O procurador especial Robert Mueller quebrou um silêncio de dois anos e falou sobre a investigação da influência russa na eleição norte-americana. Em declaração curta, ele rejeitou inocentar Donald Trump e afirmou que cabe ao Congresso - e não a ele - indiciar um presidente no exercício do mandato. As declarações aumentaram a pressão para que os democratas iniciem um processo de impeachment na Câmara.
"Como consta no relatório, depois da investigação, se nós tivéssemos tido a confiança de que o presidente não cometeu um crime, teríamos dito isso", afirmou Mueller. A declaração, que veio junto com o anúncio de que ele estava se demitindo do serviço público, jogou o tema no colo do Congresso e ressuscitou o tema do impeachment, que vinha perdendo força.
Os candidatos que pretendem disputar a eleição presidencial de 2020 contra Trump se mostraram a favor da abertura de um processo de impeachment, com diferença na intensidade das manifestações. Por enquanto, a resistência está nos líderes do Congresso.
A presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, tem acalmado os ânimos dentro do partido sobre o impeachment e terça-feira manteve o tom, em sintonia com o presidente da Comitê Judiciário, Jerry Nadler. Ambos defenderam que o Congresso vá fundo em investigações sobre Trump. "Cabe ao Congresso responder às mentiras, crimes e irregularidades do presidente", disse Nadler. Mas, sobre o impeachment, os dois democratas se limitaram a dizer que a opção não está descartada.
Nos últimos dois meses, a sombra da investigação de Mueller saiu da Casa Branca e passou a pairar sobre os democratas. Desde que o procurador especial concluiu a investigação, a oposição se vê diante de um impasse. De um lado, as conclusões são graves o bastante para que o eleitorado fiel aos democratas e crítico a Trump deixe a história para trás. De outro, líderes do partido entendem que deixar de debater temas locais para investir no impeachment pode levar a população à exaustão e, se o processo for malsucedido, os democratas sairão desgastados às vésperas da eleição.
A despeito de o procurador ter deixado claro que não inocentou o presidente, Trump voltou a repetir que não foram colhidas provas suficientes para incriminá-lo. "Nada muda em relação ao relatório de Mueller. Havia prova insuficiente, e, no nosso país, a pessoa é inocente. O caso está encerrado!", tuitou Trump.