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Geral
- Publicada em 29 de Julho de 2021 às 20:28Depois de 'colaborar' com neve, ciclone causa forte ressaca no Litoral gaúcho e afeta porto
Na Praia da Cal, em Torres, a ressaca encobriu a faixa de areia e chegou até o calçadão da orla
NANÁ HAUSEN/DIVULGAÇÃO/JC
Patrícia Comunello
Neve caindo em diversas regiões do interior do Rio Grande do Sul num dia. Ressaca das boas no mar do Litoral em outro. Os gaúchos estão tendo uma semana de inverno, um dos mais rigorosos dos anos 2000, para não botar defeito. E com ocorrências climáticas que reúnem ingredientes atípicos, observa a meteorologista da Metsul Estael Sias, que, por causa disso, viu aumentar a demanda pelas análises:
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Neve caindo em diversas regiões do interior do Rio Grande do Sul num dia. Ressaca das boas no mar do Litoral em outro. Os gaúchos estão tendo uma semana de inverno, um dos mais rigorosos dos anos 2000, para não botar defeito. E com ocorrências climáticas que reúnem ingredientes atípicos, observa a meteorologista da Metsul Estael Sias, que, por causa disso, viu aumentar a demanda pelas análises:
"Muito trabalho, kkk (risos). Estou exausta", descreve Estael, descontraindo e já respondendo à primeira pergunta: O que causa a forte ressaca que atinge a costa gaúcha de Sul a Norte nesta quinta-fera (29)?
VÍDEOS JC: Ressaca encobre praia no Litoral Norte do RS
"Um ciclone, que forma em torno dele ventos fortes, e está em uma área mais distante do Litoral, à Sudeste, mas que acaba tendo efeito de empilhar a água, de empurrar o mar contra a costa, provocado pela pista de vento sul. Isso gera ressaca e agitação marítima que as pessoas estão vendo."
O impacto da forte ressaca pode ser medido nas imagens e nos problemas gerados pelas ondas mais altas, para quem está na praia, como em Torres, no Litoral Norte, ou para quem precisa navegar, no Sul.
No Porto de Rio Grande, a movimentação de navios foi suspensa. As embarcações estão impedidas de entrar no canal para acessar terminais ou sair para tomar o Oceano, desde essa quarta-feira (28).
O boletim dos Práticos da Barra do Rio Grande (RG Pilots) informa que a condição é "impraticável total". A Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha emitiu boletim, no começo da semana, prevendo de terça-feira (27) a esta quinta-feira, ventos de até 100 quilômetros por hora e ondas de seis a sete metros de altura.
Na Praia da Cal, em Torres, a água do mar cobre toda a faixa de areia e invade o calçadão, chegando até ruas que conectam ao Centro da cidade. Quem olha para o lado do Morro das Furnas, que é a formação rochosa característica e mais bela da região, só enxerga água. A praia sumiu.
Dono de quiosque estima prejuízo de R$ 3 mil com fios de energia desenterrados pelo mar na Praia da Cal. Foto: Naná Hausen/Divulgação/JC
A ressaca gerou transtorno para o dono de um quiosque que só opera na temporada de verão. O mar desenterrou cabos de energia que estavam cobertos pela areia, estratégia adotada pelo proprietário, o aposentado Nelson Silva Selau, 59 anos, para proteger o material no período do ano sem a atividade na beira-mar.
O prejuízo é avaliado em R$ 3 mil. Ele não sabe como vai repor, pois sobrevive com o salário mínimo do benefício do INSS. Selau e um amigo foram à praia na tarde desta quinta para tentar salvar parte dos fios.
"Não imaginava que pudesse acontecer isso. (Cabos) Estavam enterrados a mais de meio metro de fundura", relata o aposentado. Ele atua há mais de 30 anos no mesmo ponto na praia, mas diz que está preocupado porque, recentemente, a prefeitura reuniu os donos de quiosques (chamaods de quiosqueiros) para comunicar sobre novos valores e exigências para explorar a atividade na orla.
"Fizemos curso de boas práticas, pagamos R$ 172,00. Agora querem que a gente pague novos valores ou terá sorteio", alarma-se Selau.
Ciclone e neve: o que uma coisa tem a ver com a outra?
Há alguma relação entre o ciclone e a neve que atingiu quase 40 cidades do Estado nesta quinta?
"Sem dúvida alguma. O ar polar que está no centro do continente é responsável pelo ar gelado e resfriamento nos diversos níveis da atmofera. Já o ciclone gerou a nebulosidade que provocou a chuva nessa quarta-feira (28) e trouxe nuvens mais carregadas - numa situação de neve normal, essas nuvens são mais rasas", descreve a especialista, que continua:
VÍDEOS JC: Neve em Vacaria e gelo em São José dos Ausentes nessa quinta-feira
"Essas nuvens carregadas provocaram um evento de neve importante na região de São Francisco de Paula, que se pode chamar de nevasca, porque teve rajadas de vento que chegaram a 70 a 80 quilômetros por hora. Em alguns momento, tivemos o vento carregandou horizontalmente a neve, o que não é comum por aqui", acrescenta sobre a intensidade do fenômeno.
"O ciclonne, de um lado do Rio Grande do Sul (Litoral), e a massa de ar polar, de outro lado, é condição clássica para a queda de neve no Estado. Mas o dessa quanta trouxe uma condição especial que favoreceu esse evento mais amplo de neve que afetou diversas regiões com precipitação invernal, chuva congelada e principalmente a neve", arrematou a meteorologista.
VÍDEOS JC: Neve em Gramado na quarta-feira
Outro detalhe, já relacionado ao frio, tem a ver com a entrada de uma massa de ar polar, cujo centro estava na manhã desta quinta-feira (29) sobre a Argentina e que está se deslocando e desembarca nesta sexta-feira (30) no Rio Grande do Sul.
E qual é o impacto dessa nassa de ar polar?
"O que vai derrubar ainda mais as temepearuras", adveret a meteorologista, que já alertava desde a manha edsta quinta para a ocorrçencia de geada seca e rigorosa em área até perto das zonas litorâbeas, mais para terras de interior.
