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Internacional

- Publicada em 31 de Julho de 2019 às 03:00

Esquerda começa a rever apoio a Nicolás Maduro

Para o ex-presidente uruguaio José Mujica, governo de Maduro é uma ditadura

Para o ex-presidente uruguaio José Mujica, governo de Maduro é uma ditadura


JOHAN ORDONEZ/AFP/JC
O ex-presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, afirmou a uma rádio local que o governo da Venezuela "é uma ditadura, sim". O fato de ele e o candidato de sua coalizão, a esquerdista Frente Ampla, Daniel Martínez, terem feito críticas ao regime do presidente Nicolás Maduro fortalece as posições tanto do Grupo de Lima como do Mercosul.
O ex-presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, afirmou a uma rádio local que o governo da Venezuela "é uma ditadura, sim". O fato de ele e o candidato de sua coalizão, a esquerdista Frente Ampla, Daniel Martínez, terem feito críticas ao regime do presidente Nicolás Maduro fortalece as posições tanto do Grupo de Lima como do Mercosul.
Quanto ao segundo bloco, os documentos finais dos últimos encontros foram brandos com relação a Maduro porque o atual presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, admitia a situação difícil do país - falando em crise humanitária, mas nunca em ditadura -, pois considerava que qualquer crítica acima disso seria uma ingerência. A Frente Ampla é uma coalizão de partidos de esquerda. O grupo de Vázquez tem visão mais anti-Maduro; porém, é minoria no Congresso. Para ter apoio interno e governabilidade, teve de baixar as críticas a Maduro porque o bloco liderado por Mujica, o dos ex-Tupamaros, era fiel apoiador do regime venezuelano.
Isso mudou a partir das declarações de Mujica e de Martínez, ex-prefeito de Montevidéu considerado mais moderado. Ainda assim, é preciso levar em conta que Martínez está em campanha e lidera as pesquisas para a eleição presidencial de outubro. Não há como imaginar que as declarações não visem também a interesses de campanha.
Fora do Uruguai, as principais lideranças de esquerda da América Latina há tempos vêm desembarcando do apoio a Maduro, a começar pela vizinha Colômbia. Gustavo Petro, ex-guerrilheiro que perdeu as eleições de 2018 para o centro-direitista Iván Duque, foi aliado de Hugo Chávez (1954-2013) e, no começo do ano, criticou a tentativa de "ingerência dos EUA" nos assuntos da Venezuela.
Cobrado por isso, porém, respondeu: "Não apoio Maduro, não creio em revoluções sustentadas pela matéria-prima cujo uso intensivo pode matar a vida do planeta. Sou um democrata". A partir de então, envolveu-se em um debate agressivo pelas redes sociais com o homem-forte do chavismo, Diosdado Cabello, que o acusou de haver pedido dinheiro para campanha ao regime Maduro e depois ter virado de lado.
Sergio Fajardo, centrista colombiano com discurso mais à esquerda, disse, em discurso recente, que "Maduro está dando uma lição sobre como destruir uma sociedade". Entre os colombianos, o único setor da esquerda a apoiar Maduro é minoritário. Trata-se da Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc), partido da antiga guerrilha. A sigla mandou dois representantes à última reunião do Foro de São Paulo, em Caracas.
A posição de Evo Morales, presidente da Bolívia que também busca a reeleição em outubro, continua alinhada a Maduro. Nas últimas reuniões do Mercosul, das quais participa não como Estado-membro, tratou do tema demonstrando preocupação com a crise humanitária, mas sustentando que os problemas da Venezuela têm de ser resolvido pelos venezuelanos.
À Folha de S.Paulo, seu vice, García Linera, disse: "Sabemos que é complicado, mas apoiar que outros países decidam o destino de um país abre um precedente terrível para a região e para o mundo".
Evo não foi à reunião do Foro, mas seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), mandou representantes. A Bolívia, ao lado de Nicarágua e Cuba, continua sendo o eixo de apoio de Maduro.
O Equador saiu de uma espécie de posição neutra, apesar de ser governado pela esquerda, e passou a integrar como observador o Grupo de Lima. Além disso, passou a exigir vistos dos venezuelanos que migram para este país.
Já o México, do presidente esquerdista Andrés Manuel López Obrador, que não reconhece o oposicionista Juan Guaidó como presidente interino, também usa o argumento da soberania venezuelana.
Na Argentina, antes apoiador de Maduro, o kirchnerismo de Néstor (2003-2007) e Cristina (2007-2015) hoje tem se afastado do discurso. Curiosamente, Alberto Fernández e Cristina Kirchner, oposição à candidatura governista de Mauricio Macri, tem usado o chavismo como contraexemplo. "Macri dizia (em 2015) que, se ele não fosse eleito, a Argentina viraria a Venezuela, mas estamos virando a Venezuela agora, com ele", afirmou Cristina em evento na semana passada, ao se referir à alta inflação do país.
 
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