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Bolívia

- Publicada em 24 de Outubro de 2019 às 03:00

Evo Morales diz que direita tenta dar golpe de Estado na Bolívia

Presidente falou pela primeira vez sobre os protestos no país

Presidente falou pela primeira vez sobre os protestos no país


AIZAR RALDES/AFP/JC
Candidato ao quarto mandato, o presidente da Bolívia, Evo Morales, disse, ontem, que há uma tentativa de golpe de Estado contra ele. "Denuncio ante o povo boliviano: está em processo um golpe de Estado. Ele foi preparado pela direita, com apoio internacional. Até agora, temos aguentado e suportado com paciência para evitar violência", declarou em entrevista coletiva.
Candidato ao quarto mandato, o presidente da Bolívia, Evo Morales, disse, ontem, que há uma tentativa de golpe de Estado contra ele. "Denuncio ante o povo boliviano: está em processo um golpe de Estado. Ele foi preparado pela direita, com apoio internacional. Até agora, temos aguentado e suportado com paciência para evitar violência", declarou em entrevista coletiva.
Apesar das acusações, Evo não apresentou nenhuma evidência para sustentar seu argumento. "Não estamos em tempos de colônia. Vamos defender a democracia, o povo organizado recuperou a democracia. Quero dizer à direita boliviana: não sejam responsáveis pelo enfrentamento boliviano, não semeiem o ódio. Somos todos uma grande família", acrescentou.
Foi a primeira vez que o presidente falou após os protestos que se espalharam pelo país nos últimos dias, culminando com a convocação de uma greve geral por prazo indefinido e uma grande marcha nas principais ruas de La Paz na noite de terça-feira. As manifestações provocaram incêndios e vandalismo. Ao afirmar que estava em gestação um golpe de Estado, Evo disse que isso estaria ocorrendo com a interrupção forçada da contagem de votos em algumas centrais, que foram atacadas por manifestantes.
Evo foi dado como vencedor pelo governo faltando contar 4% dos votos, que o presidente afirma que dariam a ele "uma maior vantagem". Com o placar, o atual presidente sairia vencedor contra Carlos Mesa, com uma estreita margem de 10,1% dos votos. Na Bolívia, para ganhar em primeiro turno é preciso ter 50% dos votos mais um ou 40%, desde que o segundo colocado esteja dez pontos percentuais atrás do primeiro.
A apuração dos resultados gerou protestos pelo país e levou o próprio governo a pedir, na terça-feira, uma auditoria externa da votação. Convocada a auditar os resultados, a missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou ontem que considera como "melhor opção" a realização de um segundo turno.

O imbróglio da apuração dos votos

Dois métodos
No domingo, após o fechamento das urnas, o Tribunal Supremo Eleitoral começou a apuração usando dois métodos: somando os votos registrados em atas, que traziam os totais de cada mesa, e contando os votos um a um. Apenas os resultados do primeiro foram divulgados.
Empate técnico
Às 22h40min de domingo, com 89% das urnas apuradas, Evo tinha 45,7% contra 37,8% de Mesa - o resultado levaria a um segundo turno, cenário previsto por pesquisas de intenção de votos.
Apuração suspensa
Durante a noite, nenhum voto foi computado, e a contagem feita pelas atas foi interrompida. Na segunda-feira pela manhã, o tribunal afirmou que a apuração um a um mostrava resultados diferentes; o jornal oficial El Cambio publicou manchete dando vitória a Evo.
Nova contagem
Diante das divergências, a contagem passou a ser feita, novamente, pelo método um a um.
Retorno às atas
Na noite de segunda-feira, com 95,22% das urnas apuradas, Evo foi anunciado vencedor no primeiro turno com 46,86% dos votos, contra 36,73% de Mesa. O adversário não reconheceu os resultados das atas.