Uma nova investigação da Comissão de Inquérito da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a Síria denuncia o regime de Bashar al-Assad por crimes de guerra. A iniciativa, liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, obteve novas provas de que Damasco usou armas químicas para reconquistar algumas das principais cidades que estavam sob controle da oposição e de grupos terroristas.
O relatório revela que mais de 1 milhão de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas em apenas seis meses, em razão do avanço das forças militares de Assad - um nível de deslocados "sem precedentes" nos sete anos de conflito armado. De acordo com a comissão, forças pró-Assad seriam responsáveis por ataques aéreos contra Ghouta e Yarmouk. "Para recapturar Ghouta, em abril, lançaram diversos ataques indiscriminados em áreas densamente ocupadas por civis, incluindo o uso de armas químicas." Os ataques ocorreram nos dias 22 de janeiro e 1 de fevereiro.
"Em ambos os incidentes, vítimas e testemunhas, incluindo médicos, descreveram sintomas similares, incluindo problemas respiratórios, tosse, ardência nos olhos, irritação na garganta e náusea", diz a investigação. "Testemunhas indicaram o cheiro de cloro."
A comissão também apontou que, no que se refere à munição, tem evidências materiais de que se trata de um modelo usado exclusivamente pelo governo e, raramente, por milícias pró-Assad. A investigação ainda apontou que a "munição documentada foi construída com artilharia iraniana, conhecida por ter sido fornecida às forças comandadas pelo governo da Síria". "A comissão conclui que, nesses dois casos, forças do governo e milícias afiliadas cometeram crimes de guerra ao usar armas proibidas e lançar ataques indiscriminados contra a população civil", completa a investigação.
As investigações ainda tentam descobrir se outro crime de guerra ocorreu no dia 7 de abril, em Duma, também por uso de armas químicas, que teriam causado a morte de, pelo menos, 49 pessoas e deixado 650 feridos.