Nesta quarta-feira (4), um dia antes de os presidentes Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan se reunirem em Moscou para tentar solucionar a crise entre seus países na guerra civil da Síria, a Rússia elevou o tom de acusações contra o comportamento da Turquia.
Segundo divulgou o Ministério da Defesa russo, os turcos unificaram seus 12 postos de observação na província de Idlib, parte de um acordo de 2018 com o Kremlin, com forças rebeldes que combatem a ditadura de Bashar al-Assad, apoiada por Moscou.
Além disso, o órgão afirmou que a nova operação militar turca em Idlib, iniciada na semana passada após um bombardeio matar 34 de seus soldados de uma só vez, estimula ataques diários contra a base aérea russa em Hmeimim.
Para adicionar tensão ao encontro entre os líderes, dois soldados turcos foram mortos por forças sírias nesta quarta-feira (4). A Turquia, por sua vez, derrubou o terceiro avião de combate sírio desde a ofensiva retaliatória, que tem usado intensivamente novos drones de combate.
Ambos os presidentes se disseram otimistas com o encontro desta quinta-feira (5). Para o turco, que falou à imprensa de seu país, a expectativa é de pelo menos um cessar-fogo em Idlib. Já o porta-voz do Kremlin foi mais contido, dizendo que o russo gostaria de ver as medidas do acordo de 2018 implementadas, tornando Idlib uma área de distensão militar.
O nó é grande em torno do último bolsão de resistência à ditadura de Assad após nove anos da pior guerra civil do século até aqui, que já deixou entre 380 mil e 560 mil mortos, além de mais de 15 milhões de refugiados e deslocados internos.
Quase 1 milhão de pessoas saíram de casa em Idlib nos últimos dias, região com 3 milhões de moradores e objeto da disputa. Em outubro passado, com a retirada norte-americana do apoio aos curdos do Norte da Síria, a Turquia invadiu o país e estabeleceu uma zona separando o grupo do Curdistão turco, fortemente separatista. O movimento foi acertado com Moscou, mas Erdogan foi em frente e aumentou sua presença militar em Idlib, onde mantém postos desde 2018.
Desde a virada do ano, a Turquia elevou sua presença na província, apoiando ações de rebeldes. O combate colocou o país, que é membro da Otan (aliança militar do Ocidente), em rota de colisão com a Rússia, que apoia Damasco.