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Internacional

- Publicada em 03 de Junho de 2019 às 03:00

Veterano, Alberto Fernández é camaleão ideológico

Fernández concorre na chapa peronista com Cristina Kirchner de vice

Fernández concorre na chapa peronista com Cristina Kirchner de vice


/DANTE FERNANDEZ/AFP/JC
Nas primeiras aparições como provável candidato à presidência pelo kirchnerismo - corrente do peronismo liderada por Cristina Kirchner -, Alberto Fernández, de 60 anos, tem reforçado o vínculo que teve com o ex-presidente Néstor Kirchner (1950-2010), antecessor e marido de Cristina.
Nas primeiras aparições como provável candidato à presidência pelo kirchnerismo - corrente do peronismo liderada por Cristina Kirchner -, Alberto Fernández, de 60 anos, tem reforçado o vínculo que teve com o ex-presidente Néstor Kirchner (1950-2010), antecessor e marido de Cristina.
Passada a surpresa dos argentinos de que Cristina não se apresentaria, ao menos num primeiro momento, como candidata a presidente, e sim a vice, colocando Fernández no alto da chapa, as atenções agora estão todas voltadas a esse veterano da política argentina. Seus discursos têm reforçado o fato de que, como chefe de gabinete do governo de Néstor (2003-2007), Fernández ajudou "a reconstruir o país a partir das cinzas".
Isso porque a gestão de que fez parte assumiu a presidência após a hecatombe política e econômica de 2001. A Argentina estava em uma situação dramática, com o peso desvalorizado, internacionalmente desmoralizada e com a pobreza beirando os 50% da população.
"Sabemos sair do labirinto porque já fizemos isso antes", repete hoje Fernández, comparando aquela crise com a situação atual da Argentina, sob a batuta do cada vez mais impopular presidente Mauricio Macri, com inflação de 15,6% acumulada em 2019, 33% de pobreza e a perspectiva de encolhimento do PIB até o fim do ano. Porém, vincular-se exclusivamente ao exitoso mandato de Néstor Kirchner, no qual a Argentina, ao sabor do "boom das commodities", chegou a crescer 8% ao ano, é contar apenas uma parte de sua história.
A biografia de Alberto Fernández começou antes e tem elementos para agradar ou desagradar distintos campos ideológicos. Seu início na política, quando ainda era estudante de Direito, deu-se por meio de uma pequena agrupação nacionalista de direita, na qual se destacou como bom orador.
Nos anos 1980, com a redemocratização do país após o regime militar (1976-1983), Fernández integrou o governo de Raúl Alfonsín (1983-1989), do partido que na época era o principal rival do peronismo, a União Cívica Radical. Lá, ocupou o cargo de subdiretor-geral de assuntos jurídicos do Ministério da Economia. Com o fim desastroso da gestão Alfonsín, que deixou o cargo antes da data prevista devido a um processo hiperinflacionário, Fernández abandonou a sigla e se aproximou do peronismo, que voltava ao poder com a eleição de Carlos Menem (1989-1999).
Durante o menemismo, Fernández foi superintendente de seguros da nação argentina. Nesta época, começou a se relacionar com muita habilidade com os grandes meios de comunicação do país, como o Clarín e o La Nación. Para alguns analistas políticos, como Carlos Pagni, a escolha de Cristina ao colocar Fernández como cabeça da chapa presidencial tem a ver, também, com isso. Cristina sempre teve péssima relação com a mídia e Fernández poderia servir como amenizador desses ataques.
Do menemismo - que foi um peronismo identificado com o neoliberalismo -, Fernández saltou para o kirchnerismo - um peronismo que se considera de esquerda. Primeiro, foi chefe da campanha de Néstor. Depois, passou a comandar seu gabinete de ministros. Permaneceu no posto durante toda a gestão e no primeiro ano do governo de sua sucessora e mulher, Cristina. Depois disso, curiosamente, foi se afastando do kirchnerismo e passou a criticar com intensidade o governo de Cristina. Por isso, a surpresa de todos ao saber que ela concorreria como vice de Fernández foi ainda maior.
Fernández se opõe a uma reforma do Judiciário, que o vincule mais ao Executivo. Também é contra o aumento da tributação dos grandes empresários rurais. Da mesma forma, está mais próximo do livre mercado, o que pode trazer ao núcleo duro dos eleitores tradicionais do kirchnerismo parte dos descontentes com o desempenho de Macri. 
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