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Tecnologia

- Publicada em 27 de Outubro de 2021 às 17:41

Ufrgs integra projeto pioneiro que busca monitorar e otimizar o uso de recursos hídricos

A plataforma é baseada em modelos matemáticos de base física que simulam processos que estão ocorrendo na atmosfera que tem ligação com o fenômeno de evapotranspiração

A plataforma é baseada em modelos matemáticos de base física que simulam processos que estão ocorrendo na atmosfera que tem ligação com o fenômeno de evapotranspiração


Pam Hansen/OpenET/Divulgação/JC
Uma equipe da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) pôde fazer parte de uma iniciativa inovadora de manejo de água, a OpenET. Lançada na última quinta-feira (21), a plataforma foi criada com o intuito de monitorar o processo de evapotranspiração (ET) no oeste dos Estados Unidos, onde o método de irrigação é amplamente empregado na agricultura devido à aridez do solo.
Uma equipe da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) pôde fazer parte de uma iniciativa inovadora de manejo de água, a OpenET. Lançada na última quinta-feira (21), a plataforma foi criada com o intuito de monitorar o processo de evapotranspiração (ET) no oeste dos Estados Unidos, onde o método de irrigação é amplamente empregado na agricultura devido à aridez do solo.
A iniciativa vem sendo desenvolvida desde 2017 por entidades público-privadas e instituições de pesquisas estadunidenses, entre elas o Google, a Agência Espacial Americana (Nasa), o Serviço Geológico (USGS) e Departamento de Agricultura (USDA) dos Estados Unidos. A plataforma também conta com o apoio de organizações não-governamentais e órgãos de gestão de recursos hídricos, além de dezenas de produtores agrícolas.
O professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Ufrgs Anderson Ruhoff foi convidado para participar do projeto devido ao trabalho que desenvolve no Brasil, que tem muita semelhança teórica com a proposta do OpenET. Na época, o professor estava no país norte-americano desenvolvendo pesquisas pela Ufrgs e foi convidado para participar de uma reunião do grupo no início do projeto. "Como as nossas pesquisas eram muito similares - considerando as pesquisas que desenvolvemos no Brasil para aplicações em escala nacional - utilizamos basicamente esse mesmo modelo e implementamos para a região oeste dos Estados Unidos e assim nosso grupo de pesquisa começou a interagir com o OpenET", conta Ruhoff.
Alunos que desenvolviam pesquisas voltadas à área de recursos hídricos do programa de pós-graduação da Ufrgs foram convidados para integrar o projeto. Puderam participar do desenvolvimento do OpenET os pesquisadores Leonardo Laipelt, Bruno Comini de Andrade, Rafael Kayser e Ayan Fleischmann. A equipe gaúcha foi a única de fora dos Estados Unidos a fazer parte do desenvolvimento da plataforma.
A plataforma é baseada em seis modelos matemáticos de base física que simulam processos que estão ocorrendo na atmosfera que tem ligação com o fenômeno de evapotranspiração, como o aumento da temperatura, a incidência de radiação solar e como a superfície e a vegetação interagem com esses processos. Esses modelos são códigos de computadores que são alimentados por dados provenientes de satélites.
"Esses códigos são processados em supercomputadores do Google - essa é a parte que envolve o Google", explica Ruhoff. "Posteriormente os resultados são enviados para as equipes responsáveis pelos modelos, e então utilizamos critérios para avaliar se esses modelos estão consistentes. A gente faz uma checagem para ver se está tudo certo".
Após a checagem pelos integrantes do projeto, os dados são disponibilizados na plataforma através da computação em nuvem e estão à disposição de qualquer usuário. A iniciativa é inovadora no meio, pois é a primeira vez em que esse tipo de tecnologia é aplicado em uma grande área e há uma divulgação transparente dos resultados. Além disso, o uso de múltiplos modelos também é algo inédito, e torna o projeto mais confiável e robusto.
O professor explica que, como o uso da água está sendo monitorado, os agricultores sabem quanto podem e devem usar para irrigar suas plantações, maximizando a eficiência da irrigação e diminuindo as perdas de água, além de auxiliar no trabalho daqueles que gerenciam o uso de água na região. "Elas vão poder agora fazer uma gestão mais adequada, pois sabem quem usa e quanto está sendo usado. Então teve uma repercussão positiva de muitos setores. Em um ambiente com escassez de recursos hídricos, o processo colaborativo é fundamental", diz Ruhoff.

Uma plataforma chamada ET Brasil já está disponível, sob demanda, em território nacional

Uma plataforma chamada ET Brasil já está disponível, sob demanda, em território nacional


ET Brasil/Divulgação/JC
Com o impacto positivo no lançamento da plataforma, pedidos para implementação da tecnologia em áreas estratégicas para a agricultura mundial começaram a surgir - inclusive para implementação no Brasil.
"Uma das ideias é que a gente consiga trazer a plataforma para o Brasil, por exemplo, porque temos situações muito similares, com diversos eventos de secas no país - como atualmente estamos percebendo no aumento do preço dos alimentos e na geração de energia hidrelétrica em função dos reduzidos índices de precipitação - então isso afeta diversos setores produtivos”, salienta o professor. Uma plataforma, chamada ET Brasil, com um dos modelos usado pelo grupo de pesquisa da UFRGS no OpenET, já está disponível sob demanda para o Brasil para estimativas de evapotranspiração e aplicações em agricultura, irrigação e meio ambiente.