Rouhani diz que 'não há limite' para enriquecimento de urânio no Irã

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, disse, nesta quinta-feira, que "não há limite" para o enriquecimento de urânio do país, após sua decisão de abandonar o acordo nuclear de 2015 há algumas semanas, quando se ampliaram as tensões entre Teerã e Washington.

Em um discurso diante de executivos de bancos, Rouhani afirmou que o programa nuclear está em uma "situação melhor" do que a que se encontrava antes do acordo nuclear. Também disse que trabalha diariamente para impedir uma guerra, salientando que o diálogo do Irã com a comunidade internacional é "difícil, mas possível" de acontecer.

O acordo nuclear ficou enfraquecido desde que os Estados Unidos anunciaram sua saída, em maio de 2018, e a volta de sanções ao Irã, que o restante dos signatários (Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) não conseguiram neutralizar na Organização das Nações Unidas. Os iranianos cumpriram o acordo até o verão passado, quando começaram a violar abertamente alguns dos limites impostos.

Em 8 de janeiro, Teerã atacou com mísseis duas bases iraquianas que abrigavam militares dos Estados Unidos em resposta ao ataque com drones que matou o general Qasem Soleimani, o principal militar iraniano, dias antes, em Bagdá. Dias depois, um avião comercial com 176 pessoas foi derrubado por engano ao ser alvo de mísseis iranianos. A ação norte-americana levou o país persa a abandonar todas as restrições do acordo nuclear.

Até agora, no entanto, o país apenas aumentou modestamente sua atividade nuclear. Nos últimos meses, o Irã elevou o enriquecimento de urânio para 4,5% - acima do limite de 3,67% estabelecido pelo pacto, mas longe do enriquecimento de 20% antes do acordo. O urânio deve ser enriquecido em 90% para ser usado em uma arma nuclear.