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coronavírus

- Publicada em 16 de Junho de 2020 às 21:33

Recuperado da Covid-19, paciente que recebeu transfusão de plasma deixa UTI

Tarciso Giongo deixou UTI de hospital sob aplausos da equipe médica

Tarciso Giongo deixou UTI de hospital sob aplausos da equipe médica


/ANDRÉIA COPINI/PREFEITURA DE CAXIAS DO SUL/DIVULGAÇÃO/CIDADES
Considerado recuperado da Covid-19 pela equipe médica do Hospital Virvi Ramos, de Caxias do Sul, após ser submetido à primeira transfusão de plasma convalescente no Estado, Tarcísio Giongo deixou a unidade de tratamento intensivo (UTI) na segunda-feira à noite e segue internado em leito convencional.
Considerado recuperado da Covid-19 pela equipe médica do Hospital Virvi Ramos, de Caxias do Sul, após ser submetido à primeira transfusão de plasma convalescente no Estado, Tarcísio Giongo deixou a unidade de tratamento intensivo (UTI) na segunda-feira à noite e segue internado em leito convencional.
O garibaldense, de 63 anos, ficou 45 dias na UTI. Estava internado desde 27 de abril e passou por cerca de 20 dias com quadro estável, mas precisava da ajuda de respirador. A transfusão de plasma ocorreu em 26 de maio.
A saída de Giongo da UTI foi marcada por muita emoção, com direito a aplausos dos profissionais da saúde e recepção calorosa da família e do doador do plasma, o pesquisador Fabio Klamt.
"Estou acompanhando desde o dia da transfusão a evolução e já no terceiro dia houve melhoras na capacidade respiratória dele, o que já havia me deixado muito animado. Mas quando me disseram que ele acordou e reconheceu o filho, chorei de emoção", conta Klamt. O morador de Porto Alegre é pesquisador da área de biomedicina, contraiu o coronavírus e tornou-se o primeiro doador compatível para a transfusão no Rio Grande do Sul.
O princípio da técnica é a imunização passiva, ou seja, transferir os anticorpos produzidos por quem já foi infectado pelo vírus e que estão presentes na parte líquida do sangue, para que gerem imunidade a pacientes doentes. Klamt afirma que o procedimento de doação é similar à de sangue, mas com a vantagem de "devolver" para o corpo as células sanguíneas e as plaquetas.
"É superseguro e o único desconforto é no momento de se colocar o acesso venoso. Eu até já voltei ao Hemocs, na última semana, para mais uma doação", comenta.
Anderson Giongo, filho do paciente que recebeu a transfusão, também incentiva as pessoas que já passaram pela Covid-19 a doarem o plasma.
"Os estudos ainda são preliminares, mas mostram a importância da doação. Um simples gesto de poucos minutos pode salvar a vida de uma pessoa. Mais que os números que vemos divulgados diariamente, são histórias de pessoas que amamos", lembra ele. O próprio Anderson fez a doação de plasma na tarde de ontem.
De acordo com a médica intensivista responsável pela pesquisa do estudo e tratamento de plasma convalescente, Eveline Maciel Correa Gremelmaier, a partir do terceiro dia do início das transfusões, o paciente, até então em estado grave, começou a apresentar sinais visíveis de melhora, o que gera esperanças no combate ao vírus a outras pessoas.
A médica explica que estudos em nível mundial apontam para a transfusão de plasma como terapia de menos riscos, e que o ideal é que se recorra a ela já no início da internação em UTI.
Apesar do otimismo com a alta de Giongo, a médica ressalta que não é possível afirmar que o plasma seja totalmente responsável pela melhora. Um número maior de experimentos é que deve garantir essa certeza.

Mais quatro procedimentos foram realizados em Caxias

O êxito do tratamento é agora esperado que se repita em mais quatro pacientes que passaram pelo procedimento nos últimos dias. O mais recente é de uma paciente de 83 anos, moradora de Caxias do Sul, com histórico de hipertensão, e que está internada no Hospital Virvi Ramos desde 10 de junho, um dia após apresentar sintomas da Covid-19. No dia 12, o diagnóstico confirmou o contágio e, no sábado, precisou de internação em UTI.
Com consentimento da família, a equipe médica solicitou o plasma ao Hemocentro e realizou a transfusão na segunda-feira. A paciente recebeu duas bolsas de plasma, num total de 392 ml. O plasma foi coletado pelo Hemocentro Regional de Caxias do Sul, no dia 12 de junho. O doador é um homem de 49 anos, morador de Caxias, há 70 dias recuperado da doença.
A segunda transfusão ocorreu em 11 de junho, em uma mulher de 33 anos, de Caxias do Sul. Ela apresenta melhora pulmonar e os médicos já começaram a diminuir a sedação. O terceiro a receber a transfusão, um homem de 64 anos, que reside em Caxias, precisou de uma segunda bolsa de plasma e segue em estado grave. O quarto, um homem de 40 anos que recebeu a transfusão na segunda à tarde, já não precisa do uso de ventilação mecânica para respirar.
Desde o início da campanha de doação de plasma, o Hemocs recebeu 36 candidatos, 30 homens e seis mulheres. Até o momento, foram feitas oito doações por cinco doadores distintos. A seleção dos doadores de plasma passa por avaliação rigorosa.