O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, viajou, na quarta-feira, a Dayton (Ohio) e El Paso (Texas), três dias depois dos ataques a tiros que deixaram ao menos 31 mortos em 13 horas, no fim de semana passado. O republicano tem usado os episódios como uma forma de impulsionar um acordo com democratas em torno de leis mais rígidas sobre imigração - como a ideia de construir um muro na fronteira - em troca do apoio a discussões sobre mais controle de armas.
Desde domingo, sua retórica anti-imigração é alvo de críticas de opositores e de manifestantes, especialmente no caso de El Paso, tratado como crime de ódio em razão do manifesto contra imigrantes deixado pelo atirador. Mais de 80% dos habitantes da cidade texana na fronteira com o México têm origem latina. Protestos ocorreram na frente dos hospitais que o presidente visitou, com cartazes pedindo que ele "faça alguma coisa" e maior controle no acesso a armas.
A sugestão de um toma lá, dá cá, no entanto, incomodou os democratas. Jerry Nadler, presidente da Comissão de Justiça da Câmara, comparou a ideia do presidente à Alemanha nazista. "Qual é a conexão entre verificações de antecedentes e reforma da imigração? Que temos de manter as armas fora das mãos de pessoas menos humanas que cruzam nossas fronteiras? Isso é nojento", disse.
Segundo a ONG Gun Violence Archive, os EUA já registraram 255 ataques a tiros em 2019, mais do que o número de dias do ano. A cada tragédia, o debate sobre maior rigor no controle a armas ressurge.