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Geral

- Publicada em 25 de Setembro de 2021 às 16:44

Sexualidade ainda é vista como tabu no tratamento de mulheres com câncer

Diálogo pode ser facilitado se o médico iniciar discussões honestas sobre as questões sexuais com a paciente

Diálogo pode ser facilitado se o médico iniciar discussões honestas sobre as questões sexuais com a paciente


Daniel LEAL-OLIVAS/AFP/JC
O tratamento contra um câncer pode ter grande impacto na sexualidade do paciente, mas o assunto ainda é pouco discutido no consultório médico. As mudanças no corpo das mulheres, decorrentes de procedimentos cirúrgicos ou tratamentos como quimioterapia, hormonioterapia ou menopausa induzida, podem afetar o prazer e a autoestima.
O tratamento contra um câncer pode ter grande impacto na sexualidade do paciente, mas o assunto ainda é pouco discutido no consultório médico. As mudanças no corpo das mulheres, decorrentes de procedimentos cirúrgicos ou tratamentos como quimioterapia, hormonioterapia ou menopausa induzida, podem afetar o prazer e a autoestima.
Segundo previsões do Instituto Nacional do Câncer (Inca), entre 2020 e 2022, o País chegará a mais de 66 mil casos de câncer de mama, o que equivale a 29,7% dos diagnósticos. Nos homens, a incidência é muito menor, com uma média de um caso para cada 100 mil indivíduos.
Segundo pesquisa da Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia, das 210 mil mulheres que realizaram cirurgias de câncer de mama no Brasil entre 2008 e 2015, quase 44% (92,5 mil) fizeram cirurgia de mastectomia, que consiste em retirar a mama. "Isso pode significar alterações no sentido do 'eu sexual', que incluem distúrbios com o prazer e a libido", explica a oncologista do Instituto d'Or Sabrina Chagas, que também é vice-presidente do Instituto Nosso Papo Rosa, projeto de conscientização sobre o câncer de mama, o mais comum entre as mulheres. Além disso, afirma a médica, as pacientes enfrentam questões intrapsíquicas, como medo da perda da fertilidade, imagem corporal negativa, depressão e ansiedade.
Um estudo norte-americano publicado no ano passado, que analisou bancos de dados de janeiro de 2009 a julho de 2019, identificou que as principais barreiras para abordar o assunto estão no constrangimento relacionado a falar sobre sexualidade e alterações corporais decorrentes dos tratamentos ou cirurgias. O diálogo é facilitado quando o médico inicia discussões honestas sobre as questões sexuais com a paciente. Para que isso aconteça, são necessários programas de treinamento para esses profissionais, diz Chagas.
A presidente Instituto Papo Rosa, Maria Julia Callas, reforça a importância de escutar as pacientes e respeitar a diversidade de cada uma delas, que não necessariamente terão relação com um homem. "Estamos falando de sexualidade do ser humano como um todo, e faz parte desse acolhimento a possibilidade de o paciente poder falar de maneira livre como ele se identifica."
Na visão da mastologista, houve uma perda na humanização do tratamento oncológico ao longo dos anos. "Ficamos focados na doença, e o paciente é muito mais do que isso. Ele tem uma caminhada solitária. Por mais que tenha uma rede de apoio grande, só ele sabe as angústias e o medo que sente."
Muitas mulheres, por exemplo, são abandonadas por seus maridos após o tratamento. "(Em vários casos), o par da pessoa está confuso e não sabe como lidar com a situação, levando a uma falta de comunicação no relacionamento. Então, às vezes é o profissional quem consegue puxar o assunto. A falta de comunicação pode levar a uma mudança significativa não apenas na vida de um casal, mas de uma família inteira."
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