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Geral

- Publicada em 14 de Outubro de 2020 às 21:06

'Choro quase todos os dias', diz paciente de 27 anos com sequelas da Covid-19

Respiração comprometida e problemas pulmonar são algumas das complicações mais comuns do coronavírus

Respiração comprometida e problemas pulmonar são algumas das complicações mais comuns do coronavírus


ARIEL TIMY TORRES/AFP/JC
Após atingir o marco de mais de 1 milhão de mortes no mundo em 28 de setembro - agora já são 1,088 milhão -, é possível dizer que a Covid-19 é uma doença com alto grau de gravidade. Dos mais de 38 milhões de infectados mundialmente, pelo menos 26,5 milhões se recuperaram. Mas é impossível estimar quantos dos pacientes recuperados ficaram com alguma sequela da doença.
Após atingir o marco de mais de 1 milhão de mortes no mundo em 28 de setembro - agora já são 1,088 milhão -, é possível dizer que a Covid-19 é uma doença com alto grau de gravidade. Dos mais de 38 milhões de infectados mundialmente, pelo menos 26,5 milhões se recuperaram. Mas é impossível estimar quantos dos pacientes recuperados ficaram com alguma sequela da doença.
Respiração comprometida, dores, fadiga, comprometimento renal e pulmonar são algumas das complicações mais comuns. Ainda que mais frequentes em pacientes pertencentes ao grupo de risco, as complicações também acontecem em pessoas saudáveis e sem comorbidades.
A grande maioria dos pacientes que passam algum tempo na UTI ou na CTI precisam de certos cuidados. "Alguns pacientes precisam fortalecer os músculos e reaprender a andar, a falar, a comer e a se locomover", explica o chefe do serviço de Medicina Interna do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Miguel Dora.
Além disso, a chefe do serviço de Medicina Intensiva do Hospital Moinhos de Vento, Roselaine Pinheiro de Oliveira, atenta para os casos de Polineuropatia do Paciente Crítico (PPC), uma condição que atrapalha a capacidade ventilatória. "Os pacientes que ficam muito tempo em ventilação mecânica podem ficar com PPC, então eles saem da UTI e da CTI enfraquecidos nesses aspectos."
Essas complicações não são, porém, exclusivas de pacientes com Covid-19. O comprometimento dos rins e do pulmão, porém, pode ser. "Ainda é cedo para saber todas as complicações que a Covid-19 pode causar, a doença ainda é nova. Mas temos visto alguns pacientes com inflamações muito grandes nesses órgãos", contextualiza Dora. Segundo ele, não é incomum, também, os casos de pacientes que precisam fazer diálise por conta das sequelas de insuficiência renal.
Para Roselaine, algumas das complicações mais preocupantes são aquelas que envolvem os fenômenos tromboembólicos. "Alguns pacientes podem ter trombose venosa profunda, obstrução das veias da perna, embolia pulmonar - pequenos coágulos que se desprendem desse vaso e vão para o pulmão", explica. Tanto as complicações citadas por Dora quanto as apontadas por Roselaine podem ser permanentes. "Depende da idade e das comorbidades de cada paciente. Muitos recuperam e conseguem reverter. Mas temos que ver à longo prazo o quanto esses pacientes terão sequelas pulmonares e renais", aponta.
Essas complicações não são novidades na medicina. Dora e Roselaine enfatizam, porém, que o fato novo da situação está no aumento no número de casos. "Em um CTI como o do Moinhos de Vento, normalmente, apenas dois ou três dos 17 leitos estavam em ventilação mecânica. Agora, com a Covid-19, já tivemos momentos em que os 17 leitos precisavam da ventilação mecânica", conta Roselaine.
"Em alguns pacientes conseguimos antecipar as sequelas e começar o tratamento. Mas essas complicações são bem mais comuns nos pacientes pertencentes ao grupo de risco", explica.
Ainda assim, pode acontecer com pacientes saudáveis. Foi o que ocorreu com o empreendedor Josué Borges, de 27 anos. Apesar da pouca idade, da rotina regular de exercícios físicos e da ótima condição de saúde, Borges teve Covid-19 no final do mês junho e ficou internado no Hospital Conceição por quatro dias com problemas respiratórios.
"Após alguns exames, descobriram que eu estava com embolia pulmonar. Os médicos falaram que era um problema que eu poderia vir a ter apenas com 50 ou 60 anos de idade, mas a Covid-19 o antecipou", conta. Depois da saída do hospital, Borges segue fazendo o tratamento com anticoagulantes e afirma que ainda não conseguiu voltar à rotina. "Também estou tomando remédio para dor, porque caminho e sinto dores no tórax. Não tenho mais como fazer as atividades que fazia antes porque dói e me falta ar."
Assim como Roselaine e Dora apontaram, essas complicações podem reduzir significativamente a qualidade de vida dos pacientes. É o que o empreendedor tem notado. "Choro quase todos os dias porque ainda não consigo me ver como eu era antes. Esses dias fui recolher a roupa do varal e, ao me curvar, senti muita dor e tive que parar por um tempo. É algo que me incomoda e que eu não sei quando vou poder voltar ao normal."
Borges vai continuar com o anticoagulante por mais um tempo e passará por outros exames para saber sobre o futuro do tratamento. Há chances, porém, de que ele tenha que lidar com essa condição de saúde para o resto da vida. "Mas não dá para saber e prever. Os médicos ainda estão descobrindo como tratar a Covid-19, então é ainda mais difícil saber como tratar as complicações após a doença", acrescenta.
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