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- Publicada em 19 de Abril de 2022 às 13:20

Megaoperação contra facção gaúcha resulta em 58 presos e R$ 50 milhões apreendidos

Operação deflagrada nesta manhã investiga maior esquema de lavagem de dinheiro gaúcho

Operação deflagrada nesta manhã investiga maior esquema de lavagem de dinheiro gaúcho


PCRS/DIVULGAÇÃO/JC
Fernanda Soprana
Megaoperação deflagrada nesta terça-feira (19) pela 1ª Delegacia de Sapucaia do Sul resultou na prisão de 58 pessoas e a apreensão de pelo menos R$ 50 milhões em bens e valores. A Operação Kraken é um desdobramento das investigações que identificaram o maior esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado gaúcho, realizadas pela Polícia Civil com o apoio do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS).
Megaoperação deflagrada nesta terça-feira (19) pela 1ª Delegacia de Sapucaia do Sul resultou na prisão de 58 pessoas e a apreensão de pelo menos R$ 50 milhões em bens e valores. A Operação Kraken é um desdobramento das investigações que identificaram o maior esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado gaúcho, realizadas pela Polícia Civil com o apoio do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS).
Segundo a Polícia Civil, os valores foram obtidos principalmente através do tráfico de drogas e crimes patrimoniais, como roubos, latrocínios e outros. O dinheiro era maquiado e investido de forma empresarial por uma facção gaúcha, que atua no Estado e em parte do Sul do país, além de possuir conexões internacionais.
No total, 1.302 agentes públicos cumprem 1.368 ordens judiciais nesta manhã, dentre as quais estão 273 mandados de busca e apreensão, 66 ordens de prisão, 38 sequestros de imóveis do crime, 102 veículos com decretação de perdimento (incluindo marcas de luxo como Maserati, Audi, Cadillac e Camaro), 190  contas bancárias bloqueadas e 812 quebras de sigilo fiscal, bancário, tributário e bursátil.
A operação foi deflagrada em 38 cidades em diversas regiões gaúchas: Porto Alegre, Canoas, Sapucaia do Sul, Esteio, Eldorado do Sul, Nova Santa Rita, Guaíba, Gravataí, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Alvorada, Sapiranga, Parobé, Campo Bom, Igrejinha, Três Coroas, Rio Grande, Caxias do Sul, Passo Fundo, Ijuí, Santa Cruz do Sul, Charqueadas, Arroio dos Ratos, Venâncio Aires, Montenegro, Lajeado, Vera Cruz, Candelária, Cruz Alta, Capão da Canoa, Imbé, Xangrila, Frederico Wesphalen e São Gabriel. Também foram contemplados outros quatro estados brasileiros, nos municípios de Maringá (Paraná), Balneário Camboriú e Tubarão (Santa Catarina), além de Campo Grande e Ponta Porá (Mato Grosso do Sul).
Com base nas investigações, a PC afirma que "todo o tipo de conduta ilícita capaz de gerar lucro é praticada pelos membros". Mais especificamente, o órgão aponta os seguintes crimes:
  • Prática ampla e complexa lavagem de bens e valores oriundos dos feitos de tráfico de entorpecentes;
  • Comércio ilegal de armas de fogo;
  • Comércio ilegal de pedras preciosas;
  • Crimes patrimoniais (roubo, furto, extorsão e estelionato);
  • Crimes contra a fé pública (falsificação de documentos, falsidade ideológica e adulteração de sinal identificador de veículo automotor);
  • Comércio ilegal de camisetas e símbolos de órgãos e instituições públicas; entre outras infrações penais.
Provas coletadas ao longo deste ano e em investigações anteriores indicaram o envolvimento de 207 pessoas na organização criminosa— a grande maioria dos membros ativos teve identidade e função específica em diversas camadas da hierarquia do grupo confirmadas pelos investigadores. A polícia afirma que o esquema de caráter empresarial nasceu no Vale do Rio dos Sinos, atuando com uma espécie de código interno, apoiado por uma rede e um banco criminosos.

O início das investigações

No final de 2020, a 1ª DP/Sapucaia do Sul deflagrou as primeiras ações que deram início à Operação Kraken, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Os agentes apreenderam R$ 10 milhões em bens móveis, imóveis e de contas bancárias - valores associados ao grupo considerado a maior organização criminosa em atividade do Sul do Brasil.
Desde então, as equipes mapearam o organograma, a base de atuação, os ramos de condutas criminosas e a logística dos membros da facção. A Polícia Civil afirma que cinco lideranças do grupo já foram indiciadas pelo envolvimento e 102 integrantes foram presos. Também foram apreendidos mais de 10kg de entorpecentes e 11 armas de fogo.
"O tráfico ilícito de entorpecentes é o principal gerador de lucros do grupo, o qual controla a entrada da maior parte de drogas no estado, seja por rota terrestre, ou via aérea. A investigação comprovou que o grupo possuía pilotos de aeronaves que traziam diariamente dezenas de quilos de drogas do exterior", diz a PCRS, em nota.
Já o tráfico de armas de fogo envolve todos os tipos de calibre, incluindo metralhadores .05, capazes de derrubar aeronaves. Quanto à lavagem de dinheiro, os oficiais destacam que o crime é altamente sofisticado, abrangendo a
aquisição de imóveis e veículos de luxo na capital, Região Metropolitana e os litorais gaúcho e catarinense. Também foram identificadas aquisições de empresas para conversão de valores nos ramos mobiliário, automotivo e de metais preciosos.
A maior parte dos delitos é coordenada internamente no sistema penitenciário, segundo a PCRS.
"As lideranças do grupo criminoso se encontram recolhidas em penitenciárias gaúchas e em penitenciária federal, mas seguem coordenando os crimes do grupo. Foi possível constatar um esquema complexo de remessa de telefones celulares para o interior das penitenciárias com auxílios de drones, visando fornecer comunicação às lideranças", destaca o órgão.
A PCRS ainda apurou infrações penais cometidas dentro do sistema penitenciário, como sorteios e rifas de armas de fogo.
A atuação da organização se estende ao território nacional, incluindo estados como Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, e internacional. As investigações relatam conexões com integrantes de cartéis de drogas no México, na Bolívia e na Colômbia.
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