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Internacional

- Publicada em 14 de Outubro de 2020 às 13:02

Azerbaijão ataca base militar na Armênia e eleva risco de guerra regional

Combates ocorrem na região disputada de Nagorno-Karabakh desde 27 de setembro

Combates ocorrem na região disputada de Nagorno-Karabakh desde 27 de setembro


Azerbaijani Defence Ministry/AFP/JC
O conflito no Cáucaso voltou a se agravar nesta quarta (14), com um ataque do Azerbaijão a dois lançadores de mísseis em território armênio. O incidente elevou a tensão regional, fazendo a Rússia aumentar a pressão contra os azeris e seu principal aliado, o governo turco.
O conflito no Cáucaso voltou a se agravar nesta quarta (14), com um ataque do Azerbaijão a dois lançadores de mísseis em território armênio. O incidente elevou a tensão regional, fazendo a Rússia aumentar a pressão contra os azeris e seu principal aliado, o governo turco.
Desde 27 de setembro, combates ocorrem na região disputada de Nagorno-Karabakh, que é governada pela sua maioria armênia em um território dentro do Azerbaijão desde o fim da guerra entre os países de 1992-94.
No sábado (10), a Rússia, principal ator regional e dona de uma base militar na Armênia, mediou um cessar-fogo provisório entre os dois países. Ele não chegou a durar horas, com relatos mútuos de ataques em áreas civis.
Nesta quarta, o Azerbaijão afirmou ter destruído dois lançadores de mísseis balísticos da Armênia dentro do território do país, não em Nagorno-Karabakh. Segundo Baku, eles vinham sendo usados para atingir alvos no Azerbaijão.
O Ministério da Defesa em Ierevan confirmou o ataque, numa área fronteiriça, e disse que se reservaria o direito de retaliar contra bases militares azeris. Isso implicaria uma escalada importante no conflito, evidenciado por um comunicado do Ministério da Defesa russo, citado pela agência Tass, de que iria averiguar o incidente.
O tratado militar que os russos têm com Ierevan não cobre o que acontece em Nagorno-Karabakh ou nos sete distritos azeris ocupados pelos armênios desde o fim da guerra dos anos 1990. Mas prevê a defesa do aliado em caso de agressão externa a seu solo.
Alarmado, o chanceler russo, Serguei Lavrov, afirmou a rádios na manhã desta quarta que não concorda com a posição turca de que o conflito pode ter uma solução militar. "Isso não é possível", disse.
Ele também disse que o Kremlin poderá enviar observadores militares para servir numa missão de pacificação em nome do Grupo de Minsk, que busca mediar o conflito desde 1992 e é liderado pela Rússia, França e Estados Unidos.
Tal medida seria vista como uma intervenção pelos turcos, mas Lavrov sublinhou que isso só aconteceria se ambos os lados pedissem. A Rússia é aliada da Armênia, mas mantém boas relações com Baku, enquanto a Turquia nem tem laços diplomáticos com Ierevan.
Com isso, busca manter estável sua fronteira sul e restabelecer a influência regional, quase 30 anos após o fim da União Soviética, que controlava tanto Azerbaijão quanto a Armênia. Assim, no xadrez regional, Moscou está em uma posição mais confortável do que Ancara, o que tem levado à retórica belicista do presidente Recep Tayyip Erdogan.
O perigo óbvio desse cenário é o risco de uma confrontação entre russos e turcos, que são integrantes da Otan (aliança militar ocidental), no caso de uma guerra aberta entre Ierevan e Baku. Apesar de parcerias pontuais entre Erdogan e seu colega Vladimir Putin, a relação entre os países é marcada por vários pontos de atrito, e o Cáucaso é a antiga fronteira geopolítica entre os interesses das nações desde que eram impérios.
De seu lado, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, disse em pronunciamento que Ierevan sofreria retaliação se atingisse instalações militares ou gasodutos de seu país. Até aqui, o conflito estava limitado basicamente contido às áreas já disputadas.
Nos choques anteriores após o cessar-fogo de 1994, as escaramuças eram mais restritas. Agora, além do uso intensivo de blindados e armamentos pesados de lado a lado, há ataques a cidades dos dois lados e a indisfarçável ação da Turquia.
Ela ficou ainda mais evidente com um dado divulgado nesta quarta pela Federação Turca de Exportadores. Segundo a entidade, o Azerbaijão comprou seis vezes mais material bélico da Turquia neste ano, em relação a 2019.
E numa escalada óbvia: dos US$ 123 milhões (R$ 689 milhões hoje) comprados em drones e mísseis, US$ 77 milhões (R$ 431 milhões) foram gastos em setembro e US$ 36 milhões (R$ 201 milhões) em agosto, antes do começo do conflito, enquanto em julho haviam sido dispendidos apenas US$ 280 mil (R$ 1,5 milhão).
Em solo, os combates seguem. Relatos feitos em rede social apontam que um bombardeio atingiu um hospital que recebia feridos da frente de batalha em Stepanakert, capital de Nagorno-Karabakh, mas ainda não ha confirmação oficial disso.
A guerra pode ter deixado milhares de mortos, mas os números são incertos. Os separatistas armênios falam em 532 militares e 31 civis mortos, enquanto o Azerbaijão não divulga baixas fardadas e relata 42 civis mortos.
Folhapress
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