Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

relações internacionais

- Publicada em 12 de Novembro de 2018 às 21:45

A guerra dos tanques, aviões e metralhadoras

Soldado francês segura um crânio em um campo de batalha da Primeira Guerra Mundial

Soldado francês segura um crânio em um campo de batalha da Primeira Guerra Mundial


STR/AFP/JC
O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando gerou forte reação por parte de Áustria-Hungria. O império buscou um confronto com a Sérvia, e, em 23 de julho, um ultimato foi apresentado a Belgrado, que recusou um dos termos. Cinco dias depois, o império austro-húngaro declarou guerra à Sérvia. Essa foi a primeira de uma série de declarações que vieram a seguir. A diplomacia tentou evitar o uso das armas, mas não conseguiu se impor aos chefes militares. Assim, no dia 1 de agosto de 1914, a Alemanha declarou guerra à Rússia, e, no dia 3, à França. Tinha início a Primeira Guerra Mundial.
O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando gerou forte reação por parte de Áustria-Hungria. O império buscou um confronto com a Sérvia, e, em 23 de julho, um ultimato foi apresentado a Belgrado, que recusou um dos termos. Cinco dias depois, o império austro-húngaro declarou guerra à Sérvia. Essa foi a primeira de uma série de declarações que vieram a seguir. A diplomacia tentou evitar o uso das armas, mas não conseguiu se impor aos chefes militares. Assim, no dia 1 de agosto de 1914, a Alemanha declarou guerra à Rússia, e, no dia 3, à França. Tinha início a Primeira Guerra Mundial.
A Alemanha acreditava que a Tríplice Entente (Grã-Bretanha, França e Rússia) se fortalecia e estaria em superioridade em 1916-1917. Era preciso, portanto, antecipar a ação. Além disso, os germânicos apostavam em uma neutralidade britânica. O plano alemão era derrotar a França em uma investida rápida através da Bélgica e, depois disso, investir todas as forças contra a Rússia.
O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Paulo Visentini aponta três erros alemães: acreditar que teria facilidade para cruzar a Bélgica; subestimar os britânicos; e menosprezar os russos. Com o ingresso de Londres e Moscou no conflito, a guerra se espraiou de Leste a Oeste. Nos meses iniciais, as diplomacias tentavam conquistar aliados. O Império Otomano aderiu à Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália), enquanto o Japão juntou-se à Entente.
O fim do primeiro ano de conflito foi de guerra de posições na frente ocidental, com construção de fortificações, trincheiras, barreiras de arame farpado, blindagens, pontos de observação e campos minados. "Iniciava-se uma guerra de desgaste, tensão e esgotamento das forças humanas, técnicas e industriais", destaca Visentini.

Dois milhões de mortos em apenas duas batalhas

O equilíbrio no Ocidente e a insistência alemã em derrotar os russos no Leste marcaram 1915. O ano seguinte, no entanto, presenciou os dois embates mais sangrentos do conflito. Travada de fevereiro a dezembro de 1916, a Batalha de Verdun deixou um gigantesco saldo de mortes - entre 714 mil e 976 mil cadáveres de ambos os lados. Já a Batalha do Somme se deu na região do rio de mesmo nome, também no Nordeste francês. De julho a novembro, mais de 1,1 milhão de soldados morreram (mais de 500 mil alemães, 420 mil britânicos e 202 mil franceses). A carnificina - a maior da guerra - resultou em um avanço de apenas dez quilômetros nos territórios ocupados pelas forças germânicas.
Até 1917, a guerra era, essencialmente, um conflito europeu, havendo fronts secundários nos Bálcãs no Oriente Médio e em colônias africanas alemãs, como Togo, Namíbia, Camarões e Tanzânia. Abril de 1917 marcou a entrada dos Estados Unidos na guerra. Os norte-americanos lucraram com o conflito. Visentini observa que, com empréstimos para França e Grã-Bretanha na casa dos US$ 11 bilhões, somado ao fornecimento de insumos e materiais ao Velho Continente, os EUA tiveram um salto econômico, e o coração do mercado financeiro mundial saiu de Londres e passou a bater em Nova Iorque.
Se o início de 1917 foi de reforço para Entente, com ingresso dos norte-americanos, o final foi de perda, com a saída dos russos do conflito após a tomada do poder pelos bolcheviques - o Tratado de Brest-Litovsk, que oficializou a retirada russa, foi assinado em 3 de março de 1918. Antes disso, em janeiro de 1918, o presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson anunciou a proposta de paz que ficou conhecida como os Quatorze Pontos. O espírito da proposta consistia em incentivo ao livre comércio, direito de autodeterminação dos povos, publicização de tratados, redução dos contingentes militares e criação de uma organização internacional que promovesse e garantisse a paz (a Sociedade das Nações).
Com o fim dos combates no Leste, a Alemanha reforçou suas tropas no Oeste, realizando grandes ofensivas contra Paris em março, maio e julho de 1918, sem êxito. Com a chegada dos EUA, a Entente avançou, e os germânicos recuaram. Uma solicitação de armistício foi ignorada, e, em 20 de setembro, o Kaiser Guilherme II enviou um pedido de paz ao presidente dos Estados Unidos, que não foi respondido. Ciente da superioridade, a Entente fez questão de demonstrar, no campo de batalha, que era a vencedora da guerra.
Em 30 de outubro, o Império Otomano capitulou. A Áustria vinha perdendo terreno e viu operários tomarem Budapeste e proclamarem a independência da Hungria em 31 de outubro. Em 3 de novembro, o Império Austro-Húngaro pediu um armistício. A Aliança ruía.
Na Alemanha, um movimento de contestação se instalou. Uma rebelião de marinheiros em 3 de novembro insuflou o país, desencadeando uma greve geral em Berlim, no dia 8. A Entente havia conseguido o que queria e, assim, respondeu ao pedido de fim de hostilidades. Com um crescimento dos grupos que exigiam o fim da monarquia, um movimento de parte do Partido Socialdemocrata alemão com a elite industrial proclamou a república no país.
Em 11 de novembro, o armistício era assinado, com os alemães tendo de abandonar os territórios franceses e belgas que ainda dominavam, desmilitarizar o território na fronteira ocidental e entregar boa parte do armamento. Mais de quatro anos depois do início, a Primeira Guerra chegava ao fim, com um saldo de 17 a 19 milhões de mortos - sendo 9 milhões de civis.
 

As inovações da guerra


FRANK HURLEY/REPRODUÇÃO/JC
  • METRALHADORAS Eram divididas em modelos leves (de 9kg a 14kg) e pesados (de 40kg a 69kg). No início da guerra, foram utilizadas apenas as metralhadoras pesadas, que eram apoiadas em tripés, exigiam de três a seis homens para operá-las e disparavam até 500 tiros por minuto.
  • TANQUES Os blindados supriram três necessidades das tropas: locomoção, segurança e poder de fogo. O veículo britânico Mark I, de 1916, pesava 28 toneladas e media oito metros de comprimento, possuindo duas versões, uma com um canhão e outra com metralhadoras.
  • ARMAS QUÍMICAS O gás clorídrico foi utilizado a partir de 1915, mas o mostarda era o mais temível, pois provocava queimaduras, abcessos com pus, irritação de mucosas e cegueira, contaminando pelo contato com a pele. Causava uma morte dolorosa e exigia a descontaminação do terreno.
  • AVIÕES A aviação atuou no reconhecimento do terreno. Foi utilizada para bombardeios do solo e combates aéreos. No início, as bombas eram lançadas com as mãos e os tiros, disparados com pistolas e rifles. Em 1918, a aviação de caça já existia, com aviões carregando até 1,5 tonelada de explosivos.