Um dos eventos mais raízes do Rio Grande do Sul, cujo palco é Porto Alegre, o
Acampamento Farroupilha não vai ter os festejos presenciais em 2020 devido às restrições para aglomerações adotadas no combate à pandemia do novo coronavírus. A informação é da Secretaria Municipal da Cultura. A suspensão ainda terá de ser oficializada. A pasta vai chamar reunião com representantes do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) para definir uma programação virtual alternativa.
O Acampamento Farroupilha ocorreria no Parque Harmonia, próximo ao Centro Histórico, que
está incluído na concessão do trecho 1 da orla do Guaíba, com propostas a serem entregues até 31 de agosto. Mais de um milhão de pessoas passaram pelas instalações na edição de 2019, segundo a 1ª Região Tradicionalista, uma das organizadoras.
A região aguarda a agenda com a prefeitura para alinhar as alternativas do evento. A 1ª Região tem 150 entidades tradicionalistas e 150 piquetes filiados oriundos de 11 cidades da Região Metropolitana. A secretaria diz que quer discutir um plano de ações. Mais de 340 piquetes acampariam normalmente no Harmonia.
O coordenador da 1ª Região do MTG, Edson da Silva fagundes, diz que o segmento detectou, em março, que não haveria condição sanitária para promover o evento. Uma consulta virtual apurou a opinião dos piquetes e "99%", garantiu Fagundes, indicaram que não haveria ambiente seguro para realizar o acampamento. O resultado foi comunicado à Secretaria de Cultura, disse o coordenador.
"Ouvimos técnicos na área da pandemia que falaram que o pico seria em agosto", comentou Fagundes, sobre o embasamento para a posição do movimento.
O MTG também já se organiza para alternativas. A icônica chama crioula, que é acesa para marcar os festejos da revolução farroupilha, comemorada em 20 de setembro, não terá mais a largada da cavalgada estadual, que vem ocorrendo desde 2014 sempre de um ponto histórico do Estado, com destino depois Porto Alegre. Desse ponto, as 30 regiões do Estado levam a centelha para suas bases.
Este ano a largada seria em Canguçu, no Sul gaúcho, e marcaria a 73ª edição da chama crioula. Paixão Cortês,
que morreu em agosto de 2018, foi um dos precursores do movimento e do acendimento da chama, em 1947.
O acampamento começaria em 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. Sem o palco tradicional do Harmonia, o evento deve ganhar, pela proposta do MTG, uma programação virtual, entre 11 e 20 de setembro, adianta Fagundes. A ideia é promover atividades ligadas à gastronomia, música, dança e a outras manifestações do folclore gaúcho com transmissão ao vivo, para envolver o público de forma remota.
"Queremos acender a centelha na pira que é acesa no monumento de Bento Gonçalves para a Semana da Pátria, no Parque da Redenção, e vamos levá-la para a sede da 1ª Região, no bairro Tristeza", descreve o coordenador. A ideia é que haja alguma visitação na sede na rua Landell de Moura, 430, mas com todos os cuidados para não aglomeração, além de aferição de temperatura, diz fagundes.