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- Publicada em 03 de Dezembro de 2021 às 09:47

'Não pode espuma', teria dito engenheiro que fez projeto para a Kiss

Pedroso disse que na vistoria no MP 'não havia nenhum tipo de espuma'

Pedroso disse que na vistoria no MP 'não havia nenhum tipo de espuma'


Reprodução/YouTube TJ-RS/JC
Juliano Tatsch
O segundo dia do julgamento dos quatro réus que respondem pelo incêndio na boate Kiss, ocorrido em 27 de janeiro de 2013 e que deixou 242 mortos e 636 feridos, ficou marcado por um depoimento que pode ser decisivo para o futuro dos acusados. 
O segundo dia do julgamento dos quatro réus que respondem pelo incêndio na boate Kiss, ocorrido em 27 de janeiro de 2013 e que deixou 242 mortos e 636 feridos, ficou marcado por um depoimento que pode ser decisivo para o futuro dos acusados. 
A tarde marcou o primeiro depoimento de uma testemunha. Tratou-se de Miguel Ângelo Teixeira Pedroso. O engenheiro civil foi o responsável pela realização do projeto de isolamento acústico da boate Kiss, após a realização de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público gaúcho e os donos da casa noturna. A casa vinha sendo alvo de reclamações da vizinhança em razão do barulho que vazava para fora do estabelecimento.
O engenheiro começou a falar às 15h30min. Ele afirmou que projetou um forramento das paredes da casa noturna com mais uma parede de alvenaria. "A minha sugestão é que se revestissem todas as paredes com outra camada de alvenaria, e que, entre as duas alvenarias, a antiga e a nova, (fosse colocada) uma camada de fibra de vidro, que também é um isolante acústico importante. (...) A única coisa que o Elissandro não concordou comigo é que se colocasse essa alvenaria também no fundo da boate. Ele me disse que no fundo não tinha uma vizinhança perto", afirmou.
Assim, ficou acertado que, nos fundos, seria colocada uma parede de madeira, também com uma camada de lã de vidro. Para o teto, foi colocado no projeto que se isolasse a laje superior com uma camada de gesso acartonado intermediada por uma camada de lã de vidro.
De acordo com Pedroso, o projeto foi executado como previsto. Entretanto, o vazamento sonoro nos fundos da Kiss se manteve. Foi aí que Kiko teria dito que iria colocar espuma. "Ele disse, 'eu quero botar espuma'. Eu disse que não adianta. Espuma se usa para comodidade acústica, para conforto acústico, para evitar reverberação. Em um estúdio, tudo a ver. Nesse caso, o som a ser medido tem de ser exatamente o que sai do instrumento e não o que está reverberando no ambiente", disse a testemunha de acusação.
Segundo o depoente, o dono da Kiss insistiu no uso da espuma como isolante acústico. "O Elissandro disse 'vamos botar espuma'. Eu disse 'não pode botar espuma'", afirmou. Após isso, Kiko teria solicitado um laudo do especialista para verificar a questão do ruído e que, logo depois, a prestação de serviços foi encerrada.
O uso da espuma é um dos pontos centrais da denúncia, na medida em que os gases produzidos pela queima do material teriam sido os principais responsáveis pelas mortes por asfixia química das pessoas que estavam dentro da boate.
De acordo com o engenheiro, "não havia nenhum tipo de espuma", quando da vistoria do Ministério Público para conferir o cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). "Eu só posso deduzir que foi feita uma obra posterior à minha", complementou.
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