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- Publicada em 22 de Julho de 2020 às 20:09

Hospitais de Porto Alegre fazem tratamento com plasma convalescente para Covid-19

Fábio Klamt doa plasma convalescente para tratamento da Covid-19

Fábio Klamt doa plasma convalescente para tratamento da Covid-19


Fábio Klamt/Arquivo Pessoal/JC
A coleta e a transfusão de plasma convalescente para uso experimental no tratamento de pacientes com Covid-19 são permitidas pelo Ministério da Saúde e regulamentadas pela Anvisa desde o início de abril. A prática, bastante popular em países com os Estados Unidos desde fevereiro, já está sendo testadas em diversas cidades do Brasil. No Rio Grande do Sul, o primeiro hospital a coletar o plasma e aplicar o método foi o Virvi Ramos, em Caxias do Sul. Na Capital, o Hospital de Clínicas é o único que está fazendo coleta e, há duas semanas, o primeiro paciente recebeu a transfusão. O Hospital Moinhos de Vento, que recebe o plasma de São Paulo, já ajudou aproximadamente 20 pacientes.
A coleta e a transfusão de plasma convalescente para uso experimental no tratamento de pacientes com Covid-19 são permitidas pelo Ministério da Saúde e regulamentadas pela Anvisa desde o início de abril. A prática, bastante popular em países com os Estados Unidos desde fevereiro, já está sendo testadas em diversas cidades do Brasil. No Rio Grande do Sul, o primeiro hospital a coletar o plasma e aplicar o método foi o Virvi Ramos, em Caxias do Sul. Na Capital, o Hospital de Clínicas é o único que está fazendo coleta e, há duas semanas, o primeiro paciente recebeu a transfusão. O Hospital Moinhos de Vento, que recebe o plasma de São Paulo, já ajudou aproximadamente 20 pacientes.
O tratamento consiste em aplicar o plasma convalescente - a parte líquida do sangue - de pessoas que já tiveram Covid-19 e se recuperaram em pacientes que ainda estão lutando contra a doença. O professor de bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e doador de plasma Fábio Klamt está pesquisando sobre o assunto e explica que o plasma tem três funções específicas. “Uma é que os anticorpos que vem junto com o plasma inativam ou neutralizam o vírus, impedindo que o vírus infecte mais células. A outra é que ele tem o efeito de ativar o sistema imune para reconhecer o vírus, fazendo com que o corpo responda melhor. A última função é o efeito anti-inflamatório, que diminui a tempestade de citocina.”
Embora a prática já tenha sido utilizada como opção de tratamento em outras pandemias, no caso do Covid-19 ainda é considerada uma terapia experimental, tendo em vista que a maioria dos estudos iniciados estão em andamento. Os efeitos colaterais, porém, são mínimos. Klamt cita um estudo norte-americano da Journal of Clinical Investigation (JCI), que testou o tratamento com plasma convalescente em cinco mil pacientes. Segundo a pesquisa com 5 mil pacientes, menos de 1% de todas as transfusões tiveram algum problema, simbolizando 36 pessoas. Desses, 15 faleceram, mas o levantamento aponta que apenas quatro óbitos podem ter alguma relação com a transfusão do plasma.
O bioquímico foi o segundo doador de plasma convalescente do Estado e o primeiro a ter seu plasma utilizado em um tratamento. Klamt teve Covid-19 em março e chegou a ficar internado por seis dias no hospital. Alguns dias depois da recuperação, ele descobriu sobre o método e doou plasma no Hospital Virvi Ramos. Ao total, Klamt já realizou quatro doações.
“Fiz a doação de 600 ml de plasma em uma segunda-feira e, no dia seguinte, já administraram em um paciente que estava na UTI há 45 dias. Tarcísio Giongo, um senhor de Garibaldi de 63 anos, estava há mais de 30 dias em coma induzido com ventilação mecânica. Três semanas depois da transfusão, ele saiu do coma e teve melhora respiratória”, conta o professor.
Em Porto Alegre, o Hospital Moinhos de Vento já contabiliza pelo menos 20 pacientes tratados com plasma convalescente. O primeiro paciente a receber a transfusão foi no início de junho. “Esse primeiro paciente, que estava na UTI, já teve alta, assim como alguns outros pacientes tratados. Como é uma terapia sem eficácia comprovada, estamos acompanhando esses pacientes. O que esperamos é que o plasma esteja ajudando esses pacientes a se recuperarem mais rápido”, afirma o chefe do Serviço de Infectologia, Alexandre Zavascki.
O único local que está realizando a coleta do plasma convalescente na Capital é o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), que já soma mais de 10 doações. Como o tratamento está sendo feito em regime de pesquisa, os únicos pacientes que podem receber a transfusão são os que assinaram um termo de consentimento para participar da pesquisa.
Na última quinta-feira (16), o primeiro paciente recebeu a transfusão. “São duas infusões, com 48h de separação entre elas, e, a partir disso, o paciente passa a ser acompanhado todos os dias até a alta”, explica o chefe do serviço de hemoterapia do HCPA, Leo Sekine. Porém, existe uma particularidade para a doação: só homens e mulheres que nunca gestaram podem fazê-la. "As mulheres que já gestaram podem produzir anticorpos contra moléculas do HLA, o que podem representar um risco ao receptor", explica.
O hospital começou a coletar o plasma há 40 dias, mas o primeiro paciente só foi incluído no estudo na semana passada porque era preciso ter um estoque de plasma. “Precisamos de um estoque contingente de plasmas coletados para conseguir dar ritmo ao processo de inclusão de pacientes. Se tivermos pouco plasma estocado, no ínicio que dermos início no processo de inclusão corremos o risco de não conseguir incluir novos pacientes”, complementa Sekine. O estudo continua aberto para receber doadores e pacientes.
Sekine explica que podem doar homens ou mulheres que nunca ficaram grávidas; pessoas entre 18 e 60 anos; pessoas que não tiveram diagnóstico positivo para Covid-19 ou que estejam recuperadas há mais de 14 dias com um novo exame PCR negativo. Para doar plasma convalescente no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, basta enviar um e-mail para [email protected] informando ter interesse em participar como doador e responder o questionário que será enviado pelo HCPA.
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