Da mesma forma súbita e inesperada como havia apresentado sua renúncia, na semana passada, o senador reeleito mais votado da Colômbia, o ex-presidente Álvaro Uribe, de 66 anos, anunciou ontem que não abrirá mão de seu cargo. A notícia havia alarmado seus seguidores e também o presidente eleito, Iván Duque, que contava com seu apoio no Parlamento para tocar as reformas que têm em mente.
Uribe havia sido acusado pela Justiça de pagar propinas para convencer um paramilitar preso, Juan Guillermo Monsalve, a fazer declarações contra o senador Iván Cepeda, seu principal rival no Congresso, que vinha revelando outros supostos delitos do ex-presidente. Essas propinas teriam sido pagas a intermediários, entre eles um congressista do partido de Uribe, o Centro Democrático, e advogados, cujos nomes não foram revelados.
Em sua renúncia, o ex-presidente dizia que não podia ficar no cargo sem deixar esse caso claro. O problema é que, ao fazê-lo, perderia o foro privilegiado, o que poderia expô-lo a outras denúncias, de corrupção e de abusos de direitos humanos, que já estão abertas contra ele, porém congeladas por conta de seu escudo parlamentar.
Cepeda disse que a movimentação de Uribe foi feita para ludibriar os colombianos e criar um desvio de atenção com relação às outras denúncias, mais graves, e que a renúncia não era para valer desde o princípio.