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Internacional

- Publicada em 04 de Junho de 2020 às 20:48

Manifestantes exigem maior responsabilização de policiais

Parentes de Floyd pedem acusação de primeiro grau para o policial Derek Chauvin

Parentes de Floyd pedem acusação de primeiro grau para o policial Derek Chauvin


SCOTT OLSON/GETTY IMAGES/AFP/JC
Uma análise feita pelo Cato Institute em 3,2 mil acusações criminais contra policiais dos EUA, entre abril de 2009 e dezembro de 2010, identificou que só 33% resultaram em condenação, nas quais 36% cumpriram tempo de prisão. Se consideradas estas taxas, os cidadãos comuns são condenados e cumprem pena no mínimo o dobro de vezes mais do que policiais. O projeto Mapping Police Violence traça um cenário de ainda maior impunidade e estima que 99% das mortes por policiais entre 2013 e 2019 acabaram sem acusação criminal.
Uma análise feita pelo Cato Institute em 3,2 mil acusações criminais contra policiais dos EUA, entre abril de 2009 e dezembro de 2010, identificou que só 33% resultaram em condenação, nas quais 36% cumpriram tempo de prisão. Se consideradas estas taxas, os cidadãos comuns são condenados e cumprem pena no mínimo o dobro de vezes mais do que policiais. O projeto Mapping Police Violence traça um cenário de ainda maior impunidade e estima que 99% das mortes por policiais entre 2013 e 2019 acabaram sem acusação criminal.
O promotor-geral de Minnesota, Keith Ellison, endureceu, na quarta-feira (3), a acusação contra o ex-policial Derek Chauvin, que matou George Floyd no dia 25 ao pressionar o joelho no pescoço dele por cerca de oito minutos, apesar de o homem negro de 46 anos dizer que não conseguia respirar. Chauvin teve sua acusação ampliada para homicídio em segundo grau - assassinato não premeditado, com negligência e risco de matar e causar danos corporais à vítima. Inicialmente, a acusação era homicídio em terceiro grau, quando o responsável agiu sem intenção.
Manifestantes e parentes de Floyd pedem acusação de primeiro grau, quando há clara intenção de matar. No caso de Minneapolis, o objetivo de matar ainda deve ser discutido, mas ainda não ficou claro para a Promotoria. O promotor afirmou que Chauvin pode ser acusado pelo homicídio em primeiro grau se houver evidências. "Neste momento, levamos à máxima acusação ética que pudemos", afirmou. Os outros três policiais que ajudaram Chauvin a imobilizar o ex-segurança no chão também foram acusados por Ellison.
Os manifestantes nas ruas exigem uma resposta não apenas para o caso de Floyd. Nos EUA, poucos policiais respondem criminalmente pelo abuso da força e, quando acusados, raramente são condenados.
"Estou cansado de ver a polícia fazer o que quiser sem consequência", afirma Jayden Ford, de 18 anos, que participou dos protestos em frente à Casa Branca, em Washington. Os manifestantes pedem não só a responsabilização da polícia, mas também prestação de contas, mecanismos de controle e transparência, como forma de conter o racismo e o abuso da violência.
"Sem justiça, sem paz", gritam os manifestantes nos EUA. O mote do movimento, uma releitura de frase dita por Martin Luther King em 1967, mostra que os atos continuarão enquanto a percepção sobre impunidade policial não se alterar.
"O que aconteceu com George Floyd é um catalisador, mas as pessoas não vão deixar de protestar pelo fato de uma acusação passar de terceiro para segundo grau. É só parte de um quebra-cabeças. As pessoas estão nas ruas por tudo o que acontece nas comunidades e não vira notícia. Mudar a acusação não vai aliviar a raiva e a demanda", afirma o ex-promotor Adam Foss e responsável pelo Prosecutor Impact, que treina novos promotores para lidar com questões como pobreza e desigualdade racial na Justiça criminal.
A polícia matou três pessoas por dia nos EUA em 2019. Os negros, apesar de representarem 13% da população, são mais de 30% das vítimas. Uma análise do Washington Post com pesquisadores do Bowling Green State University mostra que 54 policiais foram formalmente acusados por disparos que causaram morte entre "milhares" de registros em uma década - de 2005 a 2015.
Dos 54, 21 foram absolvidos. Na "vasta maioria" dos casos analisados, a pessoa morta estava desarmada. Em três a cada quatro casos, o policial era branco. Dois terços dos disparos de policiais brancos foram direcionados a negros. Nenhum policial negro atirou de forma a matar uma vítima branca no período analisado.
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