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Alemanha

- Publicada em 05 de Junho de 2020 às 17:23

Suspeito de envolvimento no caso Madeleine foi investigado logo após sumiço da menina

Christian Brueckner morava a cerca de um quilômetro do condomínio de onde Madeleine desapareceu

Christian Brueckner morava a cerca de um quilômetro do condomínio de onde Madeleine desapareceu


ITALIAN CARABINIERI PRESS OFFICE/AFP/JC
O homem de 43 anos apontado pela polícia alemã como suspeito no caso de desaparecimento da menina britânica Madeleine McCann, de 3 anos, em 2007, em Portugal, foi investigado pela Polícia Judiciária portuguesa naquele período, mas descartado quando o inquérito se voltou para os pais da menina. Sem provas, a investigação foi arquivada em julho de 2008.
O homem de 43 anos apontado pela polícia alemã como suspeito no caso de desaparecimento da menina britânica Madeleine McCann, de 3 anos, em 2007, em Portugal, foi investigado pela Polícia Judiciária portuguesa naquele período, mas descartado quando o inquérito se voltou para os pais da menina. Sem provas, a investigação foi arquivada em julho de 2008.
Gonçalo Amaral, policial que liderou as investigações durante cinco meses em 2007 e publicou o livro "The Truth of the Lie" (A verdade da mentira) sobre o caso disse em abril de 2019 ao canal australiano Nine que a polícia do Reino Unido apresentaria um pedófilo alemão como bode expiatório do caso Madeleine.
O jornal britânico The Telegraph também afirmou nesta sexta-feira (5) que o suspeito alemão foi investigado pelos portugueses em 2007. Amaral, que foi afastado do caso, defende a tese de que a menina morreu por acidente e o sequestro foi simulado por seus pais, os médicos Kate e Gerry McCann, que abriram processo contra o policial.
Madeleine foi vista pela última vez no apartamento em que a família passava férias no Algarve, região turística na costa sul de Portugal. Quando os pais voltaram de um jantar em um restaurante próximo, ela não estava mais em casa.
Desde então, mais de 600 pessoas já estiveram sob foco de polícias do Reino Unido, de Portugal e da Alemanha, e os pais montaram uma campanha internacional que já passou por Itália, Alemanha, Holanda, Espanha e Marrocos à procura de informações sobre a filha.
O atual suspeito, identificado como Christian Brueckner, morava a cerca de um quilômetro do condomínio de onde Madeleine desapareceu. De 1995 a 2017, ele viveu entre Portugal, Alemanha e Itália e, nesse período, foi investigado 17 vezes por diferentes motivos, que vão de estupro e tráfico de drogas a direção sem documentos e furtos, segundo informações atribuídas à polícia pela revista alemã Der Spiegel.
Crimes sexuais levaram a três condenações, a primeira, por abuso de uma criança na Alemanha, em 1994, quando ele tinha 17 anos. Em 2016, ele foi condenado por pornografia infantil, também na Alemanha, e em 2019 pelo estupro de uma norte-americana, em 2005, na mesma região em que Madeleine desapareceu.
Segundo a Spiegel, as peças do quebra-cabeças que levaram a polícia a apontar agora Brueckner como o principal suspeito no caso da menina inglesa surgiram na investigação sobre outro desaparecimento infantil, da alemã Inga, de 5 anos, em 2015, na região da Saxônia-Anhalt.
O suspeito vivia na época a cerca de 90 km de onde ela desapareceu e entrou no radar da polícia por causa de uma conversa on-line de dois anos antes em que ele diz ao interlocutor que gostaria de fazer sexo com uma criança. À objeção de que seria perigoso ele disse que "as evidências poderiam ser destruídas depois".
A polícia não encontrou provas para incriminá-lo no caso de Ingra, mas, em 2018, pediu que Brueckner fosse extraditado da Itália para ser julgado pelo estupro da norte-americana em 2005, depois que exames de DNA indicaram alta probabilidade de que fosse seu um fio de cabelo encontrado no lençol do local do crime.
O alemão recorreu da sentença, mas continua preso à espera do julgamento definitivo. Se condenado, a pena é de sete anos. Enquanto isso, ainda sem provas para ligar Brueckner ao caso Madeleine, a polícia alemã tenta receber informações que permitam processá-lo por assassinato.
De acordo com a imprensa britânica, as investigações alemãs apontam que, ao ver no televisor de um bar uma reportagem sobre o desaparecimento, em 2017, ele teria dito a um amigo que saiba o que havia acontecido com a criança. Na mesma ocasião, ele teria mostrado um vídeo de si mesmo estuprando uma mulher, o que ajudou em sua condenação no estupro da norte-americana.
O investigador Christian Hoppe, da polícia alemã BKA, afirmou que Madeleine pode ter sido morta quando o suspeito assaltava o apartamento da família e que possa estar morta. Embora a polícia alemã trabalhe com a hipótese de que Madeleine está morta, admite que não há provas desse desfecho. Em Portugal e no Reino Unido, o caso ainda é tratado como desaparecimento.
Segundo o sub-comissário-adjunto da Metropolitan Police (Reino Unido), Stuart Cundy, o suspeito alemão passou a interessar aos investigadores na sequência de um apelo público feito pelos pais de Madeleine em 2017, no décimo aniversário do desaparecimento.
"O nome deste homem era conhecido da nossa investigação. Não vou dar detalhes sobre como era conhecido, mas já era conhecido antes de recebermos informação nova em 2017. Desde então, temos continuado a trabalhar de forma muito próxima com colegas em Portugal e na Alemanha", afirmou.
Em Portugal, a Polícia Judiciária reabriu as investigações em 2013. "Em estreita articulação com as autoridades alemãs (BKA) e inglesas (Metropolitan Police) na partilha de informação, na realização de atos formais de investigação e de perícias, em Portugal e no estrangeiro, foram recolhidos elementos que indicam a eventual intervenção, no desaparecimento da criança, de um cidadão alemão", informa nota da Polícia Judiciária portuguesa em seu site.
Segundo o porta-voz dos pais, Clarence Mitchell, eles "não perderam a esperança de encontrar Madeleine viva, mas são realistas. Independentemente do resultado, eles precisam saber o que houve para encontrar a paz".
Treze anos após o desaparecimento, o quarto de Madeleine permanece intocado, e uma escola local mantém um lugar aberto caso ela volte, segundo jornais britânicos.

Cronologia do caso Madeleine

Maio de 2007
Madeleine desaparece no dia 3 de maio, no Complexo de Oceans Beach, na praia da Luz, em Portugal, onde a família McCann passava férias.
Poucos dias depois, os pais da menina abrem um fundo para receber doações e contratam investigadores privados com o dinheiro arrecadado.

Junho de 2007
Um dos chefes da polícia portuguesa admite que provas vitais podem ter sido destruídas porque o Complexo não foi protegido adequadamente.

Julho de 2007
A polícia britânica envia cães farejadores para ajudar na investigação, e são realizadas inspeções no apartamento e no carro alugado pelos McCann.

Setembro de 2007
Kate McCann, mãe de Madeleine, é ouvida pela polícia como suspeita, e dias depois a família retorna para o Reino Unido. Procuradores afirmam depois que não há evidências para considerá-los suspeitos.
Turistas afirmam ter visto Madeleine em Marrakesh, no Marrocos.

2008
A família McCann divulga esboços de um suspeito, com base na descrição feita por um turista britânico de um "homem assustador" visto no resort.

2011
Os pais da menina publicam um livro sobre o caso. A Polícia Metropolitana de Londres dá início às investigações, após a polícia portuguesa não obter sucesso.

2013
A Scotland Yard abre uma investigação sobre o caso e identifica 41 potenciais suspeitos. A polícia de Portugal reabre a investigação.

2015
O governo britânico anuncia que as investigações sobre o caso custaram mais de 10 milhões de libras (R$ 64 milhões).

2017
Em maio, quando o desaparecimento de Madeleine completava 10 anos, a polícia britânica informa que havia investigado 40 mil documentos e 600 pessoas.

Junho de 2020
A polícia alemã anuncia que investiga um cidadão de 43 anos por suspeita de assassinato de Madeleine.