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Internacional

- Publicada em 07 de Agosto de 2020 às 17:09

"Feridos choravam na nossa porta", conta médico de emergência de Beirute que atende pacientes da explosão no porto

Cerca de cinco horas após a explosão, todos os leitos e andares do hospital estavam ocupados com feridos

Cerca de cinco horas após a explosão, todos os leitos e andares do hospital estavam ocupados com feridos


IBRAHIM AMRO/AFP/JC
No momento da explosão que destruiu mais da metade de Beirute, o médico libanês Faysal Tabbara, de 26 anos, estava em seu dia de folga, em casa. O chão tremeu, uma grande massa de ar entrou pelas janelas, que haviam se quebrado, e ele ouviu um barulho ensurdecedor.
No momento da explosão que destruiu mais da metade de Beirute, o médico libanês Faysal Tabbara, de 26 anos, estava em seu dia de folga, em casa. O chão tremeu, uma grande massa de ar entrou pelas janelas, que haviam se quebrado, e ele ouviu um barulho ensurdecedor.
Correu para o porão, junto com a família, mas mal teve tempo de se recuperar do susto: em seguida já chegou uma mensagem do hospital onde ele trabalha avisando que o plano para desastres havia sido ativado. Pegou seu carro e, em dez minutos, estava entrando no pronto-atendimento, onde é médico residente na área de medicina de emergências.
Esse hospital, ligado à American University, é o segundo mais perto do porto, onde ocorreu a explosão. O mais próximo foi totalmente destruído e não estava atendendo pacientes. 
Ao menos 16 funcionários do porto de Beirute foram detidos como parte da investigação sobre as devastadoras explosões de terça-feira (4) em um depósito com 2,7 mil toneladas de nitrato de amônio. As explosões mataram ao menos 145 pessoas e deixaram mais de 5 mil feridos e 300 mil desabrigados.
Faysal viu alguns desses feridos tendo que caminhar, cobertos de sangue, para procurar atendimento. A seu setor de emergência, chegaram mais de 400 pacientes no espaço de duas horas. Cerca de cinco horas após o ocorrido, todos os leitos e andares do hospital estavam ocupados. Novos casos só eram admitidos no pronto-socorro, e os que precisavam de internação foram transferidos para outros centros médicos.
Os ferimentos de quem chegava eram variados: sangramento intracraniano ou intra-abdominais, lacerações no fígado, fraturas, contusões, lacerações no crânio ou na pele causadas pelos vidros quebrados. Muitos chegavam e em seguida eram declarados mortos, outros morreram durante o atendimento.
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Depois da explosão, feridos tiveram que caminhar, cobertos de sangue, para procurar atendimento. Foto: IBRAHIM AMRO/AFP/JC
Faysal está desde o dia da explosão intubando pessoas, fazendo ressuscitações cardíacas, estabilizando os pacientes críticos que precisam de cirurgias urgentes, fazendo suturas, diagnosticando sangramentos internos. Na entrevista, ele é rápido para explicar a parte técnica dos atendimentos, mas sua voz embarga ao falar do que aquilo significou para ele - algo que "poucas palavras conseguiriam descrever".
"Foi de partir o coração ver centenas e centenas de pacientes cobertos de sangue, os feridos graves chorando de dor na porta do nosso setor de emergência, corpos no chão do hospital. Mães em agonia por terem perdido seus filhos, pais chorando por terem perdido entes queridos", afirma.
"Cada profissional que estava trabalhando ali naquele momento ficou dominado pelo impacto psicológico e emocional. Foi uma tragédia gigante, que sempre estará impregnada no coração dos libaneses."
Segundo a rede televisão árabe Al Jazeera, a análise de registros e documentos públicos mostra que altos funcionários libaneses sabiam há mais de seis anos que o nitrato de amônio estava armazenado no Hangar 12 do porto de Beirute. E que eles estariam cientes dos perigos que isso representava.
A causa apontada pelas autoridades como a mais provável para a detonação da explosão seria um curto-circuito, que levou ao incêndio e a explosão em um depósito de fogos, que acabou atingindo o local onde estavam as 2,7 mil toneladas de nitrato de amônio. O produto torna-se explosivo exposto a temperaturas acima de 300 graus.
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