Em reportagem divulgada em seu site de notícias, a TV norte-americana CNN afirmou na segunda-feira (30) que teve acesso a documentos que mostram que autoridades chinesas forneceram ao mundo dados mais otimistas sobre o novo coronavírus do que os disponíveis internamente.
A TV afirma que, em 10 de fevereiro, por exemplo, a China teve mais do que o dobro de casos confirmados de Covid-19 do que os divulgados oficialmente na
província de Hubei - cuja capital é Wuhan -, onde o vírus foi inicialmente detectado. Segundo a reportagem, esse número mais elevado, de 5.918 novos casos, nunca foi revelado na época, já que o sistema de contabilização dos registros parecia "minimizar a gravidade do surto".
A informação sobre o número mais elevado de contágios está, segundo a TV, entre uma série de revelações contidas em 117 páginas de documentos - marcados como confidenciais - vazados pelo Centro Provincial de Controle e Prevenção de Doenças de Hubei, compartilhados e verificados pela CNN. "Juntos, os documentos representam o vazamento mais significativo de dentro da China desde o início da pandemia e fornecem a primeira janela sobre o que as autoridades locais sabiam internamente e quando", afirma a reportagem.
Mas, embora os documentos não forneçam evidências de uma tentativa deliberada de esconder as descobertas, eles revelam várias inconsistências sobre o que as autoridades acreditam realmente estar ocorrendo e o que foi revelado ao público. A papelada, segundo a CNN, cobre um período entre outubro de 2019 e abril deste ano, e revela o que parece ser um "sistema de saúde inflexível, limitado pela burocracia hierárquica e procedimentos rígidos que estavam mal equipados para lidar com a crise emergente" de saúde pública.
"Em vários momentos críticos, na fase inicial da pandemia, os documentos mostram evidências de erros claros e apontam para um padrão de falhas institucionais", afirma a reportagem. A CNN diz ter entrado em contato com a chancelaria da China e com a Comissão Nacional de Saúde, assim como a Comissão de Saúde de Hubei, para comentar o caso, mas não obteve resposta.