu recordes de pessoas internadas.
O país viu o pico desses números em 6 janeiro, com 132,4 mil pessoas em hospitais. Até sexta, a queda foi de 23,7%, de acordo com o Covid Tracking Project. Segundo previsão do CDC, as novas internações devem cair 32,2% até 22 de fevereiro.

Campanha de vacinação pode ter contribuído

Segundo o professor Adalja afirmou à AFP, a campanha de vacinação em lares de idosos provavelmente contribuiu para a queda nas hospitalizações e mortes. Os EUA começaram a aplicar os imunizantes em 14 de dezembro, dia em que registraram 206.033 casos, 110.573 internações e 1.766 mortes, números que seguiram crescendo. Até este sábado (30), 24 milhões de pessoas já haviam recebido ao menos a primeira dose da vacina no país.
O número ainda é baixo e corresponde a cerca de 7,2% da população - índice longe dos 85% necessários para alcançar a imunidade de rebanho. A campanha nos EUA sofreu críticas por estar caminhando a passos lentos, e o presidente Joe Biden corre contra o tempo para cumprir sua promessa de campanha de aplicar 100 milhões de vacinas em seus primeiros cem dias no cargo.
Apesar de os números parecerem apresentar boas novas, o democrata afirmou, no dia seguinte à sua posse, que a pandemia estava longe de acabar no país e que o total de norte-americanos mortos pela doença deve chegar a 500 mil em fevereiro.
Diferentes preocupações ainda cercam a questão do coronavírus no país. Jeffrey Seman, epidemiologista da Universidade de Columbia, disse à AFP que teme que a adoção de medidas preventivas caia na primavera (outono no Brasil), quando o deslocamento da população deve aumentar novamente.
Também há as mutações do vírus, já encontradas no Brasil, na África do Sul e no Reino Unido e que levaram ao endurecimento de restrições a deslocamentos de pessoas desses países. Pouco se sabe se as vacinas já existentes, desenvolvidas em tempo recorde, serão eficazes contra essas variantes, mais infecciosas.
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