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Internacional

- Publicada em 24 de Janeiro de 2021 às 20:01

Biden deve cobrar do Brasil ações sobre meio ambiente

Negacionismo climático de Trump deve dar lugar à cobranças por parte do novo governo

Negacionismo climático de Trump deve dar lugar à cobranças por parte do novo governo


NICHOLAS KAMM/AFP/JC
O aceno ao novo governo norte-americano por meio da carta enviada pelo presidente Jair Bolsonaro a Joe Biden, na quarta-feira passada, dia em que ele tomou posse, ainda é insuficiente para promover as relações entre os dois países com a Casa Branca sob nova direção. Especialistas dizem acreditar que o Brasil precisará adotar mudanças mais concretas se quiser se alinhar ao governo do democrata.
O aceno ao novo governo norte-americano por meio da carta enviada pelo presidente Jair Bolsonaro a Joe Biden, na quarta-feira passada, dia em que ele tomou posse, ainda é insuficiente para promover as relações entre os dois países com a Casa Branca sob nova direção. Especialistas dizem acreditar que o Brasil precisará adotar mudanças mais concretas se quiser se alinhar ao governo do democrata.
"A carta foi importante e necessária. Mostra que o governo Bolsonaro entendeu que Joe Biden é o presidente dos Estados Unidos. É um movimento bom, mas demorou", afirma Tom Shannon, que foi embaixador dos EUA no Brasil durante parte do governo de Barack Obama.
No recado a Biden, Bolsonaro destacou o relacionamento entre Brasil e Estados Unidos e falou em manter uma parceria para o desenvolvimento sustentável. Mas o novo tom no contato com o governo norte-americano vem depois da demora do Brasil em reconhecer a vitória de Biden - foi o último país do G-20 a parabenizá-lo -, da insistência de Bolsonaro em fazer declarações de apoio e admiração a Donald Trump e de falas do próprio presidente brasileiro que contrariam os pilares do governo democrata, como o reconhecimento da gravidade da crise climática.
"Imagino que o governo Biden ficou satisfeito com a esperança de Bolsonaro cooperar com os EUA para proteger o meio ambiente, mas acho que os norte-americanos buscarão medidas mais concretas", afirma Lisa Viscidi, diretora do programa de energia e clima do centro de estudos americanos Inter-American Dialogue, em Washington.
O principal ponto de fricção entre os governos é a política ambiental, um dos eixos da política externa de Biden. Trump foi um dos principais expoentes do negacionismo climático, copiado pelo governo Bolsonaro. Mas esse não é o único ponto que mudará.
Desde o início do governo Bolsonaro, o Brasil adotou posições alinhadas com a gestão Trump, que devem ser refutadas por Biden. No ano passado, ao lado do governo Trump, o Brasil se alinhou a outros 31 países - muitos deles ditaduras ou países de maioria muçulmana - como Egito, Arábia Saudita e Paquistão - em uma declaração internacional contra políticas que preveem o acesso ao aborto.
Nos primeiros três dias de trabalho, Biden já mostrou que adotará uma posição diferente e indicou a saída do país da aliança conservadora da qual o Brasil faz parte. Ao anunciar que os EUA não vão mais se retirar da Organização Mundial da Saúde, na quinta-feira, o novo presidente afirmou que o país apoiará os direitos reprodutivos das mulheres no mundo.
"Agora virá a parte difícil: converter uma relação que foi personalizada, com base no contato de Bolsonaro com Donald Trump, em uma relação entre duas nações. Biden não terá uma relação pessoal com Bolsonaro", afirma Shannon.
"Há uma percepção de que os cortes no orçamento para agências ambientais no Brasil, o relaxamento da fiscalização ambiental e a retórica constante de Bolsonaro contra os ambientalistas deram às pessoas luz verde para derrubar florestas", afirma Lisa Viscidi.
Para Shannon, o governo Biden não busca expor o Brasil como um exemplo negativo, por acreditar na força de uma parceria. Mas o movimento de aproximação precisará ser feito por Bolsonaro. "Todos nós sabemos de onde Biden vem, qual a abordagem de política externa dele, sabemos que vai focar em alianças e parcerias, em instituições multilaterais e buscar respostas conjuntas para problemas transnacionais. A questão é se o Brasil quer trabalhar desta forma."
 
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