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Economia

- Publicada em 20 de Maio de 2021 às 12:42

Alteração na lei de agrotóxicos no RS é retrocesso, dizem especialistas

Larissa Bombardi salientou que 'não há interesse econômico que possa estar acima da vida'

Larissa Bombardi salientou que 'não há interesse econômico que possa estar acima da vida'


Reprodução / JC
Roberta Mello
Os impactos na flexibilização do uso de agrotóxicos no Rio Grande do Sul foram tema de uma Audiência Pública da Assembleia Legislativa realizada na manhã desta quinta-feira (20). O Projeto de Lei 260/2020 que busca liberar a utilização de químicos sem registro de autorização de uso inclusive em seus países de origem é repudiado por ambientalistas, profissionais de saúde e deputados. 
Os impactos na flexibilização do uso de agrotóxicos no Rio Grande do Sul foram tema de uma Audiência Pública da Assembleia Legislativa realizada na manhã desta quinta-feira (20). O Projeto de Lei 260/2020 que busca liberar a utilização de químicos sem registro de autorização de uso inclusive em seus países de origem é repudiado por ambientalistas, profissionais de saúde e deputados
Eles pedem que o governo do Estado, responsável pelo envio do projeto, retire o PL 260 de pauta. Em dezembro do ano passado, a mobilização da sociedade impediu que o governador Eduardo Leite colocasse o PL em votação em regime de urgência na Assembleia.
Contudo, o deputado Edegar Pretto, organizador do encontro, adianta que é preciso continuar atento. "Ainda não foi enviado o pedido de urgência, mas já recebi uma ligação do Palácio Piratini dizendo que o governador vai voltar atrás de sua decisão e colocar o projeto para votação em regime de urgência novamente - o que diminui a possibilidade de discussão", informou Pretto. 
A alteração na Lei Estadual dos Agrotóxicos (Lei 7.747), em vigor desde 1982, é encarada como um enorme retrocesso pelos especialistas participantes da audiência.
A professora da Universidade de São Paulo (USP), Larissa Mies Bombardi, autora do estudo “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”, recentemente apresentado no parlamento europeu, afirmou que os gaúchos protagonizam um momento importante que pode contribuir com a discussão no Brasil inteiro. "Ao proibir o uso de químicos não autorizados em seus países de origem, o Rio Grande do Sul saiu na frente e passou a servir de exemplo para o Brasil e para o mundo. Não há interesse econômico que possa estar acima da vida. Uma vez que tomamos consciência, nunca mais devemos andar para trás", sustentou Larissa. 
A pesquisadora salienta que há um aumento na utilização de químicos no Brasil, evidenciado por estudos de monitoramento de 2010 a 2019. Pesquisas recentes apontam para uma forte relação entre o uso de agrotóxicos e o agravamento de doenças atreladas a esses produtos em regiões do Brasil e também do RS. "É o que tenho chamada de colonialismo molecular", diz Larissa.
As substâncias não são permitidas em grande parte dos países. "O agronegócio é importante, mas também temos que pensar nos danos ambientais e nos agravos à população", complementou o médico, professor e pesquisador do Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Wanderlei Antonio Pignati. 
A integrante do Conselho Estadual da Saúde, Ana Valls, sustentou que o PL 260 é mais um episódio de omissão do governo do Estado no cuidado com a população. Segundo Ana, o Executivo gaúcho "tem se afastado do controle, monitoramento e fiscalização do uso de agrotóxicos no seu território". "Recebemos relatos dos próprios técnicos da Secretaria Estadual de Saúde de que a análise da agua não está sendo feita devido à falta de pessoal e de investimentos no Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul)", denunciou a conselheira. 
Um movimento de resistência e luta pela manutenção da lei 7742/82 vem se articulando. Eles querem a retirada do PL 260/2020 da pauta da Assembleia Legislativa e o cumprimento da lei vigente. Um total de 240 entidades assinou a carta aberta "Mais Vida, Menos Veneno". 
O PL/2020 segue em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da ALRS.
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