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Investigação

- Publicada em 19 de Outubro de 2018 às 01:00

Em sua última coluna, Khashoggi alerta para silenciamento da mídia

O jornal norte-americano The Washington Post publicou, na noite de quarta-feira, a última coluna assinada pelo jornalista saudita Jamal Khashoggi, que desapareceu depois de entrar no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, no dia 2 de outubro. No texto, ele alerta que governos no Oriente Médio continuam livres para silenciar a imprensa.
O jornal norte-americano The Washington Post publicou, na noite de quarta-feira, a última coluna assinada pelo jornalista saudita Jamal Khashoggi, que desapareceu depois de entrar no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, no dia 2 de outubro. No texto, ele alerta que governos no Oriente Médio continuam livres para silenciar a imprensa.
O Post publicou a coluna mais de duas semanas depois que Khashoggi foi visto pela última vez e apenas algumas horas depois que o jornal turco Yeni Safak noticiou que o jornalista teria sido torturado e morto dentro do consulado. Segundo o veículo turco, funcionários sauditas cortaram seus dedos e então o decapitaram, enquanto sua mulher o esperava do lado de fora.
O governo saudita, incluindo o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, nega qualquer envolvimento no caso. Em uma nota escrita antes do texto, a editora da seção de opinião global do Post, Karen Attiah, disse que recebeu o texto do tradutor e assistente de Khashoggi um dia depois que ele foi dado como desaparecido.
O jornalista começou a escrever para a seção de opinião do jornal em setembro de 2017, e suas colunas criticavam o príncipe e a direção do governo saudita. No último texto, intitulado "O que o mundo árabe mais precisa é liberdade de expressão", ele relatou a prisão de um escritor proeminente que se posicionou contra o governo saudita e citou o incidente no qual o governo egípcio tomou o controle de um jornal.
"Essas ações não provocam mais reação da comunidade internacional. Em vez disso, quando desencadeiam condenações, elas são rapidamente seguidas de silêncio. Como resultado, governos árabes foram liberados para continuar silenciando a mídia em ritmo crescente", escreveu.
Na coluna, ele também discutiu a prática dos governos do Oriente Médio de bloquear o acesso à internet para controlar rigidamente as informações que seus cidadãos podem ver. Khashoggi era um cidadão saudita que entrou em um exílio autoimposto nos EUA com a ascensão do príncipe herdeiro.
Além disso, elogiou o Washington Post por traduzir muitas de suas publicações do inglês para o árabe e disse ser importante para o Oriente Médio ler sobre a democracia no Ocidente. O jornalista também ressaltou ser fundamental que as vozes árabes tenham uma plataforma através da qual sejam ouvidas.

EUA recebeu US$ 100 milhões do governo saudita

A Arábia Saudita transferiu para contas do governo dos EUA US$ 100 milhões (R$ 369 milhões) na terça-feira - dia em que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeu, desembarcou no reino árabe para tratar do caso do desaparecimento do jornalista Jamal Khashoggi, informaram os jornais The New York Times e Washington Post. O dinheiro havia sido prometido ao governo de Donald Trump como contribuição aos esforços dos EUA de estabilizar áreas da Síria liberadas do Estado Islâmico.
A transferência é uma vitória para o republicano, que sempre reclama de quanto o país gasta no exterior e exige de aliados contribuições. Mas o timing do negócio levantou questionamentos mesmo de burocratas cujos programas vão se beneficiar dos fundos. "Isso não é coincidência", disse uma fonte envolvida nas políticas para a Síria.