O Comitê Interno para Acompanhamento da Evolução da Pandemia de Covid-19 da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) divulgou, na manhã desta quarta-feira (14), nova nota técnica analisando as curvas de casos e de internações na cidade de Pelotas. Segundo o grupo, a volta da cogestão das medidas de distanciamento social, na qual os municípios têm mais autonomia para escolher as ações adotadas, pode trazer mais risco de contágio.
A análise aponta que o relaxamento das restrições, como o decretado pela prefeitura da cidade nesta segunda-feira (13), com a liberação para que bares e restaurantes possam funcionar à noite, recebendo clientes até às 22h, pode ter “consequências graves”.
Conforme o estudo, o período em que a cogestão do sistema de Distanciamento Controlado esteve suspensa – entre 27 de fevereiro e 22 de março - deu resultados práticos, com queda na média do número diário de casos, sendo que esse resultado durou por duas semanas. Em 2 de abril, porém, essa redução cessou, e veio seguida por um aumento de 23% nas infecções.
“A internação em UTI está estável, operando em sua capacidade máxima, com o maior número de internações registrado desde o início da pandemia Isso por si só já é de grande preocupação pois uma parcela dos pacientes que está em UTI vai a óbito. Mas não é só isso: os profissionais de saúde estão esgotados e os insumos necessários para o cuidado desses pacientes (desde luvas até medicamentos) são escassos”, afirma a equipe de pesquisadores na análise do cenário pelotense.
O alerta aponta três situações que precisam ser consideradas pela gestão pública ao decidir quais medidas irá adotar. A primeira diz respeito ao número de internados, que ainda é “bastante alto”. A segunda afirma não ser possível dizer que o número de casos está em queda, sendo necessário ver o que vai acontecer nos próximos dias, visto que “o relaxamento das medidas restritivas pode provocar novo aumento nos casos e internações”. A terceira, por sua vez, lembra que o número médio de óbitos, apesar de estar em queda, segue muito alto.
Por isso, medidas restritivas são importantes até que haja redução prolongada no número de casos e no número de internados em leitos hospitalares”, dizem os cientistas da UFPel.
Pelotas soma 30.022 casos de pessoas contaminadas pelo vírus. Desse total, 27.339 são consideradas recuperadas e 2.063 estão em isolamento, além de 620 óbitos.