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SAÚDE

- Publicada em 30 de Março de 2021 às 18:53

Federação das Santas Casas importará 900 mil ampolas de medicamentos do kit intubação

Fármacos como anestésicos e neurobloqueadores são usados nas UTIs da Covid-19

Fármacos como anestésicos e neurobloqueadores são usados nas UTIs da Covid-19


MIGUEL SCHINCARIOL/AFP/JC
Para buscar uma solução sustentável à escassez de medicamentos anestésicos dos kits intubação utilizados nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), agravada pelo atual cenário da pandemia, a Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul (Federação RS) decidiu importar, pela primeira vez, lotes de pelo menos três dos fármacos mais utilizados. A compra conjunta de 900 mil ampolas será feita de países como Índia e Turquia, e deverá chegar ao Estado entre 22 e 30 dias após a solicitação.
Para buscar uma solução sustentável à escassez de medicamentos anestésicos dos kits intubação utilizados nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), agravada pelo atual cenário da pandemia, a Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul (Federação RS) decidiu importar, pela primeira vez, lotes de pelo menos três dos fármacos mais utilizados. A compra conjunta de 900 mil ampolas será feita de países como Índia e Turquia, e deverá chegar ao Estado entre 22 e 30 dias após a solicitação.
Nesta terça-feira (30), representantes da Federação alinhavavam a lista final de hospitais que participarão do processo. De acordo com Cassiano Macedo, que atua na divisão de Saúde Suplementar da entidade, pelo menos 60 casas de saúde confirmaram a intenção de adquirir os medicamentos diretamente do mercado externo, como forma de minimizar as dificuldades internas de compra e demora do governo federal em adquiri-los para repasse ao Estado. "A intenção não é apenas apagar incêndio, mas construir uma solução diferente e útil para o problema, a médio prazo. O que interessa é abrirmos esse canal e fazermos logo a primeira aquisição conjunta", relata.
A possibilidade de importação desses medicamentos por hospitais e redes hospitalares foi permitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que publicou medidas regulatórias emergenciais nesse sentido, como forma de enfrentar a escassez dos fármacos.
Desde o dia 18 de março a Federação RS já vinha debatendo essa possibilidade e pesquisando alternativas junto ao mercado internacional. Embora os preços dos medicamentos sejam similares no Brasil e no Exterior, a grande demanda interna faz com que os estoques esgotem rapidamente e que os fabricantes passem a aplicar preços abusivos em todo o País. Além das dificuldades em encontrá-los, os valores aplicados não condizem com a realidade das instituições de Saúde.
A compra conjunta permitirá ao grupo ter ainda um preço mais competitivo. A intermediação de todo o processo está sendo feita pela Federação das Santas Casas, mas os contratos e pagamentos dos produtos serão feitos individualmente, a cargo de cada hospital conveniado.
Segundo Macedo, a média de preço de uma ampola dos neurobloqueadores sai por cerca de R$ 3,00 no Brasil. Para cada paciente intubado por Covid-19, por exemplo, são necessárias algumas aplicações por dia para mantê-lo sedado e em condição de receber a ventilação mecânica.
Em julho do ano passado o Estado já havia registrado falta desses medicamentos para atendimento aos pacientes com Covid-19, o que chegou a fazer com que a Secretaria Estadual da Saúde (SES) determinasse o cancelamento de cururgias eletivas. Na época, foram adquiridos sedativos e neurobloqueadores nos mercados nacional e internacional, tanto pelo Ministério da Saúde quanto pelo Estado, e os repasses normalizaram a situação, atualmente agravada pelo recrudescimento da pandemia. "Ano passado não tivemos nada parecido com o que temos agora no RS, pela primeira vez há relatos de escassez total por parte dos hospitais", complementa o representante da Federação RS.
Para se ter ideia da gravidade da situação dos estoques hospitalares, algumas instituições calculam ter os neurobloqueadores para uso apenas por mais um dia, o que poderá determinar a suspensão dos atendimentos, e preocupa tanto as entidades quantos governos municipais e estadual. Na sexta-feira (26), durante a primeira reunião do comitê nacional de enfrentamento à pandemia, o governador Eduardo Leite chegou a cobrar da presidência da República a garantia dos medicamentos do kit intubação, que vêm chegando aos poucos ao Estado.
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Ao longo desta terça-feira o Exército está fazendo a entrega de novo lote dos fármacos vindos do Ministério da Saúde e dos adquiridos diretamente pela SES, material que vem sendo distribuído aos hospitais gaúchos desde a semana passada. São 84,3 mil bloqueadores neuromusculares, sedativos e anestésicos utilizados no kit intubação. De acordo com a SES, a remessa é a maior recebida no Estado desde o início da pandemia, e será destinada a pelo menos 70 hospitais de 58 municípios.
Os suprimentos, que saíram para distribuição em oito veículos do 3º Batalhão de Suprimento, em Nova Santa Rita, serão repassados aos hospitais de acordo com critérios técnicos, baseados nos relatórios de estoque que são encaminhados semanalmente à Secretaria. “O lote de medicamentos recebido do Ministério da Saúde irá beneficiar hospitais com leitos de UTI que integram o sistema de regulação estadual e os medicamentos adquiridos pela Secretaria da Saúde, através da ata nacional, contemplam hospitais com e sem leitos de UTI”, explicou a diretora do Departamento de Gestão da Atenção Especializada da SES, Lisiane Fagundes.
A SES lembra que a responsabilidade pela compra desses medicamentos é das instituições hospitalares, no entanto, por conta da escassez excepcional, registrada em todo o País, governo e Ministério da Saúde vêm intensficando a compra para repasse às casas de saúde "com estoques críticos" e que prestam atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Na Capital, a reportagem contatou três dos principais hospitais que prestam atendimento a pacientes com Covid-19 para saber da situação dos estoques de medicamentos utilizados no kit intubação. No Hospital de Clínica de Porto Alegre (HCPA), a assessoria informou que os volumes são monitorados diariamente, e que há previsão de produtos para uso no mínimo por 15 dias. "É difícil precisar quanto tempo duram os estoque em função da grande variabilidade, mas preconizamos um estoque de segurança de no mínimo 15 dias", afirma a instituição, por meio de nota.
A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre destacou que, assim como todos os hospitais, está atenta à questão e, neste momento, "dispõe de uma condição mínima necessária destes recursos, a fim de garantir o atendimento adequado aos seus pacientes". Já a assessoria do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) relatou que a instituição está com estoque em dia.

Aumento abusivo de preços durante a pandemia preocupa autoridades

A preocupação com o aumento abusivo dos preços dos medicamentos que integram o kit intubação vem determinando uma série de ações de agentes públicos e entidades. Há quinze dias, em reunião com a Federação RS, o governador Eduardo Leite e a titular da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Arita Bergmann, apresentaram estudo sobre os estoques nos hospitais e documento da Secretaria da Fazenda que comprovou o aumento dos preços dos anestésicos.
Na ocasião, repesentantes das casas de saúde também reiteraram a aflição com o aumento dos preços dos insumos e com a demanda e oferta do mercado, temendo o desabastecimento das unidades, que pode afetar o tratamento tanto dos pacientes com Covid-19 como dos portadores de outras doenças ou problemas de saúde.
Quatro dias após esse encontro foi protocolada na Assembleia Legislativa a CPI dos Medicamentos, instalada nesta terça-feira (30), e voltada a averiguar os preços abusivos praticados para a venda de insumos e medicamentos durante a pandemia.
Requerida e presidida pelo deputado Dr. Thiago Duarte (DEM), a CPI terá 120 dias de trabalho, e pretende ouvir representantes dos setores público, privado e da indústria farmacêutica para apurar as razões do aumento desses medicamentos.
No ato de instalação, o presidente da Casa, deputado Gabriel Souza, ressaltou que o aumento dos medicamentos vinculados à pandemia "superaram em até 4.000%". “É um aumento exponencial de medicamentos e insumos e isso assusta, tendo em vista a garantia da vida”, disse.
O proponente da CPI destacou a responsabilidade do grupo, uma vez que “o aumento exorbitante no preço das medicações pode implicar na piora e grande dificuldade de operação dos hospitais, e também para os pacientes”.
Como profissional da saúde, o deputado disse ainda que se trata “de um grande problema, que pode significar cenas lamentáveis como vimos em Manaus e no Norte do País, o que não queremos que ocorra aqui no RS”.