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Internacional

- Publicada em 06 de Agosto de 2019 às 16:24

Mensagens revelam que presidente do Paraguai sabia de termos do acordo de Itaipu

Conversas divulgadas por jornal mostram que Mario Abdo Benítez sabia dos prejuízos do acordo

Conversas divulgadas por jornal mostram que Mario Abdo Benítez sabia dos prejuízos do acordo


NORBERTO DUARTE/AFP/JC
Uma troca de mensagens divulgada nesta terça-feira (6) pelo jornal ABC Color revela que o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, sabia dos termos do acordo energético de Itaipu assinado com o Brasil em 24 de maio.
Uma troca de mensagens divulgada nesta terça-feira (6) pelo jornal ABC Color revela que o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, sabia dos termos do acordo energético de Itaipu assinado com o Brasil em 24 de maio.
O acordo, agora cancelado, elevaria os custos para a empresa estatal de eletricidade do Paraguai em mais de US$ 200 milhões, segundo legisladores e o ex-diretor da entidade.
Em conversas entre fevereiro e junho com o então diretor da estatal energética paraguaia (Ande), Pedro Ferreira, o mandatário o pressiona a assinar o acordo, que, segundo Abdo Benítez, seria essencial para a economia paraguaia.
"PEDRO, apresse [a] solução [entre] ANDE [e] Eletrobras. Está tudo parado. Temos que mover a economia. Itaipué uma ferramenta. Não se pode ganhar totalmente em uma negociação", escreveu, em mensagens de 5 de março.
O diretor da Ande disse inicialmente que "faria o possível", mas mais tarde alertou o presidente que o contrato traria prejuízo estimado em US$ 341 milhões ao Paraguai, além de fazer com que os preços da energia para os paraguaios subissem.
A ata com os termos negociados, assinada em Brasília, não foi divulgada publicamente.
Ferreira mostra-se contrariado e dá a entender que foi pressionado a ficar em silêncio sobre a negociação:"A prova de que é claramente inconveniente o acordo é que querem que o mantenhamos em segredo. Por que aqueles que assinaram e viram a ata não o defendem publicamente?", disse.
Ele temia que um escândalo estourasse."Quando isso estourar para você, eu e o chanceler teremos que tirar a cara. Nada mais vai explicar." O chanceler, Luis Castiglioni, e outros três altos funcionários do governo renunciaram no final de julho após o Executivo paraguaio pedir a anulação de ata.
Antes, em 5 de julho, o presidente da Ande colocou o cargo à disposição."Presidente, se serve de algo, negocie a minha cabeça, não a Ande.Eu não posso assinar algo contrário ao meu país, não conscientemente, e sobretudo algo que creio que vá lhe prejudicar muitíssimo", escreveu.
Ele renunciaria em 24 de julho,após discordar dos termos e se recusar a assinar o acordo, que finalmente veio a público.
As mensagens também mostram que o presidente estava ciente da negociação com a empresa brasileira Leros, tocada por José Rodríguez, advogado que, em outras mensagens reveladas pela TV paraguaia, afirma representar o vice-presidente Hugo Velázquez.
Após a renúncia de Ferreira, partidos de oposição anunciaram a intenção de pedir a abertura do processo de impeachment contra o presidente e o vice por "traição à pátria".
Com o cancelamento do pacto assinado em 24 de maio, a formalização do pedido de afastamento arrefeceu, mas a intenção de julgar o presidente politicamente pode voltar a ganhar força.
Agora, os dois países terão se sentar novamente à mesa para voltar a negociar a potência de energia que o Paraguai deverá comprar até 2022.
Folhapress
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