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Internacional

- Publicada em 28 de Julho de 2019 às 17:07

Telejornais chineses têm apresentadores virtuais de notícias

Bi Yuming com a apresentadora Xin Xiaomeng em telejornal da Agência Xinhua

Bi Yuming com a apresentadora Xin Xiaomeng em telejornal da Agência Xinhua


PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Patrícia Comunello
Os chineses já estão consumindo notícias apresentadas por âncoras virtuais. Como é isso? Os 'apresentadores’ são criados a partir de referências de expressões faciais, gestos e voz dos âncoras reais, usando inteligência artificial. A estreia foi em fim de 2018 em uma iniciativa da agência de notícias chinesa Xinhua. Os noticiários estão disponíveis na internet, mas não ainda em televisão convencional.
Os chineses já estão consumindo notícias apresentadas por âncoras virtuais. Como é isso? Os 'apresentadores’ são criados a partir de referências de expressões faciais, gestos e voz dos âncoras reais, usando inteligência artificial. A estreia foi em fim de 2018 em uma iniciativa da agência de notícias chinesa Xinhua. Os noticiários estão disponíveis na internet, mas não ainda em televisão convencional.
O auge da atuação dos robôs-âncoras foi em um evento do Partido Comunista Chinês em março. A apresentadora virtual Xin Xiaomeng abriu a cerimônia das duas sessões, com reuniões da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e o Congresso Nacional do Povo Chinês, órgão máximo de decisão e da legislatura do país. Xin é inspirada na jornalista Qu Meng, que atua nos noticiários da Xinhua.
A vice-diretora do escritório de português do departamento exterior da Xinhua, Bi Yuming, disse, em seminário em Pequim, capital chinesa, a jornalistas e órgãos oficiais de imprensa do Brasil, Angola, Guiné Bissau, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, que os “robôs” foram bem recebidos pelo público.
> Veja um trecho de um jornal com um apresentador virtual como âncora
“Os apresentadores atraíram muita curiosidade, é algo novo”, observou Bi, citando que a iniciativa pioneira buscou abrir caminho para uso em outras operações de mídia estatal na China. O governo chinês tem televisão própria, a CCTV, que hoje integra o China Media Group, junto com a Rádio China Nacional e Rádio China Internacional. A reestruturação recente dos meios integrou as produções para distribuição dos canais de TV, jornais, voz e web. Além da web, a Xinhua oferta conteúdo com os robôs para assinantes da agência.
A novidade foi desenvolvida com a empresa de tecnologia em AI, Sogou, que já atua com sistemas de busca com robôs, que cada vez mais são usados nas mais diversas tarefas e áreas. O primeiro âncora foi Qiu Hao, que entrou no ar em novembro de 2018. No primeiro semestre deste ano, Qiu ganhou uma versão mais avançada, Xin Xiaohao, que consegue apresentar as notícias em pé.
O desafio é o tempo para assimilar os textos e transmitir, sincronizando expressões, gestos e voz para que seja quase imperceptível a diferença para humanos. Bi citou que os apresentadores virtuais oferecem vantagens, como poder trabalhar 24 horas e não cometer erros. Além disso, podem ser aplicados para várias inserções e programas. Baseados em AI, os âncoras se desenvolvem a partir do aprendizado e mais referências das pessoas reais. Até março, foram mais de 10 mil minutos no ar e 3,4 mil notícias com a nova geração de âncoras.
Os investimentos em novas tecnologias, com uso de AI e outros recursos digitais para ofertar conteúdo, seguem definições da cúpula política chinesa. A vice-diretora da Xinhua citou que o presidente chinês, Xi Jinping, vem destacando o crescimento e maior influência das novas mídias, com uso mais intenso smartphones e interesse por vídeo, além da interação com os meios tradicionais.
O governo chinês fala em “desenvolvimento acelerado” dos novos meios, que ganham impulso com a nova geração internet móvel do 5G, uso de bigdata, AI e nuvem para armazenar e processar informações. Em janeiro, Xinping afirmou que as plataformas móveis devem ser prioridade. A integração das mídias estatais segue essa ênfase.
Questionada pelos jornalistas no seminário nesse sábado (26), em Pequim, se os apresentadores virtuais vão tirar o espaço ou acabar com o ofício do jornalista, Bi lembrou que a tecnologia retira espaço de funções em outros segmentos, mas no jornalismo tem um território que se mantém como primazia do profissional de verdade. “Na China, temos um ditado: o conteúdo é a voz de tudo, é o rei”.
Inteligência artificial pauta mais projetos
Apresentador virtual e convergência de mídias são apenas duas frentes priorizadas pelos meios ser de comunicação chineses. A Xinhua intensiva ações para maior interação entre usuários e robôs para resolver demandas de informações como previsão do tempo, noticias rápidas e outros serviços que demandam respostas rápidas.
Para potencializar a geração de conteúdos em vídeo, a agência criou o Cérebro Mágico, núcleo que produz vídeos desde 2017 a partir de um banco de dados multimídia e que se baseia também em AI. A Copa do Mundo da Rússia foi um dos eventos que geraram mais conteúdos e acessos. Segundo Bi, o tempo de de produção é de 15 segundos. “É uma solução para vídeos curtos. Para estes casos, o Cérebro Mágico por fazer bom trabalho”, aposta.
Outro canal potente de comunicação com o público a partir de smartphones é o aplicativo WeChat (equivalente ao WhatsApp, cujo acesso é bloqueado na China, como as redes Facebook e Instagram, além do Google e YouTube). A agência cria grupos de interesse para receber conteúdos e mantêm conexão diária. A vice-diretora da agência observa que fatores como geração própria da informação, confiança e identificação são decisivos na interação e fidelização do público.
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