Os estoques de anestésicos disponíveis em clínicas e hospitais veterinários começarão a reforçar o que falta, ou poder vir a faltar, em
Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) do Rio Grande do Sul para a sedação de pacientes entubados devido a Covid-19. Como o produto utilizado em animais é o mesmo aplicado em seres humanos, prefeituras gaúchas, como Canoas, estão começando a requisitar essa medicação aos veterinários ou planejam a ação.
Na manhã desta segunda-feira (10), o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) assinou termo de cooperação com a Secretaria de Saúde de Canoas para regulamentar a requisição de medicamentos em clínicas e hospitais veterinários da cidade, assim como fazer um levantamento dos estoques locais. O modelo de cooperação, explica a presidente do CRMV, Lisandra Dornelles, já foi apresentado também à Secretaria Estadual da Saúde e poderá ser replicado em todo o Rio Grande do Sul. A proposta também já começou a despertar interesse de gestores público de fora do Estado, conta Lisandra.
Uma das preocupações do conselho, diz a presidente da entidade, é que os municípios começassem a fazer a requisição indiscriminada destes medicamentos para serem usados em UTIs sem um regramento que ofereça segurança para que o atendimento veterinário possa continuar a ser prestado em casos de urgência. Lisandra diz que a ação, positiva neste momento de pandemia, porém, também precisa prever um estoque mínimo para que clínicas e hospitais de animais possam contar o produto em caso de necessidade.
“Quando Canoas começou, por conta própria, a fazer esse levantamento, houve o temor de que deixassem clínicas e hospitais veterinários sem estoque algum. Então, acordamos que o conselho fará o gerenciamento deste processo e ajudar nessa captação”, diz Lisandra.
Com o acordo firmado hoje com a prefeitura da cidade, quem tiver o produto em estoque, por exemplo, pode doá-lo ou cedê-lo mediante reposição posterior. De acordo com Lisandra, diferentes clínicas já manifestaram o interesse na cedência ou doação, a exemplo do já feito pelos hospitais veterinários da Ulbra e da UniRitter.
“Muitos medicamos usados na veterinária, como anestésicos e opióides, são para seres humanos, mas em menor quantidade, tanto pela questão de peso dos animais quanto pelo tempo normalmente reduzido de uma cirurgia em um animal”, ressalta a presidente do CRMV.
Lisandra antecipa que esse estoque está sendo quantificado pela primeira vez no Estado, reunindo o que cada local em disponível, o que precisa manter de volume mínimo e o que pode ceder ou doar mediante reposição. O trabalho está sendo organizado, agora, com representantes da central de leitos do Estado e outros profissionais e, conforme for necessário, o CRMV ajudará no remanejamento dos produtos.
“Por um lado, pode até ser bom para clínicas de menor movimento, por exemplo, onde com a pouca demanda o medicamento pode até vencer. Então, a cedência, com reposição posterior em produto, poderá ser boa para os dois lados, e não deixar uma UTI sem esse insumo básico. Já conseguimos inclusive doação de respiradores”, comemora Lisandra.