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- Publicada em 24 de Novembro de 2020 às 10:44

Médicos gaúchos criam ferramenta para auxiliar no tratamento do câncer geriátrico

Ferramenta online permite formatação de tratamento mais personalizado para idosos com câncer

Ferramenta online permite formatação de tratamento mais personalizado para idosos com câncer


Oncosenior/Reprodução/JC
Juliano Tatsch
Conforme a SeniorLab, consultoria de mercado direcionada para a terceira idade, em outubro do ano passado, o Rio Grande do Sul teve uma virada demográfica, passando a ter um contingente maior de pessoas com 60 anos ou mais do que de crianças e adolescentes entre zero e 14 anos. Esse cenário demográfico exige dos serviços de saúde um olhar especial para o público idoso, principalmente no que diz respeito às doenças diretamente influenciadas pela idade, como o câncer.
Conforme a SeniorLab, consultoria de mercado direcionada para a terceira idade, em outubro do ano passado, o Rio Grande do Sul teve uma virada demográfica, passando a ter um contingente maior de pessoas com 60 anos ou mais do que de crianças e adolescentes entre zero e 14 anos. Esse cenário demográfico exige dos serviços de saúde um olhar especial para o público idoso, principalmente no que diz respeito às doenças diretamente influenciadas pela idade, como o câncer.
Foi para incentivar uma transformação no modo como os tratamentos das neoplasias em idosos são aplicados que os médicos oncologistas Antônio Fabiano Ferreira Filho e Daniela Lessa da Silva criaram o “Pragmatic geriatric evaluation for better cancer treatment of senior patients (PGE)”, ou “Avaliação geriátrica pragmática para melhor tratamento do câncer de pacientes idosos”.
O sistema dos profissionais da Oncosinos, de Novo Hamburgo, foi apresentado na conferência anual da Sociedade Internacional de Oncologia Geriátrica (SIOG), realizada em outubro, em Zurique, na Suíça, que o selecionou como um dos principais deste ano.
O PGE é um método que visa auxiliar oncologistas a projetar decisões médicas personalizadas para pacientes com câncer acima de 60 anos de idade, assim como definir direções para implementar medidas preventivas essenciais antes ou concomitantemente ao tratamento planejado. O acesso à ferramenta é feito após o cadastro no site Oncosenior.com.
“Se sabe que o maior risco para o câncer é a idade. A partir dos 60 anos há um risco exponencial. E a população idosa é a que mais cresce. Juntam-se essas duas equações e o resultado é uma sobrecarga nos sistemas de saúde, principalmente nos países em desenvolvimento. E as pessoas envelhecem de uma maneira heterogênea. Tem o indivíduo que está correndo uma maratona com 65 anos e tem o indivíduo que, nesta idade, está diabético, com Alzheimer. Os tratamentos, então, precisam ser individualizados para essa heterogeneidade”, afirma Ferreira Filho.
O sistema criado pelos oncologistas funciona da seguinte forma: uma série de testes é aplicada e, quando utilizados em conjunto, apontam fragilidades na chamada reserva fisiológica dos pacientes. “A ferramenta ajuda a entender o quanto a pessoa tem de reserva fisiológica, que seria a quantidade de energia que você precisa para se manter vivo. É como a reserva do tanque de gasolina. Quando se entra nessa reserva, as complicações começam a ocorrer”, aponta o médico.
O objetivo da PGE é avaliar eventuais fragilidades e pontos fortes de cada paciente, auxiliando no planejamento das decisões de tratamento oncológico de forma mais individualizada. “O teste, por exemplo, pode indicar um problema de cognição no paciente que não transparece, mas que, se desconsiderado durante o tratamento do câncer, pode acabar piorando. Assim, com esse resultado em mãos, o oncologista pode modular o tratamento para combater o tumor sem afetar o cognitivo do paciente”, diz Ferreira Filho.
Resumindo, a ferramenta identifica fragilidades em pacientes que não as aparentam e mostra pontos fortes de pacientes que, apesar da idade avançada, possuem a saúde de um jovem. “Esta população de pacientes, frequentemente, possui fragilidades diversas e maior risco de complicações relacionadas ao tratamento oncológico. Inversamente, alguns pacientes idosos não recebem tratamentos na intensidade necessária devido à sua idade cronológica, quando na realidade, do ponto de vista fisiológico, estão mais próximos de pacientes mais jovens”, explica o médico, que é doutor em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
A utilização da PGE é indicada antes do início do tratamento oncológico, seja ele quimioterápico, cirúrgico ou radioterápico. O método é open source e foi disponibilizado online e sem custos para o uso de oncologistas, profissionais de saúde, estudantes universitários e demais interessados. Até o momento, está disponível em português, inglês, francês e, em breve, estará acessível em alemão, italiano, espanhol e russo.
Além dos benefícios nos tratamentos de saúde dos pacientes, o sistema também pode gerar um impacto econômico relevante, conforme seus idealizadores. “A ferramenta possui o potencial de economizar milhões com gastos de saúde em nível mundial, pela possibilidade de diminuição de complicações relacionadas ao câncer e ao seu tratamento”, finaliza Ferreira Filho.
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