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Reino Unido

- Publicada em 25 de Julho de 2019 às 03:00

Para Johnson, Brexit sem acordo é improvável

Premiê criticou indiretamente sua antecessora, Theresa May, por não tomar decisões

Premiê criticou indiretamente sua antecessora, Theresa May, por não tomar decisões


BEN STANSALL/AFP/JC
O novo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou ontem que a saída do país da União Europeia (UE) sem acordo entre as partes é uma "possibilidade remota". Reiterou, porém, que o desligamento vai se concretizar até o dia 31 de outubro deste ano, sem "se" ou "mas", insistindo em sua promessa de campanha: um Brexit nessa data, ou seja, doa a quem doer.
O novo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou ontem que a saída do país da União Europeia (UE) sem acordo entre as partes é uma "possibilidade remota". Reiterou, porém, que o desligamento vai se concretizar até o dia 31 de outubro deste ano, sem "se" ou "mas", insistindo em sua promessa de campanha: um Brexit nessa data, ou seja, doa a quem doer.
No primeiro discurso após receber da rainha Elizabeth II a incumbência de formar um governo, o líder conservador afirmou que não deseja um "no deal" (separação sem pacto, o que significaria uma mudança no status da relação entre Londres e a Europa da noite para o dia, sem fase de transição). Disse acreditar que seja possível alcançar um entendimento que não envolva controles alfandegários na fronteira irlandesa - a do Norte é parte do Reino Unido, enquanto a República da Irlanda é país-membro da UE. Isso, desde que a solução não passe pelo chamado "backstop", mecanismo que prevê a criação de uma grande união aduaneira temporária para evitar checagens de mercadorias entre Sul e Norte.
Ninguém quer a volta da fronteira "dura" na ilha, uma das fagulhas de um conflito entre nacionalistas (pró-reunificação das Irlandas) e unionistas (favoráveis à permanência do Norte do Reino Unido) que deixou mais de 3,5 mil mortos de 1968 a 1998. O backstop é a principal razão para o acordo fechado pela antecessora de Johnson, Theresa May, ter sido recusado três vezes pelo Parlamento britânico, deixando a chefe de governo sem alternativa que não a de renunciar ao cargo.
Os críticos da medida argumentam que ela ataria o Reino Unido ao bloco europeu por tempo indeterminado, comprometendo sua soberania. É fato que, dentro da união aduaneira, Londres não poderia fechar acordos comerciais por conta própria. A UE tem dito repetidamente, e novamente após a vitória de Johnson, que o dispositivo não será abandonado.
O Brexit deveria ter acontecido no fim de março deste ano. Como May não conseguia convencer seus deputados a endossar o pacto acertado com a União Europeia, foi adiado por algumas semanas, e mais tarde, por alguns meses. "Vamos fazer um novo acordo, um acordo melhor que vai ampliar as oportunidades do Brexit ao mesmo tempo em que vai nos permitir desenvolver uma relação nova e estimulante com o resto da Europa, com base em livre comércio e apoio mútuo", garantiu Johnson.
Para o novo premiê, "chegou a hora de agir, de tomar decisões, de fornecer uma liderança firme". Foi uma estocada em sua antecessora, tida por opositores e mesmo correligionários como insegura e demasiado propensa a buscar consensos impossíveis.
Em outro momento, ele disse que "o problema dos últimos três anos (período transcorrido desde o plebiscito que determinou a saída da União Europeia e também o tempo que May passou no cargo) não foram as decisões tomadas, mas a falta delas". Fazendo um aceno aos partidários do Brexit, Johnson acrescentou que, "em caso de 'no deal', teremos uma injeção de recursos de 39 milhões de libras". Ele se refere à multa que Londres deveria pagar ao bloco do qual tenta se desvencilhar, se houvesse um acordo (e um "acerto de contas") antes da despedida.

Secretários entregam cargos após a posse de Boris Johnson

Os secretários de Defesa, Justiça, Relações Exteriores e Negócios, Energia e Estratégia Industrial entregaram seus cargos após a posse de Boris Johnson como premiê.
O secretário de Justiça, David Gauke, afirmou que foi um privilégio atuar no governo por mais de nove anos e, durante os últimos três, como membro do gabinete de Theresa May. Ele espera que Johnson cumpra a meta de deixar a UE, mas alerta que isso deve ser negociado. "Sem acordo, temo pela prosperidade, segurança e unidade do Reino Unido", alertou. Os demais demissionários - Greg Clark (Negócios, Energia e Estratégia Industrial), Penny Mordaunt (Defesa) e Jeremy Hunt (Relações Exteriores) - seguiram no mesmo tom em seus comentários.