Médicos emergencistas do Instituto de Cardiologia - Hospital Viamão, gerido pela Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC) estão sem receber o salário há dois meses, depois de receber apenas 50% da remuneração entre março e abril. Segundo o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), são atingidos 32 trabalhadores, que trabalham como prestadores de serviços autônomos à instituição.
O diretor do Simers para a Região Metropolitana, Jefferson Boeira, conta que os profissionais sequer têm um contrato com a empresa que deixe claro a relação entre ambos. "A contratação de médicos autônomos ou pessoas jurídicas é uma prática cada vez mais comum nos hospitais. Sabemos que isso é uma realidade em todas as áreas, porém, é preciso haver o cumprimento dos acordos".
Boeira conta que, no caso do Hospital Viamão, os trabalhadores estão há meses tentando negociar com a direção e não são ouvidos. Recentemente, os médicos decidiram diminuir a carga horária trabalhada e, em resposta, a unidade contratou novos profissionais pagando à vista R$ 160 por hora de trabalho (60% a mais do que os médicos emergencistas recebem normalmente), revelou Boeira.
O Simers tenta marcar uma reunião com a direção da instituição de saúde e a empresa Extremo Sul, que gerencia a escala médica, para dar andamento às negociações. "O interesse dos médicos é chegar a consenso e continuar trabalhando".
Procurado pela reportagem do Jornal do Comércio, o grupo Instituto de Cardiologia - Fundação Universitária de Cardiologia ainda não se manifestou sobre o caso.
Simers demonstra preocupação com a proliferação de contratos precários
Quando os médicos emergencistas do Hospital Viamão decidiram reduzir as horas trabalhadas, rapidamente (em questão de horas) foram repostos por outros profissionais. Este tipo de acontecimento não é inédito e preocupa a área médica, diz o diretor do Simers para a Região Metropolitana, Jefferson Boeira.
Mensagens compartilhadas por grupos de WhatsApp dão agilidade a esses trâmites. Os médicos, muitas vezes, são alocados em seus postos de trabalho em poucas horas.
"Nos hospitais mais informatizados, médios e grandes, há sistemas capazes de checar o registro dos profissionais de saúde e de verificar sua excelência. No entanto, temos relatos de unidades menores, em que os registros são praticamente manuais. Sequer é possível checar se o candidato à vaga é médico", alerta o diretor. Em resposta, o Simers tem monitorado as ofertas de trabalho e os contratos firmados.