Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Geral

- Publicada em 04 de Maio de 2020 às 21:17

Porto Alegre tem 60,3 mil vulneráveis com difícil acesso à UTIs

Dificuldade de acesso a atendimento deve aumentar estatísticas de letalidade do coronavírus

Dificuldade de acesso a atendimento deve aumentar estatísticas de letalidade do coronavírus


ANDREAS SOLARO/AFP/JC
A disponibilidade de leitos em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) é um ponto chave no combate aos efeitos graves da pandemia do novo coronavírus. Além da existência desses leitos, porém, é importante que esses atendimentos sejam de fácil acesso. Conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Porto Alegre tem, ao menos, 60,3 mil pessoas vulneráveis com dificuldade de acesso a tratamento intensivo em caso de infecção grave pela doença.
A disponibilidade de leitos em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) é um ponto chave no combate aos efeitos graves da pandemia do novo coronavírus. Além da existência desses leitos, porém, é importante que esses atendimentos sejam de fácil acesso. Conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Porto Alegre tem, ao menos, 60,3 mil pessoas vulneráveis com dificuldade de acesso a tratamento intensivo em caso de infecção grave pela doença.
O levantamento considerou apenas a população de baixa renda e que tem mais de 50 anos, morando a uma distância maior do que cinco quilômetros percorridos de carro até unidades de saúde capazes de fazer a internação de pacientes em leitos de UTI com respirador mecânico. O estudo do Ipea abrange apenas hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas 20 maiores cidades do País. No Brasil, o número de pessoas nessa situação chega a 1,6 milhão.
A dificuldade de acesso a diagnóstico e atendimento médico adequado tem potencial para aumentar as estatísticas de letalidade da doença, afirma Rafael Pereira, técnico de planejamento e pesquisa na Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea. "Isso pode ter um efeito sim sobre o aumento da letalidade. A baixa disponibilidade de leitos aumenta muito as chances de estrangulamento de tratamento de saúde. Com o estrangulamento, pode aumentar a mortalidade, seja por Covid, seja por outras enfermidades", ressalta.
O Ipea aponta em 159,6 mil pessoas a população acima dos 50 anos de idade entre a metade mais pobre dos habitantes da Capital. Além do levantamento sobre acesso à UTIs, o trabalho também calcula em 8,6 mil porto-alegrenses entre os mais vulneráveis que não conseguem acessar nenhum estabelecimento de saúde em menos de trinta minutos de caminhada.
Nas cidades investigadas, 41% da população de baixa renda na faixa etária acima de 50 anos têm dificuldade de acesso à internação pelo SUS. O Rio de Janeiro tem o maior contingente de vulneráveis, 384,5 mil pessoas, 55,5% da população nessa faixa etária e condições precárias de renda. Em São Paulo, 263,1 mil moradores enfrentam a mesma dificuldade.
Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, tem a situação mais grave em relação ao tamanho da população local: 82,4% dos habitantes acima de 50 anos e de baixa renda têm dificuldade de acesso à internação em UTI pelo SUS, o equivalente a 67 mil moradores.
Nas 20 maiores cidades brasileiras, cerca de 228 mil pessoas de baixa renda e acima de 50 anos moram a mais de 30 minutos caminhando até uma unidade de saúde que poderia fazer triagem e dar encaminhamento para pessoas com casos suspeitos do novo coronavírus.
"Obviamente que se você tem uma parcela grande da população que tem dificuldade de acesso a serviços de saúde, você aumenta a chance de subnotificação e de ser encaminhado para receber o tratamento adequado", conclui.
O Ipea toca em um outro ponto que afeta diretamente o entendimento do real cenário da pandemia nas cidades: o transporte público.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO