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Saúde

- Publicada em 26 de Fevereiro de 2020 às 20:30

Casos de coronavírus avançam na Europa

Em alguns mercados, vendas aumentaram em 100% e já faltam produtos

Em alguns mercados, vendas aumentaram em 100% e já faltam produtos


MIGUEL MEDINA/AFP/JC
A Grécia registrou, nesta quarta-feira (26), seu primeiro caso de coronavírus (Covid-19). Na terça-feira (25), Suíça, Áustria, Croácia e Espanha já haviam entrado para a lista de países na Europa com registro da doença. Mas o caso mais complicado continua sendo o da Itália, com as regiões Norte e Nordeste sendo as mais afetadas.
A Grécia registrou, nesta quarta-feira (26), seu primeiro caso de coronavírus (Covid-19). Na terça-feira (25), Suíça, Áustria, Croácia e Espanha já haviam entrado para a lista de países na Europa com registro da doença. Mas o caso mais complicado continua sendo o da Itália, com as regiões Norte e Nordeste sendo as mais afetadas.
Nesta quarta-feira à tarde, a Defesa Civil italiana atualizou para 400 o número de pessoas infectadas pelo coronavírus, um aumento de 26 em relação à atualização divulgada pela manhã. Segundo o órgão, 12 pessoas já morreram pela doença. Entre os pacientes diagnosticados, 114 estão internados, dos quais 35 estão sob cuidados intensivos. Outros 162 estão em quarentena em casa.
Após autoridades da região do Vêneto, no Nordeste italiano, determinarem o fechamento de escolas, locais públicos como bibliotecas, museus e até cemitérios, as pessoas com medo, pânico e insegurança iniciaram uma corrida histérica a farmácias e supermercados. No sábado (22), os itens mais procurados eram desinfetantes e máscaras descartáveis, mas nesta quarta-feira a busca era por praticamente todos os itens, de papel higiênico a frutas, carnes, enlatados em geral, macarrão, arroz. Tudo com data de validade maior. Mas não só. Os ovos também sumiram das prateleiras dos supermercados.
Em Bassano Del Grappa, uma pequena cidade que fica no centro do Vêneto, na noite de segunda-feira (24), já faltavam produtos em todos os supermercados. Filas gigantes, pessoas com máscaras, carrinhos que transbordavam de mercadorias, "uma cena de filme de horror", como resumiu Gigliola Battocchio, de 54 anos, uma das proprietárias do supermercado Battocchio, um dos maiores da região. "Já no sábado percebemos um aumento de 20% nas vendas; no domingo, de 40%; e ontem (terça-feira), de 100%."
Segundo a empresária italiana, não é tanto o medo do coronavírus que causou essa espécie de histeria coletiva, mas o medo de ficar sem comida em casa. "A Itália é um país que viveu a fome por causa da guerra, e o maior medo dos italianos é justamente passar fome de novo."
Lidia Vidana, de 42 anos, carregava as compras para o carro no estacionamento do Ali, outro supermercado de Bassano. Não havia feito estoque, mas comprado um pouco a mais do que o habitual. "Concordo com as restrições de controle estabelecidas pelo governo, mas é difícil controlar o sentimento das pessoas", afirmou a italiana.
Já em outras regiões, o clima ainda é de normalidade. Na cidade de Lucca, na Toscana, por exemplo, o comércio e as escolas funcionaram normalmente nesta quarta-feira. A jornalista brasileira Carolina Hickmann, que mora em Lucca desde outubro do ano passado, conta que não há registros de casos de contaminação na cidade e, por isso, não foi criada uma zona vermelha como em outras regiões nem estipulada quarentena, e a situação ainda é de tranquilidade.
Mas, na terça-feira (25), a divulgação de um caso de contaminação em Florença, a uma hora e meia de trem de Lucca, causou grande busca por itens básicos nos mercados.
"A população já começou a ficar mais apavorada e limpou os mercados. Vi pessoas com dois carrinhos de compras cheios de garrafas d'água e arroz. Também acabaram as embalagens de molho de tomate e macarrão", diz Carolina. Como não há bloqueio das estradas, os produtos que se esgotam nas prateleiras são repostos pelos comerciantes.
Outro item em falta são as máscaras de proteção, que, segundo Carolina, já acabaram antes mesmo dos relatos de casos de contaminação pelo coronavírus na Itália. "Isso aconteceu porque próximo a Lucca fica a cidade de Prato, segundo maior núcleo de chineses no país, atrás apenas de Milão. Então muitos moradores de Prato compraram máscaras para enviar aos parentes na China", diz a brasileira.
Pela primeira vez desde que a epidemia de coronavírus começou, no fim de dezembro de 2019, na província de Hubei, na China, mais casos da doença foram detectados fora do território continental chinês do que dentro, segundo informou ontem a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao todo, a OMS contabilizou 80.239 pacientes contaminados com a Covid-19 até a terça-feira, além de 2,7 mil mortes. Ao todo, 40 países e dois territórios autônomos chineses têm casos registrados.

China registra menos infecções; Coreia do Sul tenta conter surto

A pior situação, em nível mundial, continua sendo na China. Nesta quarta-feira (26), mesmo com a redução no número de infecções, o país registrou 406 novos casos e 52 mortes pelo coronavírus - todos na província de Hubei, onde o surto teve início. Com isso, o número total de óbitos subiu para 2.715, com 78.064 casos.
Após a China, a Coreia do Sul é o país com mais casos de coronavírus até agora: 1.146, com 11 mortes. A maioria dos casos está na cidade de Daegu, onde o governo sul-coreano está mobilizando ferramentas de saúde para conter a disseminação do surto.
No Japão, até esta quarta-feira, haviam sido registradas cinco mortes e 862 infecções causadas pelo Covid-19. Entre os casos, 691 envolvem passageiros e tripulantes do navio Diamond Princess, que esteve atracado em quarentena no porto de Yokohama, após chegar de Hong Kong.
 

No Oriente Médio, as atenções estão voltadas para o Irã

O Ministério da Saúde do Irã informou que 19 pessoas morreram infectadas pelo novo coronavírus, e o número de casos confirmados chegou a 139. Um dos infectados foi o responsável pela força-tarefa contra o vírus no país, Iraj Harirchi. O anúncio veio um dia depois de Harirchi - que também é vice-ministro da Saúde - tentar minimizar o perigo imposto pelo surto.
O presidente iraniano, Hassan Rouhani, declarou não ter planos imediatos de colocar cidades sob quarentena, mas admitiu que o controle da doença poderá demorar "uma, duas ou três semanas".

América Latina está em alerta após caso no Brasil

Após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil nesta quarta-feira (26), países da América Latina reforçam medidas de controle e alertam populações.
No Chile, foram registrados 260 casos suspeitos da doença, sem nenhuma confirmação. O ministro da Saúde chileno, Jaime Mañalich, informou que todas as pessoas com suspeita da doença estão em suas casas, em isolamento, e não poderão sair durante 14 dias.
Mañalich explicou que a vigilância epidemiológica foi reforçada nos centros de saúde e que foi decretado um alerta sanitário, que permite ao ministério tomar medidas como contratar recursos humanos, fortalecer a rede de laboratórios e realizar o isolamento de pacientes. O Chile tem aplicado protocolos rigorosos nos pontos de entrada no país. "Além do que já fizemos, a partir de amanhã, será obrigatório para todas as pessoas transportadas de avião para o Chile assinar uma declaração afirmando quais são os países em que estiveram no último mês", anunciou o ministro.
No Peru, a ministra da Saúde, Elizabeth Hinostroza, anunciou que cinco hospitais de Lima estão preparados para isolar possíveis pacientes com coronavírus. Ela disse que não há casos confirmados da doença, mas que o país está preparado para a chegada do vírus.
A Colômbia, até o momento, descartou 13 casos suspeitos, e o Ministério da Saúde decidiu aumentar o nível de alerta de leve para moderado. Conforme a pasta, "entre as medidas tomadas na área de vigilância e prevenção, há a expansão da triagem na imigração, ou seja, agora, não apenas os passageiros serão perguntados se eles vêm da China ou se estiveram naquele país nos últimos 14 dias, mas também se estiveram nesse período na Coreia do Sul, no Japão, em Singapura, na Tailândia, na Malásia, no Emirados Árabes Unidos e na Itália".
No Paraguai, o ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, informou que está monitorando o segundo caso suspeito. Trata-se de um cidadão paraguaio que esteve na China e apresentou problemas respiratórios por 48 horas. Foi realizado um primeiro exame, que deu negativo, mas o teste será repetido.
Na Bolívia, os controles aeroportuários foram reforçados para as conexões aéreas com Lima, no Peru, e com São Paulo, já que são esses os principais elos do país com o mundo.
Na Argentina, os voos provenientes da Itália receberão especial atenção, com o objetivo de detectar, registrar e controlar precocemente pacientes com a possibilidade de apresentar doenças respiratórias agudas. No país, há, pelo menos, quatro cidadãos em rigoroso isolamento domiciliar, com suspeita da doença.
No Equador, há 15 hospitais preparados para tratar casos de contaminação pelo novo coronavírus.
No Panamá, o Ministério da Saúde, em parceria com o Aeroporto Internacional de Tocumen, habilitou uma área para evacuação temporária de passageiros com sintomas suspeitos da doença.