A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo, segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados foram um dos motivos para a criação do Setembro Amarelo, campanha que tem como objetivo o combate a
uma das principais causas de mortalidade no Brasil e no mundo. A OMS calcula que, aproximadamente, um milhão de casos de mortes por suicídio são registrados por ano.
Nos últimos meses, o
isolamento social decorrente da pandemia da Covid-19 tem afetado a saúde mental de inúmeras pessoas. Estudos recentes mostram aumento de angustia, ansiedade e depressão, especialmente entre os profissionais da saúde. Transtornos por consumo de álcool, abuso de substâncias, sentimento de perda e depressão são fatores que podem aumentar o risco de suicídios. Pensando nisso, no início deste mês, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) fez um alerta, incentivando o debate aberto e responsável sobre o assunto, a fim de se criar redes de apoio àqueles que necessitam de ajuda.
Conforme a psicóloga Danyele Wilbert, a campanha "setembro amarelo" reforça a importância dos cuidados com a saúde mental, principalmente neste momento atípico em que por questões de saúde e prevenção, precisamos manter o isolamento social. "O que fica mais visível é aumento da ansiedade e da tristeza, que aparecem com mais frequência e de forma mais intensa. A falta do contato, a mudança de rotina e as restrições de atividades podem acabar se tornando uma fonte de preocupação excessiva ou de tristeza", diz. O momento de crise que vivenciamos, pode, inclusive, impactar pacientes que antes da pandemia já sofriam com algum caso de depressão ou ansiedade.
Para Danyele, é importante que as pessoas estejam conectadas umas às outras, atentas aos sinais de alerta e a como reagir para prevenir casos de suicídio, mesmo nesse momento de distanciamento físico. A psicóloga alerta que a maioria dos suicídios é precedida por sinais de alertas verbais ou comportamentais, como falar sobre querer morrer, sentir culpa, vergonha ou se sentir ainda um fardo para os familiares e amigos. "Cada pessoa apresenta sinais de alerta diferentes e em intensidades diferentes. E vale lembrar que todo o contexto da vida da pessoa deve ser considerado. O suicídio é multifatorial, ele não tem uma causa única", explica.
Ainda que o isolamento social represente um momento de bastante tensão, é importante que as pessoas cultivem alguns hábitos para amenizar a ansiedade, a tristeza, a angústia e as frustrações. “A prática de técnicas de respiração pode ajudar muito em um primeiro momento, em uma situação de alta ansiedade”. Outras dicas envolvem a prática de atividades de lazer, como leitura, meditação, prática de exercícios físicos mesmo que em casa, ligação para alguém próximo, cuidados com o sono, entre outras coisas. “É importante encontrar atividades que façam com que a pessoa se sinta bem, relaxada. Qualquer forma de autocuidado, por menor que seja, é importante nesse momento”. Nas redes sociais, Danyele produz conteúdo educativo sobre saúde mental através de sua conta no Instagram (@psico.danyele).
Diante desses sentimentos, ela orienta sobre a importância de se procurar ajuda profissional ou serviços que auxiliem pessoas que estejam passando por algum tipo de sofrimento. “Possibilitar um espaço seguro e com privacidade para que uma pessoa com risco de suicídio fale sobre isso também pode ser importante. Informação e conscientização sobre o assunto são fundamentais no combate ao suicídio”, garante.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece ajuda pelo telefone 188. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) também disponibiliza um mapa com locais de atendimento em Porto Alegre em https://www.ufrgs.br/pegaleve/mapa-pega-leve/.